“Quero movimentar o mercado e criar formatos próprios”, adianta Franz Vacek sobre o futuro da RedeTV!

Publicado em 08/08/2017

“Parece que foi ontem. Passa tão rápido… É um filme”. Assim Franz Vacek, superintendente de jornalismo e esporte da Rede TV!, analisa os três anos de sua gestão na emissora mais jovem do país em entrevista ao Observatório da Televisão.

Nesse curto espaço, Vacek surpreendeu o mercado ao contratar nomes de peso como Mariana Godoy, Boris Casoy, Reinaldo Azevedo, sem contar parcerias internacionais que lhe renderam importantes conquistas como o Panama Papers, Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, vencedor do prêmio Pulitzer na categoria “Explanatory Reporting” em abril deste ano, e a aquisição de transmissões esportivas.

Veja também: “Em nenhum momento me deu medo ou dúvida”, afirma Mariana Godoy sobre deixar a Globo e ir pra Rede TV!

Durante a conversa, Franz ressalta o crescimento do Portal da Rede TV!, a nova grade que vem criando exclusivamente para as redes sociais e a aposta cada vez forte no noticiário político, que a cada dia ganha mais interesse dos brasileiros por conta da operação Lava Jato, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e as investigações que assombram o governo Temer, com programas de debates numa TV aberta e comercial.

“O nosso editorial acredita que o país só vai crescer quando tiver mais microfones do que uma ou duas emissoras comandando o noticiário político do país. É um assunto que o brasileiro passou a se interessar mais. Países como a Venezuela contam apenas com um microfone… E isso é perigoso demais pra democracia”, destaca o ex-correspondente de guerra.

Confira:

Neste mês de agosto você comemora três anos à frente do jornalismo da Rede TV! Passou rápido, não?

Parece que foi ontem. Passa tão rápido… É um filme. Quando passa rápido é sinal de que tem muita coisa pra fazer ainda. Tem muita coisa pra acontecer. Chegaram nomes importantes como Mariana Godoy, Boris Casoy, Mauro Tagliaferri, Reinaldo Azevedo, Salete Lemos, entre outros.

O que está por vir nos próximos meses?

Contratações, novas modalidades esportivas, formato de telejornais, um novo telejornal quem sabe, até o ano que vem mais dois ou três nomes importantes que estão faltando pra completar e consolidar o time.

Estou querendo consolidar programas que já existem. A Mariana está numa agenda superpositiva, tem uma agenda cheia em Brasília, mas ela pode trazer também convidados internacionais como Obama, Sarkozy…

A Mariana não conta apenas com convidados do meio político. Ela tem apostado em cantores e outros convidados…

Cult. Ela lançou alguns nomes que a grande mídia não estava dando espaço. A Mariana trouxe uma nova imagem pra Rede TV! Uma vontade de fazer diferente, de ter uma assinatura própria.

E o Boris? O que ele representa pro jornalismo da Rede TV!?

O Boris me trouxe uma assinatura de credibilidade. Mas eu não trabalho só com grandes nomes. Tem uma moçada chegando na redação.

A Rede TV! Não estava no radar de muita gente do mercado, hoje eu recebo por semana pelo menos uns 100 currículos. Outra coisa que surpreendeu internamente foi o esporte. Eu recebo representantes de varias modalidades. Antes o esporte tinha espaço apenas em duas emissoras, Globo e Bandeirantes.

Já não é fácil administrar a grade de uma TV. Agora a Rede TV! aposta também em uma programação especial para as redes sociais através do Portal da Rede TV! com  o ‘RedeTV FC’, ‘RedeTV Geek’, ‘Plano-Sequência’ e o ‘Curtiu RedeTV. É desafiador, não?

É um grande desafio.

O Portal é um grande orgulho da minha gestão. Peguei ele com pouco mais de 2 milhões de acessos, agora batemos 60 milhões por mês. Eu quero sim ampliar o número de blogueiros, temos uma grade como se fosse de televisão. E quem apoiou a gente foi o Facebook. Isso por conta dos debates que realizamos em 2016. O tesouro da coroa é o online. O desafio é integrar as plataformas. O Portal hoje tem redatores próprios, ele fura o jornalismo com consciência.

A Mariana tem uma parceria com o Twitter, as transmissões esportivas com o Periscope. Propondo essa grade alternativa eu quero contratar profissionais, movimentar o mercado, criar formatos próprios que não necessariamente entrem para a grade da TV.

O faturamento do online tem crescido muito. Em pesquisas o portal da Rede TV! aparece em terceiro lugar como portal de televisão: primeiro o G1, seguido pelo R7, depois o da Rede TV!/UOL. Podemos aplicar ao Portal o antigo slogan da Rede TV!, a rede que mais cresce no Brasil.

Vocês apostam em nomes conhecidos do jornalismo como a Godoy, Boris, Reinaldo, Salete Lemos… E os profissionais mais novos também terão oportunidades na emissora?

A gente vem testando outros profissionais da Rede TV! Temos realizado pilotos para os telejornais e também para outros formatos no jornalismo e esporte. Assim que a gente tiver mais espaço na grade profissionais como a Mariana e o Reinaldo terão mais espaço.

Ser um correspondente de guerra ou um superintendente de jornalismo. Qual é o mais desafiador?

São desafios diferentes. Mas sem dúvida é passar pelo desafio de quase morte numa guerra ou situação de conflito… Mas é muito difícil também estar num mercado competitivo com cobranças altas… Durante as reuniões com a diretoria eu consigo explicar pra quem nunca pegou num microfone o que dá ou não pra fazer durante uma reportagem. Eu sinto que quando eu vou cobrar um repórter ele presta atenção no que eu estou falando.

O Leitura Dinâmica e o Rede TV! News possuem públicos completamente diferentes. Por que apostar nessas segmentações?

Hoje praticamente todo mundo faz um telejornal com apresentadores em pé, o Leitura entra no ar no dia seguinte, então ele já projeta a agenda cultural e política do dia seguinte. Tem um púbico jovem. Já o Boris no News tem uma legião de seguidores que cobra dele mais opinião em prol do telespectador.

A Rede TV! está negociando com a CNN e outras emissoras internacionais parcerias de conteúdo como a TV Cultura faz com a DW, BBC?

Não só com eles, mas a gente tem ouvido grandes agências e emissoras para trocas de conteúdo. Eu venho conversando com diferentes emissoras do mundo inteiro pra gente ter parcerias e penetrações fora do Brasil. Assim como outras emissoras terem também espaço no Brasil.

Programas de debates e análises políticas são os destaques da TV por assinatura como Globo News e Band News. Mas na TV aberta e comercial a Rede TV! é a que mais dá espaço para este tipo de formato como o Mariana Godoy Entrevista e o É Notícia. Por que investir tanto no noticiário político?

Existe a possibilidade ter mais um programa de política com o Reinaldo Azevedo.

A gente não tem medo de receber diferentes tendências políticas na emissora. Outras emissoras precisam fazer um filtro tão grande que eles preferem nem ter esse espaço. O nosso editorial acredita que o país só vai crescer quando tiver mais microfones do que uma ou duas emissoras comandando o noticiário político do país. É um assunto que o brasileiro passou a se interessar mais.

Países como a Venezuela contam apenas com um microfone… E isso é perigoso demais pra democracia. Já estamos de olho nos debates pra 2018, deixa-los menos engessados, parcerias com as redes sociais, já acertamos com duas mulheres no comando dos debates [Mariana e a Amanda]. É possível sim um político vir numa TV aberta e ser questionado pelo telespectador. Quem tem que apoiar A, B ou C é o telespectador.

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