“Quem faz TV não é intocável” diz Pedro Andrade da Globo News e GNT

Publicado em 22/08/2018

Pedro Andrade é modelo, jornalista, apresentador e digital influencer. E já trabalhou e muito em Nova York, sua base profissional, em cargos operacionais nos anos 2000. Desbravou a cidade e as redes sociais. Ganhou o mundo. Pedro ficou conhecido entre os americanos por conta de um programa de cultura que apresentou na rede NBC. Com o sucesso na TV americana, despertou a atenção da Globo News que o trouxe pra bancada do Manhattan Connection. Lá se vão oito anos.

Pedro coleciona alguns passaportes, um milhão de milhas. Dezenas de perrengues e muitas histórias com forte apelo social sem resvalar no sensacionalismo tendo lindas paisagens ao redor do mundo. Sua atração, Pedro Pelo Mundo, chega à quarta temporada em 2019. Elogiada por público e critica, o formato levado ao ar no GNT bate recordes de audiência na TV, nas redes sociais e em faturamento também.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Pedro Andrade fala das mudanças que as redes sociais estão provocando no jornalismo e no entretenimento além de curiosidades sobre as suas viagens e carreira: “Nunca fui muito chegado a ideia de que o famoso, ou a pessoa que faz televisão, a celebridade, é intocável. Sempre achei isso muito estranho”.

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Uso da tecnologia

“Como jornalista na Globo News fui percebendo que não era mais uma questão de escolha. A tecnologia não é algo que nasceu no meu DNA, ou natural pra mim. Temos uma enxurrada de informações, 24 horas por dia. Então, ou eu embarcava, aprendia e me adaptava ao mundo de hoje, ou eu ficaria para traz”.

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Manhattan Connection

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Jornalismo e as redes sociais

“Enquanto muitas pessoas reclamam da exposição das redes sociais, no meu caso pelo menos, é uma plataforma de troca. Nunca fui muito chegado a ideia de que o famoso, ou a pessoa que faz televisão, a celebridade, é intocável. Sempre achei isso muito estranho”.

Audiência na TV e redes sociais

“As redes sociais humanizam as pessoas. Pedro Pelo Mundo é recorde de audiência no GNT, no Facebook, é o que mais tem acesso hoje em dia no canal. Eu acho que isso tem muito a ver com essa minha abertura, com a minha linguagem acessível de virar e falar, que eu sou igual a você”.

Mudanças no jornalismo

“O jornalismo mudou, essa coisa professoral, teleprompter de ‘boa noite, estamos aqui’, não existe mais. A forma com que eu me comunico no Twitter é a mesma que eu transmito no Pedro Pelo Mundo. Falando sobre seja lá o que for, ou falando sobre política externa na Faixa de Gaza no Manhattan Connection. Ou mesmo entrevistando o Justin Bieber nos Estados Unidos. As redes sociais nivelaram um pouco essa linguagem”.

Preconceito por falar de política e cultura

“Quando me chamaram pra fazer parte do Manhattan eu falei que não queria ser o café com leite da bancada. E pra não ser o café com leite da bancada, eu tinha que ter argumentos, conteúdos pra poder falar sobre qualquer assunto”.

Jornalismo ao vivo

“O debate faz isso, ele te prepara para o que der e vier. Eu apresentei um programa matinal para a ABC, nos Estados Unidos (The Morning Show) e eram três horas diárias ao vivo. Então, eu tinha que acordar às três da madrugada, e isso também tonifica o seu músculo jornalístico pra poder falar do que for necessário”.

Versão brasileira do Good Morning América

“Acho que é uma coisa cultural, nem tudo que é fenômeno no Brasil será em outros lugares, mas há fenômenos globais como os realities shows, que é um formato que funciona no mundo inteiro. Não sei se necessariamente funcionaria aqui, mas é um programa que tem um público muito específico, e geralmente é aquela pessoa que pela manhã está em casa”.

Foco

“Então, não é pra estudante, porque normalmente eles estão na escola e você tem que levar isso em consideração também, quem é o foco”.

Um tour pela Rússia

“Fui cheio de preconcepções e pré-conceitos, do tipo: ‘ah é um lugar sem liberdade de imprensa, com censura, ou como as mulheres são tratadas’, levando em consideração esses defeitos, me apaixonei por outros aspectos da Rússia”.

Encantado com a Rússia

“Fiquei encantando pela gastronomia, pela arquitetura, por uma série de coisas da Rússia. Adoraria voltar novamente, mas também sei dos problemas que o país enfrenta.”

Contrato com o GNT

“O canal já queria fazer um programa comigo há um tempo, e eu sempre sonhei em fazer um sobre pessoas, sobre realidades de lugares passando por situações irreversíveis. Quando eu sentei em frente a todas as meninas do GNT, elas tinham algumas ideias, e eu falei que não tinha interesse em fazer aquilo. Aprecio e respeito as ideias, mas eu queria fazer de forma diferente”.

Contador de histórias

“No início houve uma certa resistência, e eu não gosto de carimbar ou titular o programa Pedro Pelo Mundo como um de viagem. Eu sou um contador de histórias e eu vou onde elas estão. Então se me levar a Miami será ótimo, mas se me levar para Oquinaua será maravilhoso também. Eu apresentei a minha ideia e deu certo”.

Pessoas e suas histórias

“É difícil. As pessoas me perguntam muito sobre o que foi mais inesquecível… Depois que visitei os três mil templos de Bagan, os campos de arroz do Vietnã, e o deserto de Omã, notei que tudo aquilo de certa forma me marcou, mas o que mais ficou foram lições que as pessoas trocaram comigo”.

Generosidade

“A generosidade de uma pessoa que foi vítima de genocídio, o líder da comunidade LGBT em Moscou que foi espancado, a mulher muçulmana cujo o filho virou terrorista ou ainda, uma mulher que encarou um soldado americano que está numa base militar em Oquinaua…”

Mensagem

“Eu acho que se há uma mensagem que Pedro Pelo Mundo ela é: ‘Nós somos muito mais parecidos do que imaginamos’. O que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa. Seja lá qual for o assunto, essa é a mensagem que o programa quer passar”.

Profissão invejável e que muitos gostariam de ter…

“É por aí mesmo. É a melhor profissão do mundo, mas é muito diferente dos que as pessoas pensam que é. Porque elas não levam em consideração o fuso horário, a mala que se perde no aeroporto. Muita coisa pode sair errado e muito rápido. Por exemplo, eu no meio de um subúrbio no Cairo com uma mulher, cuja a família hoje está na Síria, lutando pelo Estado Islâmico”.

Perrengues durante as viagens

“Somos uma equipe muito pequena, não temos segurança, então, tudo pode dar errado. Eu já passei por vários perrengues, como intoxicação alimentar, mas hoje em dia a gente incorpora. Numa das viagens eu cai na Tanzânia e tirei 47 espinhos de ouriço do meu pé. Quer dizer, essas coisas acontecem, faz parte, mas pra ter os louros, tem que passar por esses perrengues, mas eu gosto de tudo”.

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