Sucesso em A Dona do Pedaço, Caio Castro admite sentir pena de Rock: “Fico com o coração na mão”

Publicado em 30/07/2019

Caio Castro anda numa excelente fase em sua carreira na telinha. Há mais de dez anos na Globo, ele festeja o sucesso de seu atual personagem, o boxeador Rock, na novela A Dona do Pedaço.

“É um personagem engraçado, uma figura de um boxer, mas um moleque sensível, com uma ingenuidade”, define o ator, que rejeita comparações entre o trabalho que faz hoje e outro papel marcante de sua carreira: o Grego, de I Love Paraisópolis (2015). “É bem próxima a realidade dos dois personagens: da periferia de São Paulo, com o mesmo estilo de criação, mas de mundos diferentes”, analisa.

Confira o bate papo completo com o bonitão.

OBSERVATÓRIO DA TELEVISÃO – Como está esta nova fase do Rock, que está investigando a Josiane?

CAIO CASTRO – Tem sido bastante interessante porque ele toma estas dores. Lógico que ele tem motivos, por ter sido lesado pela Josiane, perdeu amizade com a Maria da Paz por consequências dessas tramoias da Josiane. Tenho achado legal esta investigação dele porque ele não tem muita astúcia, nem muito tino de investigador. Ele vai na inocência, pedindo ajuda, então é um personagem engraçado, uma figura de um boxer, mas um moleque sensível, com uma ingenuidade, sempre preocupado com o patrocínio. Agora que ele conseguiu, tem surgido novas oportunidades.

Acha que ele vai continuar se desvencilhando do Agno? Agora está com a Fabiana e quer ser pai, né?

Tadinho, ele tem uma condição financeira afetada, acha que tem uma namorada legal, quer ter um filho com ela, mas esta o engana também. Eu tenho um pouco de dó. Fico com o coração na mão. Tem o lance do patrocínio com segundas intenções. Acho que a maior parte da intenção do Agno é ter algo com ele. No início, ficou ofendido, mas viraram amigos, apesar do respeito e vê esperança nesta relação. O Rock tenta levar com jogo de cintura, às vezes acha graça a maneira como o Agno manda as diretas para ele. Nem mede esforços. A gente achou um lugar legal para brincar com esta intenções e nuances.

Como tem sido trabalhar com o Felipe Titto, que vai entrar para o núcleo da luta?

É sempre bom trabalhar com um amigo. Fica mais fácil quando se tem uma intimidade, a troca fica honesta, sincera, tem uma verdade ali e traz nossa relação pessoal para cá. É sempre bom ver os amigos envolvidos em projetos que deem certo.

Como será a participação dele?

Ao que me parece, o personagem do Agno vai conhecer um novo rapaz e não terá mais tempo para passar com o Rock. Ele paga uma pessoa para treiná-lo, que é o Abdia [Titto].

O seu personagem foi muito injustiçado e o público defendeu o Rock. Como você já vê isso?

Eu percebo nas redes sociais que rola uma criatividade muito aguçada. Não deixo passar, quando vejo uma ideia muito boa, eu interajo e acho legal porque as pessoas se envolvem mais e mandam coisas boas. É quase um vício! Com relação às injustiças sofridas por ele, só posso dizer que o mundo nunca foi muito justo. Já devo ter visto isso, não tenho nada em mente agora, mas já devo ter sido injustiçado.

Qual é sua torcida? Gostaria que tivesse este romance com o Agno?

Sendo bem honesto, eu entrei na novela achando que fosse isso, que poderia rolar… Não sei. Ainda não parei para pensar sobre isso. Fui levando. A imprensa que dizia que poderia ter, não sabia ao certo. Até hoje o que chegou para mim é o que todos sabem. Me parece que o Agno vai ter um caso com um outro cara.

Mas nada gratuito, né?

Não quero fazer uma novela apelativa, não só pela questão da homossexualidade, mas em qualquer assunto. Não é porque o assunto está em alta. É tipo aquelas cenas em que os caras ficam lutando na academia sem camisa, só para expor o corpo. Ninguém faz isso! Não que eu tenha problemas com o corpo, mas é que não faz sentido. Prefiro uma história com peso.

Você tem esta ingenuidade do Rock ou é mais armado?

Só a cara e o jeito de andar que são [‘armados’]. O resto é tudo [ingênuo]… Quase um trouxa!

Você tem sido elogiado pelo personagem, mas alguns dizem que está parecido com o Grego. O que acha disso?

Estou ouvindo agora. Acho que a outra pessoa não assistiu a outra novela [I Love Paraisópolis]. É bem próxima a realidade dos dois personagens: da periferia de São Paulo, com o mesmo estilo de criação, mas de mundos diferentes. Eu me policio sim. O Grego foi muito forte, tomou meu corpo muito rápido, saía do trabalho e ficava muito em mim. Talvez esta semelhança seja pelo palavreado, mais por isso.

O Rock será um herói e vai desmascarar a Josiane, né?

Eu realmente não sei! Se realmente for isso, vai ser bem legal. Ele tem tomado uma atrás da outra, foi injustiçado pela Maria da Paz, as pessoas desconfiam dele, então até o próprio Agno questiona, paga as joias como se ele tivesse roubado… Para a trama é bem legal por poder explorar a personalidade do personagem em outro lugar. Ali do boxe já está tudo bem desenhado, já se sabe como ele reage como as pessoas, como lida com a família, então esta história do herói é outra história.

Como você vê a mudança do Rock do boxeador para o herói? Como vê como espectador?

Por tudo o que já aconteceu até hoje e se a Fabiana fosse uma mina da hora, eu torceria para que ele tivesse um filho com ela porque tem essa vontade. Ele é muito bonitinho [risos]. Quando eu visto essa camisa, pego meu lado mais sensível, assisto ao American Idol, Caldeirão do Huck para encontrar este lugar. Acho que vou esperar uma nova personagem entrar. Existe um papo aí que a Josiane pode nem ser a filha da Maria da Paz. Então acho que a verdadeira filha da Maria vai aparecer, uma mina do bem e vai ficar com ele. Vai aparecer alguém.

Você já teve uma Fabiana na sua vida?

Não, meu santo é forte! É só a cara e o jeito de andar, tenho muita consciência com quem me relaciono e falo. Sempre estou atento!

Você é um dos artistas que mais lucram no mundo com as redes sociais, lista que tem apenas três brasileiros: você, Ronaldinho Gaúcho e Neymar. A matéria diz que você recebe patrocínio e faz bastante publicidade. Como lida com a questão disso? Nenhuma das mulheres mais famosas da publicidade estão nesta lista.

Tive de pagar esta matéria [risos]. As redes sociais viraram uma plataforma de trabalho, então isso é muito claro. Antes nem existia a profissão de blogueira. O mais interessante da internet é que a gente descobre talentos. Antes a única porta era a nossa emissora, mas hoje não é assim. Isso é legal para nós. Na minha visão, a concorrência gera qualidade. A incerteza causa inspiração. A TV Globo sempre será a maior, mas tem gente correndo por fora e isso gera competitividade. Ninguém é absoluto. É um jogo de ver quem é melhor a cada dia. É interessante. O caso do Whindersson [Nunes] é muito interessante: um cara do interior do Piauí, que nunca teria uma oportunidade. O moleque é um fenômeno! Traz voz a quem não teria. Ao mesmo tempo, dá oportunidade a pessoas ruins, que propagam discórdia. As redes sociais vieram para mim numa época em que o Instagram era um aplicativo de filtros. Colocava alguns, melhorava a foto e postava. A galera curtia, começou a se expandir, de repente tinham milhões de pessoas e isso gera o poder da informação. São 17 milhões de pessoas cadastradas. É esta sua cartela de clientes que vale mais de 580 milhões de dólares. Como administrar isso em dinheiro palpável? Nesta época não era nem iniciante, percebi que tinha um tesouro na mão e como poderia trabalhar isso.

Quais são os seus cuidados ao anunciar as marcas?

Tenho cuidado com tudo. O público não é besta e não o subestimo em momento algum, seja nas redes sociais ou nas novelas. Sempre penso nisso! Eles não vão comprar uma ideia que não faça muito sentido. Sou responsável pelo que falo e a interpretação dos outros é outra coisa. Quantas pessoas que me seguem ainda não têm o poder cognitivo desenvolvido? Quantos ainda têm carência e veem em mim um estilo de vida a ser seguido? Só posso ser honesto. Se vem me apresentar um refrigerante, que é algo que eu não tomo muito, não farei ninguém tomar isso. É só um exemplo! Várias bebidas alcoólicas me apareceram, vieram com um caminhão de dinheiro, mas o que adianta estragar a vida de um monte de gente?

O que você não faria de jeito nenhum?

De cigarro eu não faria ou o que não me convém. Deixei de fazer bebida alcoólica. Faria de vinho ou cerveja, que são coisas que bebo.

(entrevista feita pelo jornalista André Romano)

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