“Sou referência dos moleques que moram no morro”, diz Darlan Cunha, protagonista de Cidade dos Homens

Publicado em 19/12/2016

Darlan Cunha, o eterno Laranjinha do cultuado seriado ‘Cidade dos Homens’, conversou com nossa reportagem, comentou sobre o retorno do projeto e relatou que fica lisonjeado em ser referencia para os meninos da favela.

Uma amizade que marcou época. Uma parceria que superou todas as dificuldades. E uma história que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar. Na nova temporada de ‘Cidade dos Homens’, minissérie em quatro capítulos que estreia dia 17 de janeiro de 2017, na Globo, o passado e o presente se entrelaçam para contar a história da inseparável dupla de amigos Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva). Doze anos depois, as novas aventuras da dupla foram escritas por George Moura e Daniel Adjafre, com direção de Pedro Morelli e coprodução da O2 Filmes.

Na minissérie, episódios emblemáticos das outras temporadas do seriado serão reapresentados, mesclados com uma história inédita, vivida nos dias de hoje. O público poderá resgatar todo o histórico da amizade entre Laranjinha e Acerola e acompanhar os dramas que hoje movem a dupla.

Racismo na carreira de ator

“Não. Eu acho que não foi nem pela cor. Eu era um jovem e eu não sabia se fazia por intuição ou se eu amava aquilo ali mesmo. Aí por um momento trabalhar não era tão satisfatório pra mim porque eu não sabia porque eu estava ali ainda. Rolou uma confusão na minha transição de adolescente para adulto que aí eu fui me dar conta. Precisei desse tempo para amadurecer. Eu ainda era jovem e prejudicava na minha profissão por sair a noite, chegar atrasado, várias coisas.”

Profissão: ator!

“De uns anos pra cá eu vi que é o teatro, é o cinema. Eu só sei fazer isso. Eu nem tentei fazer outra coisa.”

Estereotipado como Laranjinha

“Quando eu era mais novo eu ficava com medo de não arrumar nada maior. Mas eu acho que isso é pesadelo de estrela, de estar sempre em evidência, ser estrela de televisão. Eu não tenho isso como ambição. Eu sou referência dos moleques que moram no morro, sabe? Da galera que não tem oportunidade de um monte de coisa. Isso é ótimo. Esse personagem, as pessoas que ele toca, as pessoas que se identificam com ele, é algo muito maior do status que eu vou ter se ele passar na televisão ou não. Eu vejo que eu sofro muito com o público direto porque as pessoas se sentem incomodadas por eu não estar mais presente na televisão. Mas eu já sei onde eu quero estar. Quando a gente descobre nosso propósito, o caminho fica mais acessível.”

Empresário

“Eu tenho uma parceria numa hamburgueria. Foi uma ideia minha, eu sempre fui a São Paulo para comer hambúrguer artesanal. Aí eu falei com uns amigos aqui (no Rio de Janeiro) e a gente montou, a gente tem Delivery. Aí outro amigo falou vamos montar uma pizzaria. Estou animado.”

Dinheiro do negócio empresarial

“Não. Eu sou ator. Eu vejo como um dinheiro do dia a dia que eu gasto comendo, com gasolina. Não tenho nem controle. São coisas aleatórias que me envolvi por amizade.”

Futuro da série

“Acho que a série deveria ter mais episódios do que ela tem. A série tem 20 episódios.”

Processo para gravar esse especial

“A gente sempre espera um processo maior de ‘Cidade dos Homens’. Quando a gente gravava os episódios antigamente a gente tinha três meses de ensaio. A gente sabia que ia gravar durante três meses também. Então era um processo mais leve, não era tão intenso. Agora foi tudo muito rápido.”

Referência para os meninos da favela

“É o mundo nos ombros. Querendo ou não você sendo um artista negro e morador de favela, você está brigando indiretamente com o tráfico. A referência deles é o tráfico e a referência deles passa a ser, divide com você. É uma responsabilidade. É bom saber que eu tive a oportunidade de mostrar para os meninos que eles têm uma chance.”

Significado de amizade

“A gente fala de pessoas, de fases da vida. É bem complicado. Depende de cada um. Envolve valores, são duas pessoas.”

Amizades no dia a dia

“A maioria dos meus amigos não é da minha idade, são mais velhos. E eu sou muito agitado. Eu sou bem carinhoso, tenho amigos muito brutos. Então é difícil uma mensagem tipo ‘saudade’. Eu sou aquele que mando ‘E aí mano, saudade’. Aí o amigo: ‘Também negão, valeu’. É bem assim. Eu dou presente de aniversário e eles ficam bolados. Meus amigos são bem durões, são pais. Eu não tive pai, meu pai morreu era muito novo e eu acabei fazendo amizades com pessoas mais velhas. Eu dou muito valor aos meus amigos no teatro, que foram os que me tiraram da rua. Minha mãe mora na Mangueira e eu vejo os meninos que matam aula, passam o dia na rua. Era a infância que eu tinha. Ir para o teatro foi o divisor de águas.”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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