Entrevista

Roberto Cordovani fala do vilão Sebastião Quirino, de Novo Mundo

Ator revela que fez amizade com Agatha Moreira, a Domitila na trama

Publicado em 02/05/2020

O ator Roberto Cordovani está no ar como o terrível Sebastião Quirino, na reprise de Novo Mundo. Na trama, ele é um homem racista que trabalha com o comércio de escravos africanos para o Brasil. Cruel, maltrata suas vítimas sem piedade e é contra a independência do país de Portugal.

Em entrevista, Cordovani falou sobre esse perfil e avaliou a volta da novela e o que aprendeu com seu personagem. Confira.

Como você recebeu a notícia da volta da novela?

Adorei saber, principalmente diante das circunstâncias atuais. Todos em suas casas, confinados. Além de ter sido um grande êxito na faixa das seis, a novela foi um trabalho feito com muito esmero, uma equipe fantástica, embasamento, textos bem solidificados, contando uma parte da história desse Brasil tão turbulento. É importante rever de onde vêm tantas coisas. A influência de outros povos na construção dessa identidade que é o brasileiro.

Sebastião Quirino ( Roberto Cordovani )
Sebastião Quirino Roberto Cordovani DivulgaçãoGlobo

Qual a importância desse personagem na sua carreira?

Sebastião Quirino é uma personagem que, como Dom Pedro I, existiu. Foi o grande escravagista da época. Foi o homem que deu à família real a Quinta da Boa Vista em troca de não pagar impostos e de poder traficar escravizados. Ele acabou sendo o grande vilão, o grande corrupto. É muito interessante ver de onde vem tanta corrupção. Como toda história, precisa ter o conflito para, a partir daí, fazer uma reflexão.

Qual cena gostaria de rever?

A cena que mais me deu indignação é quando Sebastião leva a escravizada Idalina (Dhu Moraes) para ser chicoteada em praça pública e logo depois põe o filho bastardo Mathias (Renan Monteiro) para ser chicoteado. Foi uma cena dificílima e longa, que envolveu muita gente do elenco. O pessoal da caracterização tinha que fazer as marcas nas costas do ator Renan Monteiro a cada chicotada que eu dava no personagem Mathias. Foi comovente. Nós nos abraçávamos e chorávamos. Eu sou um ator de teatro, mas foi fazendo ‘Novo Mundo’ que eu perdi a voz de tanto que eu gritava. Foi um papel que abriu chagas no momento da gravação, mas o ator é isso. É um trabalho de entrega.

Qual a cena mais difícil?

Eu passei a novela comendo muito. Eu sempre observei que nas novelas as pessoas que estão à mesa não comem ou perdem a vontade de comer ou discutem na hora da comida. Eu quis mudar um pouco isso. A minha personagem não tinha papas na língua, não tinha nenhuma cordialidade. Então, pra mim, eu tinha feitos muito difíceis e políticos. E fazer isso comendo com as mãos me exigia muita atenção. Eu fazia questão de já começar a comer antes de começar as gravações para o público ver que a mesa já estava utilizada. O pão está partido, migalhas, minha mão já suja de frango. Isso ajudava muito na concepção. Isso se tornar orgânico é muito difícil, mas foi muito bom.

Libério ( Felipe Silcler ) sendo arrastado por guardas. Sebastião ( Roberto Cordovani ) com eles.
Libério Felipe Silcler sendo arrastado por guardas Sebastião Roberto Cordovani com eles DivulgaçãGlobo

Como está a repercussão da novela? O que tem ouvido?

A repercussão está sendo ótima. A minha família que mora na Europa me ligou falando que a novela também está sendo exibida por lá. Todo mundo adora! Tenho recebido muitas mensagens nas redes sociais. Até hoje eu sou parado na rua porque as pessoas lembram do vilão com um certo carinho. Agradeço o feedback que todos acabam dando ao longo da novela.

Tem alguma característica ou algo que você aprendeu com o personagem que ficou pra sua vida?

O que eu aprendi foi entender o perfil de muitos brasileiros sobre mentira, empurrar as coisas com a barriga, a catequização da corrupção. Ela começou pelos portugueses chegando e explorando o Brasil. Lamentavelmente hoje em dia ainda vemos brasileiros assim. Eu aprendi muito a respeitar as diferenças cada vez mais.

É claro que a minha personagem não respeitava, mas fez com que eu, Roberto, respeitasse ainda mais as diversidades, etnias, enfim… tudo. Nós somos antes de tudo seres humanos. É curioso que agora, com a onda do coronavírus, estamos todos iguais.

Vamos parar com essas diferenças, achando que A é melhor que B. Também levei comigo a amizade com a atriz Agatha Moreira. Ela é muito querida e já leu diversos espetáculos que escrevi.

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