Rosamaria Murtinho revela desejo de ser apresentadora do Saia Justa: “Adoraria, mas nunca vão me convidar”

Publicado em 16/01/2018

Rosamaria Murtinho emocionou o público ao dar vida à Crisélia, rainha de Montemor, em Deus Salve o Rei, nova novela das 19h. Na história, a monarca começou a dar sinais de demência, agravados pela falsa notícia da morte de seu neto mais velho, Afonso (Romulo Estrela). A morte trágica da personagem, que caiu da torre do castelo ao acreditar que podia voar tal qual um beija-flor foi amplamente comentada nas redes sociais, e dá início à uma nova trama. Em conversa com o Observatório da Televisão, a atriz contou como foi fazer parte de uma novela com uma proposta tão grandiosa. Confira:

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Como foi para a senhora viver essa rainha?

“Foi muito bom. Uma rainha de um reino alegre, ela era boa para os súditos. Uma pessoa feliz, mas meio doente. Como trabalho foi muito gostoso fazer, principalmente porque foi a primeira vez que fiz um trabalho com uma câmera só. Já tinha feito em cinema, mas nunca na televisão.”

E como foi participar de um projeto em que a Globo está apostando tudo?

“Estão apostando tanto que fomos ver o primeiro capítulo numa telona de cinema.”

A senhora é uma das melhores atrizes de sua geração. Ao participar da trama, como foi essa troca com jovens talentos como o Romulo Estrela, que acabou entrando no papel de seu neto de última hora?

“Acabou sendo ele e adorei. Com o Romulo foi uma coisa muito engraçada. Não o conhecia direito, naturalmente porque nunca tinha trabalhado com ele, mas quando nos olhamos, foi amor à primeira vista. Senti logo que ele era sangue do meu sangue. Ele não só tem uma cara de gente boa, como é gente boa. Pessoa maravilhosa, que bateu e valeu.”

Quando conversamos anteriormente, a senhora disse que estava doente. Como está agora?

“Fiquei boa. Estou de alta, fiz exames que não sei os resultados ainda, mas o final do ano passado foi complicado para mim. Logo depois da H1N1 que tive, tive uma pneumonia, e depois uma virose.”

E a senhora mesmo doente, estava gravando ‘Deus Salve o Rei’, não é?

“Porque precisava fazer, porque o ator principalmente quem vem de teatro, só não trabalha quando desmaia, porque aí não pode falar o texto, mas em outras doenças, trabalha normalmente.”

Como é o carinho do público com a senhora e com o seu marido, o Mauro Mendonça?

“Enorme! Enquanto eu estava fazendo ‘Deus Salve o Rei’, o Mauro estava fazendo a nova temporada da série ‘Os Experientes’, em São Paulo, então, nessa profissão, por mais velho que você esteja, você trabalha, e estamos trabalhando até agora.”

O que a senhora acha da participação de atores mais velhos nas novelas?

“Quando fui entregar o prêmio Mario Lago no Domingão do Faustão, acabei esquecendo de pedir mais trabalhos para atores mais velhos. Sempre tem um avô, uma rainha, um rei, ou algo assim. O interessante da dramaturgia brasileira é que ela incorpora a vida do Brasil, não é uma novela traduzida de outros países. Conta a realidade que está acontecendo aqui com a gente. Tem uma infinidade de pessoas, de cores, de etnias.”

Você e o Mauro Mendonça acabaram colocando no mundo grandes homens, um maestro, um diretor, um ator…

“Eles são boas pessoas, se interessam pela família. Ontem mesmo, fizemos lá em casa um churrasco para a namorada do Rodrigo, e isso tudo faz com que a gente que tem essa profissão tão maluca, consigamos conservar a cabeça no ambiente familiar.”

Da outra vez que conversamos, a senhora disse que não existe a chamada melhor idade…

“Não existe melhor idade, isso é uma bobagem, e quem diz isso é bobo, quem diz isso é jovem. Quando o jovem fala isso, eu acho que é gozação. A única vantagem é que não morri cedo. É ‘Maior idade’, e não ‘melhor idade’, por isso soa para mim como gozação.”

A gente percebe que as pessoas de mais de 60 anos não têm uma publicação voltada para elas, por exemplo, ou algo que comunique para esse público…

“Falta muita coisa. Agora nos Estados Unidos estão começando a mostrar as pessoas da terceira idade, os problemas que acontecem. Eu jamais seria convidada para fazer o ‘Saia Justa’, mas tenho muita coisa para contar por causa da minha idade. Tenho muito mais coisa para contar do que uma menina de 30 anos.”

A senhora gostaria de participar?

“Eu adoraria, mas eles jamais vão me convidar. Eu até estou com vontade de me oferecer só para ver o que eles dizem. Existe o preconceito contra gente mais velha. Uma vez eu estava fazendo Criança Esperança, e estávamos lá eu, um ator que não vou dizer o nome, Mauro Mendonça e Giovana Lancelotti. E eu falei: ‘Vamos tirar uma foto para colocar no meu Instagram?’. Ele virou-se para mim com um olho arregalado e perguntou: ‘A senhora tem Instagram?’, e eu respondi: ‘Tenho, por quê?; Velho não pode?’. A Giovanna morreu de rir, então, sinto que passa pela cabeça dos jovens que a gente não sabe das coisas. Eu não tenho Facebook, porque acho um pouco chato, e estou começando a me chatear com essa coisa de chegar em casa do trabalho e ver quem mandou mensagem para falar comigo. Acho que quem quer falar comigo me telefona. Graham Bell, que foi quem inventou o telefone, ainda está na moda. Isso me dá mais tempo de ler livros, estou no terceiro livro, tudo porque não fico mais com o celular na mão.”

A direção do seu filho em ‘O Outro Lado do Paraíso’ é primorosa. A senhora gosta?

“A novela é muito boa, o Maurinho é um talento, João Paulo é um talento, Rodrigo é um talento. Temos muito orgulho, porque temos menos tempo na terra que eles e que vocês jovens, mas pelo menos deixamos um legado de correção, de ética e gente que gosta de trabalhar.”

A senhora chegou onde sempre sonhou?

“Nunca sonhei. Eu nunca sonhei ser atriz, queria ser bailarina, mas acabei tendo um problema no menisco.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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