Vanessa Gerbelli especula sobre o filho perdido de Amália em Novo Mundo

Publicado em 30/07/2017

Vanessa Gerbelli está feliz da vida com o destino de sua personagem Amália, na novela Novo Mundo. A atriz, em entrevista ao Observatório da Televisão, falou sobre a sensação de interpretar mais uma vez uma mulher com problemas psicológicos e a importância de suas personagens escritas por Manoel Carlos. Confira:

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A respeito de Amália, ela foi apresentada como uma personagem sofrida dentro daquele convento, e o mundo dela se abriu quando conheceu o Peter. Como está sendo fazer a Amália e passar por esses dois momentos distintos?

Ela estava sozinha, esquecida, sendo tratada como alguém que tem uma deficiência, e era muito solitária. Acho bonito o percurso, e a própria autora faz essa melhora ser evidente para o público. Ela está indo por um caminho de alguém que tinha um problema mais emocional que psíquico.

Ela reconheceu recentemente o Major…

E agora ela vai reconhecer uma joia que aparece no pescoço da Domitila, e isso vai ser outra pista. Quando ela entra em contato com o passado, que ela se recorda, ela desmaia por ser algo muito forte para ela.

Por mais que você não possa revelar, você já sabe quem é a criança que foi roubada dela?

Acho que sei (risos). Não tenho escrito, até porque tudo pode mudar. Já aconteceu de eu saber de coisas sobre minha personagem na sinopse e depois mudar. Nesse caso, nem estava escrito na sinopse (risos). Como vou dizer isso? Tenho acesso a fontes (risos).

O que as pessoas falam para você nas ruas?

Me perguntam quem é o bebê, e eu digo “Não posso dizer”. Quando a história se prende ao fator maternal é muito forte mesmo. Comentaram comigo que no grupo de discussão da novela, falaram sobre isso, porque quando é um drama relacionado à maternidade, ele acaba se tornando mais impactante para o público.

Você já sabe quando vai haver o encontro entre essa mãe e seu filho?

Isso não sei.

Como foi para você receber essa personagem?

Eles contam comigo para fazer essas mulheres angustiadas. Deve ter uma resposta superior (risos). Acho que tem a ver com meu temperamento de atriz. Eu não tenho muito pudor em sofrer, e acessar esses lugares não me dá medo. Conheço alguns atores que tiveram traumas pessoais muito grandes e certas coisas são difíceis de se acessar e por isso eles até evitam. Eu não tenho isso, é um exercício fazer personagens que acessam esses lugares tristes, escuros, e nos dá até certa habilidade para transitar de uma maneira saudável. Fiz uma personagem bipolar no teatro que foi muito importante, em Prova de Amor, eu fiz uma esquizofrênica, então creio que nada é gratuito, talvez já tenham me visto no teatro e por isso me chamam para esses papéis, porque sabem que consigo acessar estes lugares, tenho esse tipo.

E fazer a Amália foi exatamente como você imaginava?

No caso da Amália, achei que fossemos emburacar mais na questão da psiquiatria e acho inteligente que não tenha sido assim, justamente pelo horário, então a cura dela vem pelo amor, através de alguém que a compreende. Quando os capítulos foram chegando eu percebi qual o caminho iríamos tomar, e fomos pelo lado romântico e lúdico.

Ela vai realmente ficar junto desse amor?

Acho que vai. Eles vão assumir para a vida.

Vi uma entrevista com o Matthew McConaughey, que é casado com uma brasileira, e ele disse que a cena mais impactante que ele já assistiu numa novela brasileira foi a sua, onde a Fernanda, sua personagem, leva um tiro em Mulheres Apaixonadas.

Mentira! Preciso falar com ele agora (risos). Whats Up Matthew?! (risos). Que maravilha isso, ganhei meu dia! É muito interessante isso. O Manoel Carlos é genial, ele tem uma coisa muito emocional, e sensível, ele não é só cerebral. Quando ele manda uma cena, ele não manda exatamente o que tem que ser feito, a cena vem cheia de possibilidades, e ele lida com a subjetividade do ator. O resultado na tela fica muito potente. Acontece uma fusão entre ator e personagem, e também do ator com ele. Ele parece que lê coisas a nosso respeito, porque tinham falas das minhas personagens que tinham muito a ver comigo, impressionante. Ele é muito especial, tenho muita afeição e gratidão por ele, porque as personagens que ele escreveu para mim foram sensacionais.

Você já tem projetos para depois da novela?

Vou fazer um longa do Vicente Amorim, que vai virar uma série para o Multishow, mas ainda não tem título definido, e isso me tomará alguns meses após o fim da novela.

Falamos sobre a cena de Mulheres Apaixonadas, que era uma cena sobre violência. Como você lida com a violência no Rio?

Eu lido muito mal, porque não saio de casa. Eu moro no Alto da Boa Vista, e só consigo sair de casa em alguns horários, que me sinto mais segura para sair. Evito dirigir à noite e andar na rua, se precisar sair, prefiro pegar um Uber. É o pior momento possível para se morar aqui.

Pensa em sair do Brasil?

Ah, essa é um pergunta difícil. Teoricamente sim, mas nunca estive em um lugar em que eu dissesse “Eu quero morar aqui”, e este é o ponto. Acho que fugir não é a solução.

Esse cuidado que você tem em sair de casa se reflete na criação de seus filhos?

Agora tenho muito mais cuidado. Morei muito tempo no Itanhangá, que é perto do Morro do Banco, e uma vez eu estava com meu filho pequeno fazendo lição de casa na sala, e escutando tiros na rua, de um policial perseguindo um bandido. Um bairro residencial, super calmo, que até aquele momento nunca tinha acontecido nada, então peguei meu filho e falei “Filho, vamos lá pra dentro”, e saí com ele abaixada pela casa por não saber de onde vinham os tiros, mas pareciam que eram na minha porta.

É um orgulho para você ter trabalhado com a Bruna Marquezine pequenininha e agora vê-la assim enorme?

Ela é linda não é? Uma deusa. A gente não se encontra muito, mas quando nos encontramos temos muito carinho uma pela outra. E tem uma coisa muito doida, a gente se parece fisicamente, e ela é leonina também, faz aniversário 2 dias antes de mim. Outro dia, achei uma foto que ela me deu, ela pequenininha com um vestidinho de baile, se parece muito comigo pequena. Infelizmente a vida separa a gente.

Você chegou onde você sempre sonhou?

Olha, acho que não, porque a gente está sempre com algo a realizar. Se eu chegar onde eu gostaria, acabou. A cada dia que passa, eu sou uma pessoa diferente, e gosto de assimilar isso, porque faz parte de uma evolução que creio ser espiritual, ver as necessidades mudando.

O que você espera para a Amália?

Que ela encontre o filho, ou filha. Acho que vai ser muito emocionante e é o que todo mundo espera. Quando o ator coloca um problema que bate nessa tecla, o final é uma redenção.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

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