Salve-se Quem Puder

Rafael Cardoso recusou convite da Netflix para fazer série fora do Brasil: “O que eu tenho na minha vida eu devo à Rede Globo”

Ator ficou traumatizado após situação de violência

Publicado em 17/01/2020

Renzo é um playboy, que foi abandonado pelos pais aos dois anos de idade, e criado pela tia, Dominique (Guilhermina Guinle) em Salve-Se Quem Puder, a nova novela das 19h. Ela, uma advogada que participa de uma organização criminosa, colocou o rapaz no esquema, e mesmo que ele não concorde com todo o papel que ela desempenha, não consegue dizer ‘não’ para ela. É numa viagem até Cancún, no México, que ele conhece e se encanta por Alexia (Deborah Secco), e começa a perceber o quanto sua vida, mesmo privilegiada, está errada.

Em conversa com o Observatório da Televisão, durante a festa de lançamento da trama, Rafael Cardoso falou sobre sua preparação para viver o personagem, que incluiu treinos diários de musculação, onde ele ganhou 6 quilos. Ele ainda falou que pensou em se mudar do Brasil após passar por uma situação de violência no Rio de Janeiro, mas desistiu até mesmo de assinar um contrato com a Netflix para participar de uma série internacional para continuar na cidade maravilhosa, e na Globo, empresa responsável pela popularidade de sua carreira. Confira o bate papo completo:

Conte um pouco sobre seu novo personagem, o Renzo.

O Renzo é um bon vivant que foi criado pela tia e teve as melhores escolas, tendo tudo do bom e do melhor. Iate, bons carros, bons vinhos, bom tudo, até que começa a se envolver nos negócios da tia, nesse furacão de coisas como assassinatos, etc, e se apaixona pela Alexia (Deborah Secco), e aí vamos ver o que vai acontecer com ele nessa situação, porque ele não sabe se ela está viva, ou morta. Ele é um personagem que passa por essa trajetória de herói.

Eu ia perguntar justamente se ele não é vilão porque ele não concorda com as coisas que a tia faz, mas continua por dentro dos esquemas…

Ele passa por tudo isso, e aí não posso falar!

Ele sabe que a Alexia está viva?

Não, de maneira alguma, e ele ficou verdadeiramente apaixonado por ela. Foi a primeira mulher que mexeu com ele.

O público gosta muito de você, e saiu em alguns veículos que você iria sair do Brasil.

Passei por um trauma, um assalto violento, com tiros, e graças a Deus não tomei nenhum. Estava no final de uma novela, e falei ‘gente, estou gerando ferramentas para poder sair daqui. Até saiu na imprensa assim ‘Rafael só quer ganhar dinheiro’, e não era isso que eu queria dizer, mas passou o trauma, nasceu meu filho Valentim, as coisas se harmonizaram e eu falei ‘cara, minha vida é aqui no Rio de Janeiro’. Estou trabalhando na Globo, onde adoro trabalhar. Tive convite de streaming, Netflix, para sair para fazer série fora, e falei ‘não, vou ficar aqui’, o que eu tenho na minha vida eu devo à Rede Globo. Eu quero ficar aqui trabalhando. Confiam no meu trabalho. Estou aqui, feliz, e vamos ver o que o universo vai apresentar para frente.

Quando você passou por isso, o público te acolheu bastante, não é?

Muito. Foi maravilhoso esse acolhimento. Se aconteceu comigo, é porque tinha que acontecer para eu repensar várias coisas da minha vida. Foi importante passar por esse trauma para poder repensar coisas que eu precisava mudar, e todo mundo precisa mudar, nada é por acaso.

Você precisou desacelerar?

Muito, mas muito mesmo. Além da novela, eu tenho um restaurante, uma fábrica de suco, uma fazenda de orgânicos, uma torrefação de café, e não tenho Whatsapp graças a Deus. Deleguei tudo, contratei pessoas para gerenciar operações de cada coisa para poder ficar com minha família.

Como você concilia esses trabalhos?

Eu amo tudo o que faço e tento dividir para fazer um pouco de cada coisa.

Você também participa da produção do café?

Também. Tem alguns lotes específicos que eu vou que vou torrar, porque essa alquimia de cozinha, aromas, me motiva muito.

Como você lida com o passar do tempo? Porque continua sendo galã…

A gente está ficando velho, mas vamos correr atrás do tempo.

O rótulo de galã te incomoda?

Não. Isso vai passar daqui a pouco, vamos aproveitar enquanto existe o rótulo, porque depois vai ser ‘ex-galã’ (risos).

Como foi isso de ficar mais forte para o personagem?

Foi um pedido da direção. Como o personagem é um bon vivant, é um cara que pode fazer tudo o que eu gostaria de fazer se tivesse tempo. Ficar andando de lancha, de boa, malhação, etc.

Como foi essa preparação física?

Academia, e voltei a surfar. Surfo quase todo dia, e corro na praia de manhã. Voltei às minhas atividades. Eu adoro. Atualmente malho todo dia, mas antes da novela eram duas vezes por semana, e sempre fazendo algum exercício, um funcionalzinho. Mudei pouco meu peso agora, agora estou pesando uns 84 quilos, cerca de 6 quilos a mais que antes, mas minha alimentação vem 80 % da minha fazenda. Se tenho tempo eu vou para a academia, se tornou um vício bom. Brinco que é meu projeto 60 anos, para ficar bem, jogar um futebol com o Valentim.

Como tem sido a troca com a Deborah Secco?

Ganhei uma irmã para a vida! A Mari (esposa) já a conheceu, viramos amigos. Bom demais.

Você deu quase um spoiler. É sua sina ter personagem misterioso?

Sei lá o que é. Se está vindo eu só aceito (risos).

Você resolveu ficar no Rio de Janeiro. O que te tirou o medo?

Tudo, família, trabalho. O trauma passa, em cada pessoa passa de um jeito. Quando eu começava a ficar mal, pensava que tinha que enfrentar aquilo.

Como você lida com Fake News? Porque quando você estava viajando, disseram que você estava apoiando o presidente.

Hackearam meu celular inteiro. Troquei de celular. Eu tinha um outro celular, de outra marca que não posso falar, hackearam, clonaram, mexeram em conta no banco, foi uma merda gigante, mas graças a Deus, tudo foi resolvido. Quem me conhece sabe que não falo de política, porque não tenho nada para falar. Não falo sobre nada que eu não acredito, e eu não acredito em política

Você é vegano?

Eu fui por um tempo, mas voltei porque para mim é muito difícil. Eu sou gaúcho, priorizo tudo o que produzo, galinha, porco, cordeiro, e tenho tudo lá, fora a parte de leguminosas que também vem de lá. Eu crio, agradeço e uso com parcimônia.

Como é para você criar uma menina e um menino em um ambiente machista como o nosso mundo atual?

Tentando trazer o equilíbrio, já que a única maneira de revelar virtudes sem palavras é no exemplo, tirando o machismo de dentro de casa, e tendo relações com as pessoas que a gente convive sem machismo, é a única forma de mostrar para eles porque o mundo é machista, faz parte da gente ser o melhor exemplo porque falar até papagaio fala.

Você acha que o público vai gostar dele ou ter raiva ?

As duas coisas (risos).

Como foi gravar no México?

Aquilo lá é lindo, e eu não conhecia. Não tive oportunidade de ir nos lugares que eu queria, nos templos, mas o pouco que vi já fiquei apaixonado e quero voltar com a família.

Como é depois de duas novelas densas, fazer uma comédia das sete?

Foi um presente, sem ser piegas, um presente conhecer o Fred e trabalhar com ele, que tem uma pegada mais para cima.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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