Vilão em As Aventuras de Poliana, Otávio Martins revela: “Roger vai tocar o terror”

Publicado em 21/06/2019

Grande vilão de As Aventuras de Poliana, Otávio Martins tem em Roger o seu primeiro papel numa trama infanto-juvenil. Na história de Iris Abravanel, Roger arquiteta muitos planos em busca de poder, mas sempre se dá mal. Mas pelo visto isso é coisa do passado. Ao Observatório da Televisão, Martins revela que Roger vai tocar o terror na novela.

Pai de dois filhos, Guilherme (Lawran Couto) e Filipa (Bela Fernandes), Roger é prepotente, arrogante e egoísta, mas sabe bajular quem lhe convém. Casado com Verônica, (Mylla Christie) o empresário mima muito a caçula, porém vive brigando com o garoto. Otávio garante que tudo isso na verdade é amor. E ressalta que as diferenças na família servem de alerta para o público refletir sobre a diversidade de opiniões.

Carreira

Com uma carreira longa na TV, o artista fez dezenas de participações na Globo e GNT. Em junho estreia a série Toda Forma de Amor do Canal Brasil, a peça Quando Tudo Estiver Pronto no Teatro Folha em São Paulo. Em agosto está de volta Caros Ouvintes, espetáculo escrito por Otávio sobre uma das maiores paixões dos brasileiros: os folhetins que se popularizaram no rádio e migraram para a TV. Já em outubro ele estrela o monólogo O Solo do Pianista Morto, entre outros projetos. Confira:

Roger não mantém uma boa relação com o filho, mas com a filha sim. A falta de diálogo é algo muito comum entre as famílias. Quais lições o público pode tirar dessa relação?

O Roger é o caso clássico do pai que exige muito do filho, enquanto mima a filha. Embora o caráter seja diferente, ele e o filho têm o mesmo temperamento impetuoso e intempestivo. Roger cobra de Guilherme uma postura igual à sua na vida, e agrada a filha justamente por reconhecer na garota seus traços de personalidade e comportamento. Por ser totalmente ligado a dinheiro, Roger aparentemente só se importa com os aspectos materiais, mas achar que ele não ama o filho é um erro. Ao contrário, Roger ama tanto que faz de tudo pra que o filho se pareça com ele. Se tem uma lição que a público possa tirar dessa relação é o fato de que temos que aceitar a diversidade de opiniões, porque nada pode (ou deveria, a princípio) ser maior que o sentimento.

Humor e vilania

É sua primeira trama infantil. Roger é arrogante, maldoso, mas se dá mal em muitas situações. Como é essa dose de vilania e humor?

Eu costumo comparar o Roger ao Coiote do Papa-Léguas. Ele sempre planeja algo terrível, mas sempre cai na própria armadilha. Claro que isso vai mudar: como grande vilão da trama, seus planos começarão a dar certo, e ele vai tocar o terror na novela. A questão é que estamos falando de uma novela infantil, e a vilania não deve ser muito pesada. Aí é que está: pra ser vilão, não precisa matar, sequestrar, jogar ninguém pela escada. Vilão é mau caráter, e a crítica a ele tem que ser feita a partir de valores éticos. A equipe de criação me deu muito espaço para criar o humor do personagem.

Mas ele é bastante vaidoso também, não é?

Vaidoso, sua grande falha é justamente o ego exacerbado, a vontade de aparecer, se parecer ser melhor do que é. Desta forma, além do lúdico, a gente consegue acessar todo o público com o uma crítica que todo mundo entende, independente da idade ou da classe social.

Como é a recepção do público?

O público se diverte horrores com o Roger, a ponto dele ter sido apelidado de ‘Malvado Favorito’. Ao mesmo tempo em que os espectadores rejeitam seu oportunismo, ambição e falta de caráter, se divertem com suas trapalhadas.

Rogers da vida real

Por trás desse jeito prepotente há lições que podem servir de reflexões?

A grande lição que um personagem como o Roger pode trazer é que o mundo está cercado de Rogers, que buscam o poder sem se importar com o próximo, sem respeitar a diversidade, sem amor. Existem Rogers nas casas, nos empregos, nos ônibus. São Rogers maridos, chefes, namorados, patrões, políticos, religiosos, médicos, advogados. Mas em maior proporção existem os anti-Rogers, que batalham por um mundo melhor, mais igualitário e mais justo. E eu me junto a eles.

A busca pelo poder também é algo comum em qualquer sociedade. Mas há limites. Como é isso para o Roger?

Para Roger, o maior sentido da vida é o poder, ele age guiado por dinheiro e ambição. O que o público vai descobrir, ao longo da trama, é que esta sede de poder o levará a passar por cima de qualquer limite ético.

Depois de inúmeros trabalhos com uma dramaturgia mais adulta, você está numa novela infantil. Quais as diferenças, os cuidados que procura ter?

Artisticamente, não existe menos trabalho. Ao contrário, exige que o ator pense na melhor maneira de sua criação atingir um maior número de pessoas, com as mais diferentes referências. O público infantil reage de forma muito mais direta ao trabalho. Mas é um erro pensar que o público de Poliana é somente infanto-juvenil: o número de adultos que assiste à novela é gigante, e cada vez maior.

Mudança de hábito

Pelas suas redes sociais, vimos que passou a fazer exercícios, parou de fumar. Quais foram os ganhos em relação a essas mudanças de hábito?

Eu parei de fumar depois de 30 anos. Fumei dos 15 aos 45! A decisão foi fácil, colocar na prática é que exige uma prática diária de conscientização. Por isso eu faço questão de postar: se isso puder incentivar alguém a abandonar esse vício, eu fico muito feliz.

As Aventuras de Poliana dialoga muito com a realidade do Brasil?

De seu jeito, a novela retrata um pouco de tudo que acontece com a realidade brasileira. Eu já ouvi críticas que de As Aventuras de Poliana aborda de forma muito tranquila estas críticas, mas eu sou enfático em lembrar: esta é uma novela infanto-juvenil. Existe uma classificação etária, uma preocupação com outros aspectos dramatúrgicos.

Além da TV, você se dedica muito ao teatro e as séries. Quais as novidades?

Em junho estreia Toda Forma de Amor, série dirigida pelo Bruno Barreto, no Canal Brasil, onde faço um personagem totalmente diferente do Roger. Dia 20 de junho estreio Quando Tudo Estiver Pronto, de Donald Margulies, no teatro Folha – uma peça linda, sobre o sentido da vida. Em agosto, minha peça Caros Ouvintes terá uma remontagem com Dalton Vigh, Fernando Pavão, Natalia Rodrigues e um grande elenco, no teatro Renaissance, em São Paulo. Em outubro, estreio o monólogo O Solo do Pianista Morto, com direção de Eric Lenate. Enquanto isso, espero o lançamento do filme O Troco, cujo roteiro é meu ao lado de Juliana Araripe, e me preparo pro começo das filmagens de Quem casa quer casa, em que escrevi o roteiro novamente ao lado da Juliana e estou no elenco, com direção de Joana Mariani.

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