O Direito de Nascer, novela engavetada pelo SBT, terminava há 16 anos

Publicado em 02/10/2017

No dia 02 de outubro de 2001, o SBT exibia o último capítulo de O Direito de Nascer, trama que passou quatro longos anos na gaveta da emissora até finalmente ser exibida. Trata-se da terceira versão televisiva brasileira da trama cubana, cujas adaptações anteriores foram feitas pela TV Tupi em 1964 e 1978.

O Direito de Nascer se passava no início do século 20, em Havana, Cuba. Em meio a uma sociedade conservadora e moralista, a jovem Maria Helena (Guilhermina Guinle), filha do poderoso e autoritário Dom Rafael (Luiz Guilherme), engravida do noivo Alfredo (Fernando Eiras). O noivo acaba não assumindo o filho, fazendo com que Maria Helena passasse a ser mal vista por toda a sociedade, já que seria uma mãe solteira. Dom Rafael não se conforma com a situação e passa a odiar a criança. Temendo pela vida do bebê, Dolores (Dhu Moraes), a criada da família, foge com a criança e dá a ele o nome de Alberto. Maria Helena, então, decide ir para um convento, passando a se chamar Irmã Helena da Caridade.

Anos depois, Alberto (Jorge Pontual) se torna um médico e tem relações próximas com a família de Maria Helena, pois Jorge Luís (João Vitti), um antigo pretendente dela, o conhece garoto e acaba bancando seus estudos e acompanhando o seu crescimento. Convivendo com a família, Albertinho acaba se apaixonando por Isabel Cristina (Ana Cecília Costa), sua prima. Até que Dom Rafael sofre um acidente grave e precisa de uma transfusão de sangue. Albertinho ouve a notícia no rádio, se oferece como doador, sem saber que ele é seu avô. O “neto bastardo”, então, salva o avô da morte e acaba se casando com sua neta, Isabel Cristina.

O Direito de Nascer foi produzida no ano de 1997, pela JPO, produtora do diretor José Paulo Vallone, para o SBT. Três anos antes, o próprio Silvio Santos havia comprado os direitos do texto cubano, e a trama passou a ser adaptada por Aziz Bajur e Jayme Camargo, com colaboração de Alcione Carvalho, supervisão de texto de Crayton Sarzy e dirigida por Roberto Talma e José Paulo Vallone. Na época, a emissora vinha numa linha contínua de produção de novelas e exibia Os Ossos do Barão, além de produzir, em seus próprios estúdios, a novela Pérola Negra. Assim, quando Os Ossos do Barão caminhava para o fim, a emissora optaria por substituí-la por Pérola Negra ou O Direito de Nascer.

Curiosamente, nada disso aconteceu. Silvio Santos acabou optando por substituir Os Ossos do Barão pela reprise de Maria Mercedes, exibida pouco tempo antes. Na sequência, veio a reprise de Maria do Bairro. E, em seguida, a faixa de novelas das 21 horas da emissora foi extinta, abrindo espaço para o telebarraco Márcia. E, como se trata do SBT, pouco tempo depois a emissora voltaria com seu horário de novelas, mas optou por produzir uma nova trama, Fascinação, de Walcyr Carrasco, ao invés de aproveitar uma das duas tramas engavetadas. A ideia do canal era, ainda, seguir produzindo novelas, e Walcyr Carrasco já trabalhava no roteiro de Segredo, que seria a substituta de Fascinação. Porém, mais uma vez, Silvio Santos desistiu de produzir Segredo, e tratou de exibir os primeiros capítulos de Pérola Negra e O Direito de Nascer para seu auditório, de modo que as “colegas de trabalho” deveriam eleger qual delas gostaria de ver. Pérola Negra ganhou a disputa e se tornou a substituta de Fascinação.

Quando Pérola Negra chegou ao fim, o SBT chegou a cogitar substituí-la por O Direito de Nascer. Entretanto, a Record exibia novelas no mesmo horário, e vinha conseguindo boa audiência com Louca Paixão (que também era uma produção da JPO, diga-se). E a direção do SBT avaliou que O Direito de Nascer era muito pesada, e que corria o risco de perder público para a concorrente. A solução, então, foi substituir Pérola Negra por A Usurpadora, retomando a exibição de novelas mexicanas no horário nobre. Enquanto isso, O Direito de Nascer seguia esquecida na gaveta.

A coisa mudou em 2001, quando a emissora cancelou a exibição diária do infantil Disney Club, transformando-o no semanal Disney Cruj. Para tapar o buraco na faixa das 18 horas, tratou de tirar de seus arquivos Éramos Seis, novela mais bem-sucedida da história do canal e que nunca havia sido reprisada. O repeteco registrou bons números para o canal, e, quando chegou ao fim, a emissora decidiu continuar exibindo novelas às 18 horas, e finalmente desengavetou O Direito de Nascer. A trama estreou no dia 21 de maio de 2001, e foi exibida em 116 capítulos. O horário de novelas das 18 horas seguiu, com tramas mexicanas, e Abraça-me Muito Forte substituiu O Direito de Nascer.

O Direito de Nascer (El Derecho de Nacer, em espanhol) é uma das obras mais bem-sucedidas da América Latina. Escrita pelo escritor cubano Félix B. Caignet, foi transmitida pela primeira vez em 1948, pela CMQ Radio, de Cuba. Posteriormente, foi adaptada para cinema, televisão e história em quadrinhos ao redor do continente americano. Chegou ao Brasil pela rádio Tupi, até ser adaptada pela TV Tupi, tornando-se um dos maiores êxitos da emissora, chegando a ter seu último capítulo exibido ao vivo, causando verdadeira comoção popular. Já a Televisa, do México, produziu três versões: a primeira de 1966, a segunda entre 1981 e 1982 e a terceira de 2001. A novela mexicana da década de 1980 chegou a ser apresentada pelo SBT, entre 19 de setembro de 1983 a 3 de março de 1984.

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Veja o último capítulo de O Direito de Nascer:

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