Tatá Werneck fala sobre tirar a roupa em cena: “Não sei se estou preparada”

Publicado em 21/12/2017

Prestes a estrear, a novela Deus Salve o Rei está chamando atenção do público, e dos internautas. Na nova trama das 19h, que substituirá a atual Pega Pega, Tatá Werneck será Lucrécia, uma princesa com toques de ninfomania e descontrole emocional. Divertida, e sempre bem humorada, ela conversou com nossa reportagem durante o evento de lançamento da nova produção da Globo, deu detalhes sobre a personagem, seu processo de preparação, e disse que adoraria interpretar uma papel dramático numa série das 23h, mas quando o assunto foi a nudez em cena, ela revelou não estar preparada. Confira o bate papo completo:

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A gente viu no clipe de divulgação, que em ‘Deus Salve o Rei’, sua personagem também terá uma veia cômica. Como vai ser isso?

Eu só entro mais tarde na novela, por isso não tenho tantas cenas gravadas, sei que isso não tem a ver com sua pergunta, só quis que você soubesse (risos). Na verdade, a novela é medieval, tem aventura, tem drama, mas também tem comédia e momentos muito engraçados. O Rodolfo é muito engraçado, e os escudeiros também, então, é uma trama que passeia por vários lugares. As situações são engraçadas, não necessariamente as personagens. Minha personagem, a Lucrécia, carrega uma dor muito grande por ser bipolar, assim como a mãe dela que morreu. Ela se casa com um rei, mas não consegue se manter fiel, e ela se martiriza por isso, ajoelha no milho, então é um drama medieval, mas também muito atual, não é? Vai me dizer que você quando trai não fica com aquela culpa (risos).

A personagem tem essa brincadeira com a aparência, de ser a mais feia do reino. Como isso bate em você como mulher? 

Acho que todos os seres humanos em algum momento já se acharam feios e bonitos. Às vezes a gente se olha no espelho e pensa: ‘Estou me sentindo linda’, e às vezes a gente pensa: ‘Meu Deus, o que aconteceu?’. Em cena, não tenho nenhum tipo de vaidade, então, qualquer trabalho que possam propor para mim, não ligo. O dia que eu priorizar a minha vaidade como pessoa acima da personagem, pretendo não continuar na carreira, porque não tem nada mais importante que as personagens em nosso trabalho, então, para mim não cabe essa coisa de ‘ai, não quero’. Ela é uma princesa que mandou fazer um retrato e o modificou, coisa que hoje em dia a gente faz muito. Ela manda a foto para o pretendente que a acha linda, e quando ele a vê pessoalmente, ele diz: ‘Senhor, o que houve?’. A equipe da novela chegou para mim e disse: ‘Tatá, vamos te enfeiar, vamos colocar prótese’. Mas quando colocaram o figurino e o cabelo falaram: ‘Não precisa mais, chegamos ao nível de feiura que a gente queria’. Achei maneiro! Eles propuseram uma prótese como fizeram na Vivianne Pasmanter em ‘Novo Mundo’, mas é assim, onde tem uma Marina Ruy Barbosa, e uma Bruna Marquezine, quando corta para mim, é aquele choque.”

Você é a favor de retoques nas suas fotos?

“Cara, juro para você, eu não faço nenhum retoque, exceto em revista. Em revista até peço por favor. No Instagram, nunca fiz, dou minha palavra de honra, porque não sei fazer isso. Uma vez mandei uma foto minha para a Bruna (Marquezine) e falei: ‘Bruna, me bronzeia’. Ela me bronzeou. Estamos num momento tão bonito de mostrar nossos defeitos, celulites. A gente vê a Fernanda Montenegro, e a Laura Cardoso na novela, mantendo todas as marcas da idade, eu acho lindo. Nas revistas, quando peço para o pessoal mexer em alguma coisa, eu gosto que falem que naquela imagem teve Photoshop, porque não temos que incentivar uma coisa que não é realidade para ninguém.”

Você é bem resolvida com seu corpo?

“Sou, mas acho que você não está me achando bonita, né?. Eu acho que autoestima não tem a ver com isso, e sim como você se sente. E me sinto tão feliz. Eu faço o que eu amo, pode escrever aí: ‘chorando muito, ela diz’. Mas é sério, eu estava pensando outro dia sobre isso. Na escola, eu era uma menina diferente das outras, com um comportamento esquisito e fui conquistando tudo o que eu queria com o meu trabalho. Fiz campanha de cabelo, de carro, e sem mudar nada na minha personalidade, só com as coisas que acredito.”

Todo mundo fala que para o ator fazer bem seu trabalho, coloca um pouco de si em cada personagem. Como você faz isso em seu trabalho?

“Coloco um pouco de loucura (risos). Tem nichos da loucura. Quando estou apresentando, eu sou louca, mas ao mesmo tempo sou mega responsável, mega careta, talvez a mais careta das minhas amigas. Sou muito religiosa, vou muito à Igreja em Laranjeiras (bairro da cidade do Rio de Janeiro). No ‘Lady Night’,  eu assumo uma persona para apresentar, a Lucrécia tem uma loucura na dor, ela sofre, muda de ideia, coisa que não tenho. A minha loucura pessoal é de alegria, sou espontânea.”

Coisa que também está representada no filme que você fez, o ‘TOC’, né?

Trata muito da solidão, de estar dando entrevistas e se sentir sozinha. Tem uma cena do filme que foi como me senti. Meu avô morreu e eu fui gravar ‘Tudo Pela Audiência’, então, tem momentos que a gente segura, mas por dentro nos sentimos muito mal. Quando eu estava em ‘Haja Coração’, minha mãe estava com a sexta infecção generalizada, e eu vindo gravar. Muitas vezes a gente consegue fazer rir, mesmo não estando num bom momento.

Você falou sobre a questão da traição de sua personagem. Geralmente quando entrevistamos artistas, eles dizem que traíram todos os namorados, menos os atuais…

Eu nunca traí. Mentira, já traí uma única vez na vida. Eu namorei por 3 anos um rapaz, terminamos, nesse meio tempo, fiquei com outro, que foi viajar, e eu ainda gostava daquele. Daí voltamos e namorei com ele por mais 6 anos, então, ao todo foram 9 anos. Eu não sou de trair, sou mega fiel, mega leal e nem só por respeito à pessoa com quem estou, mas é uma coisa minha mesmo.

Vimos que sua personagem é um pouco ninfomaníaca, não é?

Ela tem uma libido exacerbada, o que causa muita dor nela. Ela é rainha, se casa com um rei, mas se sente atraída por outros homens, e se pune por isso.

E isso tem muito a ver com o que se espera da mulher, não é?

É o que fazem com a mulher hoje em dia. O homem que trai, o povo fala: ‘ah gente, é homem’, a mulher que trai, falam que ela é safada, e a julgam. Te educam a entender que homens que traem podem ser caras legais, mas a mulher não. Estamos num momento que a mulher pode trair se quiser. Eu particularmente acho que nem homens nem mulheres devam trair, mas se fizerem, nenhum dos dois devem ser julgados, que não é meu caso, jamais traí o Rafa, se é o que vocês estão pensando (risos).

É uma trama medieval. Você se inspirou em algum filme ou livro?

Eu comecei a ver ‘Orphan Black’, porque a Lucrécia é quatro pessoas em uma devido às suas emoções, e aquela atriz, a Tatiana Maslany, é foda, já mandei mensagem para ela, e ela nunca me respondeu. Precisamos fazer uma campanha para ela responder minhas mensagens. Mas fico impressionada que somente com o olhar, ela consegue ser outra pessoa, porque ali são 6 dela, e ela contracenando com ela mesma. ‘Vikings’ é uma referência para a gente também.

Você disse que é que muito religiosa. Morar com o seu namorado te traz alguma culpa nesse sentido, por não estar casada?

Sou religiosa, mas não tenho a culpa da religião, e o Rafa entende isso porque às vezes eu rezo durante a conversa, mas me considero já casada. Sinto que contrato do casamento serve só para as pessoas saberem quem vai ficar com o quê quando terminarem. Não vejo necessidade de me casar mesmo, só de fazer uma celebração para encontrar todo mundo, inclusive minha avózinha, mas estou feliz demais assim, o que muitos duvidaram hein?

A novela fala de escolhas, qual foi a escolha que você fez que mais tem orgulho e qual mais se arrepende?

“Uma vez vi uma peça chamada ‘Alma e Moral’, e sempre fui uma menina que ouvi: ‘Meninas não podem ser desse jeito’. Contava a história de um mestre que estava morrendo e com medo da morte, e as pessoas diziam para ele: ‘Por que o senhor não fez como Jesus?’; e ele respondia: ‘Não fiz como Jesus porque não sou Jesus’. A minha maior escolha foi ser como sou, sem ser impregnada por nada, sem me deixar ser manipulada e me vender. A pior escolha que fiz foi não ter continuado o curso de inglês. Eu voltei a fazer agora, mas eu queria ter estudado mais música, ter aprendido a tocar instrumentos novos. Atualmente eu toco bateria, piano e flauta, mas queria ter feito violão, violino. Queria ter feito mais cursos, mas sou uma pessoa bem realizada.

Você está na sua quarta novela, e é a sua quarta personagem de humor. Você tem vontade de fazer outro tipo de personagem?

Estou muito feliz por estar trabalhando. Tem tantos atores talentosos sem emprego e passando dificuldade por aí, que sou grata por fazer o que amo. Amo fazer comédia, e amo fazer as pessoas rirem, não é só meu trabalho, é quase minha vocação na vida. Na faculdade de teatro e nas peças que atuei, pude fazer coisas diferentes da comédia. Eu adoraria fazer uma série das 23h, uma personagem como a Regina Casé fez, ela que além de apresentadora e comediante, fez um trabalho dramático foda em ‘Que Horas Ela Volta’. Dentro da comédia existem tantas possibilidades, e as pessoas falam: ‘Tatá só faz isso’. Eu fiz várias peças de teatro. As pessoas viram? Não. A comédia ainda sofre preconceito.

Você faria uma série das 23h, com nudes?

“Nudes são sempre legais. Em alguns momentos, em outros não sei se estou preparada.”

O personagem do Johnny Massaro, depois que se torna rei, o poder parece que sobe à cabeça dele, e ele acaba se transformando em um vilão não, é?

“Eu não sei se é vilão, mas é um bon vivant sem noção, mas ele faz isso com tanto carisma, que você se apaixona.”

A Lucrécia vai mudar muito após se transformar em rainha?

“Não, porque ela já é princesa antes de se casar. A Lucrécia já tem aquela coisa do poder de quem nunca ouviu um ‘não’, e acha que tudo ela pode fazer. Não é mimada, mas não teve limites na vida. Sabe?”

Você brinca muito dessa coisa de que falam da sua dicção e em ‘Haja Coração’, você tentou dar todo um jeito diferente para as falas da Fedora. Você se preocupou com isso aqui?

Sim, eu falo rápido, mas também sei falar devagar. Eu achava que isso era um recurso de humor, que eu aprendi com outros humoristas de quem sou fã como Pedro Cardoso e Luiz Fernando Guimarães, e vi que a galera deu uma criticada e trabalhei isso para a personagem. Mas posso mostrar para vocês que no texto da Lucrécia em ‘Deus Salve o Rei’, existem rubricas escritas ‘fala rápido na mesma entonação sem parar’, mas estou apresentando uma opção diferente apesar dessa ser a indicação. O texto é muito bom, mas torná-lo natural é complicado. Tem que falar como: ‘Deseja falar-nos?; Trocastes o beijo à mão por um orgia alcoólica enquanto o povo sem água morre de sede?’. Falar isso como quem fala: ‘Me vê dois mistos quentes e um croquete’, é complicado. Tem um trabalho de prosódia que todos os atores fizeram, mas a Fedora era outra história. Na dramaturgia contemporânea a gente pertence mais facilmente àquele universo, nessa novela não tem como chegar e gravar. Precisamos sentar, e ficar equalizados para estarmos no mesmo reino e no mesmo lugar para tornar aquilo real e interessante… Nossa, ninguém perguntou do ‘Lady Night’, tão cagando para o ‘Lady Night’, né?”

Você acha que será premiada novamente pelo Lady Night?

“Louvado seja Jesus.”

Serão três temporadas por ano?

“Não dá, porque eu participo da escrita dos roteiros, composição das músicas, e mesmo tendo a melhor equipe do universo, não consigo fazer tantos programas assim, senão eu faleço. Assim que acabar a novela, farei outra temporada.”

Você abriria mão da carreira como atriz só para fazer o ‘Lady Night’? 

“Cara, não joga essa energia (risos). O ‘Lady Night’ me realiza muito, mas não conseguiria abrir mão, porque amo as duas coisas.”

A crítica sempre diz que você surpreendeu como apresentadora…

“Eu fiquei muito feliz com esse prêmio, e não vou fazer aquele discurso: ‘Ai, não imaginava’, mas realmente eu não imaginava, porque temos: Fátima Bernardes, Fernanda Lima, Porchat, Bial, cada um nos seus lugares, fazendo aquilo de forma brilhante. Eu por exemplo, não saberia citar Castro Alves do nada, nem li Castro Alves, como é que eu vou citar? Cada apresentador tem seu DNA, mas nunca pensei estar ali como apresentadora, estou ali como comediante, e fui aprendendo no ar a apresentar, porque saber tirar informação do outro de maneira que seja legal para quem está vendo sem ser agressivo, não é fácil. Eu fiz jornalismo, cheguei a me formar e sei como é ruim quando você faz uma puta introdução para perguntar algo e a pessoa responde: ‘Não sei gata’, aí a gente pensa que é importante render. Como gravo o programa como se fosse ao vivo, prefiro não cortar para não deixar a energia do convidado ir embora, nem a plateia que está ali para ser entretida.”

Os artistas agora querem participar do programa, né?

Eu fiquei muito feliz, porque geralmente são os convidados que pedem para ir. Encontrei a Grazi aqui na TV Globo outro dia, e ela disse que queria ir, o Luciano Huck falou que vai na próxima temporada também.”

Quem você queria muito entrevistar?

Eu adoraria entrevistar a Xuxa, o Jô Soares, o Bial, o Wagner Moura. O Caetano Veloso, que ia na segunda temporada, mas não pôde porque a irmã dele faleceu naquele momento. O que é legal nesse projeto, é a desconstrução daquelas pessoas.

Eles são avisados do que você vai fazer?

“Não. Nada.”

Quem você não entrevistaria de jeito nenhum?

“Milhares de pessoas… Você é espertíssimo, merece um aumento (risos). Falando sério, eu não entrevistaria pessoas que não admiro. Não admiro homofóbicos por exemplo…”

Conta como é essa casa bem grande que você está comprando para abrigar seus animaizinhos…

“Estou realmente cuidando de vários gatos abandonados, cachorrinho sem pata, então, vou me mudar com o Rafa para uma casa maior para poder adotar e cuidar de mais bichinhos. Quase cheguei a pegar uma cabra aqui da novela, mas o Rafa falou: ‘Ou eu, ou a cabra’, inclusive cheguei a pensar e disse: ‘Acho que escolho a cabra’. Enfim!

Você está fazendo novela, tem seu programa, namorado. O que te falta? Tem desejo de ser mãe?

Eu estou tão feliz, não me falta nada. Quero ser mãe, mas vou esperar mais uns três anos.

A personagem na novela tem cenas mais ousadas, porque ela tem esse fogo e essa vontade de seduzir. Você também é assim?

Eu não sou essa pervertida, não sei seduzir, sou muito mais aquela ‘brotherzinho’, que chega falando: ‘Qual é galera’, então, essas cenas são uma descoberta para mim, e elas são mais difíceis para mim. Acho que minha sedução é mais o senso de humor. Sabe aquela pessoa que você olha e fala: ‘Essa pessoa é feia, tem chifres, mas tem um borogodó’, sou eu.

Você quando criança pensava em ser uma princesa?

“Não sei, mas a novela que mais amei na vida foi ‘Que Rei Sou Eu?’, e eu não era tão noveleira. Quando me falaram que eu estava reservada para uma novela medieval eu disse: ‘Pelo amor de Deus gente, põe essa pilha’. Quando vieram com a Lucrécia, fiquei muito feliz.”

Você sobreviveria nessa época com todas aquelas roupas?

“Não, porque até aqui estou com sudorese (risos).  É difícil, porque fica muito quente. Você olha aquela roupa e eles acrescentam mais quatro camadas de coisas, mais desodorante, mais não sei o quê, cabelo que pesa. É um desafio.”

Fisicamente você fez alguma coisa para essa personagem?

“Engordei 6 quilos. Foi opção minha, não fiz dieta de engorda nem nada, só liberei comendo o que tenho vontade. Mas a roupa também tem um pouco de enchimento. A gordura não tem a ver com o fato de ela não ser bonita não, mas é porque ela tem compulsões. Estou com 51 kgs, peso que eu tinha na época da MTV.”

Você se sente mais mãe agora que adotou bichinhos com deficiência?

“Eu sempre tive muitos bichos, já cheguei a ter 22 gatos de uma vez. Eu pegava tratava e doava. Eu adoraria ser como São Francisco de Assis, porque tenho essa vontade e o Rafa também tem.”

Você tem algum ritual para final de ano?

“Eu gosto de pular 7 ondinhas, mas acho que esse ano vou passar em casa, porque dia 2, estarei gravando. Uso incenso, passo nas pessoas. Eu inventei para as minhas amigas quando eu era adolescente, que tinha que passar mel na boca e até hoje elas passam. Não gosto muito de festa, gosto de passar mais focada na energia, faço minhas orações e acabo dormindo.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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