Sucesso em série do Canal Futura, Felipe Frazão fala da importância da História do Brasil nas produções televisivas

Publicado em 21/02/2019

O ator Felipe Frazão (27) segue se destacando na grade do Canal Futura através do Show da História. A produção dramatizada e de cunho educativo é exibida toda segunda-feira, às 21h30 e é garantia de puro entretenimento. Na história, o ator dá vida ao personagem Neto, e junto a Clara (Letícia Fagnani), descobre uma máquina do tempo. Ambos passam então a falar com figuras importantes da História do Brasil. Não bastando o trabalho na TV, Frazão também é figura carimbada no cinema nacional.

Com um currículo invejável, o jovem esteve em Meu Álbum de Amores (ainda sem previsão de laçamento), Maremoto (2012), Rainha (2016), O Diabo Mora Aqui (2015) e agora se prepara para a estreia nacional de Minha Fama de Mau (Globo Filmes), a cinebiografia de Erasmo Carlos. Ele interpreta o personagem Arlênio. No teatro, o ator encerrou as apresentações de Casa Caramujo. Em entrevista ao Observatório da Televisão o ator fala dos desafios da carreira e influências. Confira:

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Como foi o seu primeiro passo na carreira de ator? Existiu alguma influência da família ou aconteceu naturalmente?

“Influência da família não teve diretamente, mas minha mãe sempre ouviu muita música, é professora e cinéfila. Só que ninguém na minha família trabalha com arte, então acho que aconteceu naturalmente. Meu primeiro passo na carreira de ator foi fazer teatro amador em 2005”.

“Eu não tenho a menor dúvida de que a leitura pode mudar vidas”

Você sempre almejou esta área da atuação?

“Não, nem sempre quis atuar. Eu queria cantar só, mas o teatro foi uma descoberta de muita importância na minha vida e que tomou o lugar de tudo. E eu também não tenho uma visão carreirista do meu trabalho, sabe? É claro que se você se coloca no mercado de trabalho, imediatamente você se encaixa nesse imaginário de carreira. Mas ainda assim eu procuro não levar minha trajetória tão a sério. Quero dizer que eu não olho para trás e enxergo mil coisas e elucubro sobre elas e tudo mais. Eu tento me concentrar no presente”.

Quem é a sua principal referência e o que te instiga na carreira?

“Referência é difícil dizer, porque tenho muitas, inúmeras, e não tem uma principal. Mas eu fico com os encontros que eu tive com grandes atores e grandes atrizes e também com alguns mestres. Posso te falar do Aramis Trindade, da Maria do Carmo Soares, do Romeu Evaristo ou da Emilie Sugai, que dentre tantos outros, eu tive a sorte de encontrar. Eu acho que isso tem a ver também com aquilo que me instiga no trabalho, além, é claro, das histórias e figuras: o encontro com essas pessoas. Isso me interessa”!

“Ninguém aguenta mais as mesmas narrativas de sempre, sempre a mesma autoria”

Qual análise você faz do mercado para o ator hoje em dia, em comparação com dez anos antes, tendo em vista o crescimento das produções no streaming e youtube?

“Eu não sei se tenho capacidade pra te responder isso justamente porque tenho pouco mais de dez anos de trajetória profissional, então essa análise comparativa fica sem estofo. Mas a análise que eu faço do mercado para o ator hoje em dia é que ainda é bem restrito, isso com certeza. Eu observo com alegria esse crescimento e com a esperança de que, além do próprio número de produções, se expanda também o olhar, a subjetividade e a diversidade nesses trabalhos. Ninguém aguenta mais as mesmas narrativas de sempre, sempre a mesma autoria. Aos poucos isso muda e a gente nota a diferença”.

Qual a importância de termos um produto televisivo como o Show da História do Futura  e o que ele agregou na sua vida?

“Nossa, o ‘Show’ agregou muito na minha vida. Filmamos duas temporadas com vinte seis episódios cada uma. A Clara e o Neto (meu personagem) recebem as mais diferentes figuras da nossa História, desde as tarimbadas até as esquecidas e injustiçadas, torturadas, escravizadas e também as torturadoras, escravocratas. A História do Brasil é toda contraditória, mas de muita resistência e isso se reflete nessas pessoas. A gente teve Tia Ciata, Antonieta de Barros, Mario Juruna, Anita Garibaldi, Chico Rei, Antonio Conselheiro, Leila Diniz, Luís Gama e ainda vai ter Chico Mendes, Tarsila do Amaral e Luiz Carlos Prestes e vários outros”.

“Eu sou muito feliz de ter a oportunidade de fazer um programa como esse num tempo onde a memória parece não valer muita coisa”

“O programa toca em assuntos difíceis, traumas que a sociedade ainda está penando pra entender, procedentes do nosso histórico de exploração absoluta. Ao mesmo tempo, apesar de falar de coisa muito séria, a gente tem uma abordagem bastante bem aterrada, além de bem humorada, então na realidade eu acho que o programa é de muita qualidade. Sou suspeito pra falar, mas acho que a importância de se ter um produto como o Show da História é essa: o resgate da trajetória dessas figuras que é também o nosso próprio resgate, da nossa própria História. Eu sou muito feliz de ter a oportunidade de fazer um programa como esse num tempo onde a memória parece não valer muita coisa”.

Você tem passagens importantes no teatro e no cinema, com trabalhos sempre ligados a cultura literária. Você acha que a leitura pode mudar a vida de alguém? 

“Eu não tenho a menor dúvida de que a leitura pode mudar vidas. Assim como a leitura, o teatro, a dança, o cinema e a música. A arte pode mudar a vida de muita gente, sempre foi assim. Você tem razão, principalmente no teatro eu acabei fazendo coisas que tinham íntima relação com a literatura, como Próxima Parada, baseado na obra, vida e autobiografias de José Vicente e Antonio Bivar, A Vida de Dr Antonio Contada Por Elle Mesmo, a partir de um livro do João do Rio, o Memórias de Um Rato de Hotel e a própria adaptação que fizemos do livro do Torero, o Terra Papagalli“.

“Para mim o maior desafio é sempre o último”

Em sua trajetória, qual personagem (seja no teatro, TV ou cinema) você considera ter sido o seu maior desafio?

“Para mim o maior desafio é sempre o último. Então eu vou falar do Felipe, personagem que fiz em Meu Álbum de Amores, longa do Rafael Gomes, que deve estrear em breve”.

O que você almeja para daqui em diante?

“Muita coisa. A longo prazo ter um espaço multiuso, um lugar de criação livre. Por ora se eu puder continuar fazendo teatro já vai ser bom”.

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