Prestes a viver um bandido em Pega Pega, Marcelo Serrado fala sobre a situação política no Brasil

Publicado em 30/05/2017

Após Velho Chico, Marcelo Serrado estará na nova novela das sete, Pega Pega que estreia na Globo na próxima semana, e conversou com nossa reportagem para contar detalhes de seu personagem, o bandido Malagueta, responsável por arquitetar o roubo do hotel Carioca Palace. Confira:

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Pode adiantar um pouco do personagem?

É um personagem divertido e acho que as pessoas vão gostar muito. É uma novela leve, vivemos um momento tenso no país e para aliviar um pouco, a novela vai trazer essa diversão que estamos precisando, a alegria de poder ir para a casa e ligar a TV. A novela das sete tem uma coisa auditiva que você consegue assistir enquanto faz outra coisa, fora que é muito bem escrita, ainda mais fazendo um vilão, que é sempre muito bom interpretar.

Ultimamente as pessoas se encantam mais pelo vilão, né?

As pessoas adoram vilões, e eu também. Adoro ver e fazer vilões, prefiro interpretar vilões a mocinhos. Claro que tem mocinhos bons, o mocinho que o Mateus (Solano) está fazendo é muito bom, muito bem escrito.

Seu personagem é calculista?

Ele é bem pragmático. Arma todas as jogadas para no futuro colher os frutos. É um personagem bem construído, que organiza o roubo com os outros parceiros dele, e depois ele vai se envolver com a Maria Pia (Mariana Santos). Gravei cenas hilárias com a Mariana e faremos uma dupla bem divertida.

Você aprendeu a jogar dardos?

Aprendi sim a jogar dardo, mas esse é apenas um elemento devido a personalidade calculista dele, sempre objetivo, pragmático, matemático. Ele é divertido, e eu estava com saudade de fazer algo assim tão leve. Faz muitos anos que não faço novela das sete. A última novela que fiz teve uma carga muito grande, positivas também claro, mas um trabalho muito denso, e é bom fazer algo diferente, mais leve.

Como ele arma esse roubo?

Ele descobre que está acontecendo a venda do hotel já no primeiro capítulo e pensa: ‘Opa, não vou deixar vender não. Vou arrumar um roubinho aqui, botar um dinheiro no bolso’. E daí, como ele precisa de comparsas, ele instiga aquelas pessoas, que são amigos. É isso.

Ele sempre foi assim ou ele viu uma oportunidade ali naquele momento?

Ele viu uma oportunidade ali. Ele tem um pai que foi preso e ele diz: “vou mostrar pra ele que eu sou muito melhor que ele, porque ele foi preso, e eu não vou ser. Ninguém vai saber e vou continuar trabalhando no hotel. Sou foda!”. É isso! E ele é foda mesmo, vaidoso, se olha no espelho sempre pra ver se está bonito. Bem narcisista!

Como foi aprender a rotina de um hotel?

Tivemos alguns workshops no Copacabana Palace, onde contamos com o apoio do Concierge, e fizemos pesquisas para ver como é o dia a dia dos trabalhadores de um hotel. E o meu personagem é bem malandrão, mas ele sabe receber as pessoas, e formará uma dupla com a Maria Pia, num jogo de gato e rato. Ela é meu par romântico, pois são dois renegados que se apoiam. Ela renegada pelo personagem do Mateus Solano e o Malagueta, renegado pelo pai.

Você acha possível transportar o tema da novela para o momento atual da política?

Acho completamente possível, porque a novela fala sobre a ética, e abre a discussão se vale a pena roubar porque já vemos os outros roubando ali e infelizmente é o que vivemos. Como falo: ‘não dá pra defender ninguém’. Eu não tenho bandido de estimação. O que acontece no Brasil é uma coisa cultural e cabe a nós como cidadãos por exemplo, não subornar o guarda, não jogar papel no chão, e pequenas atitudes. A novela aborda isso de forma divertida.

No ano de 2016, você foi às ruas se manifestar a favor do Impeachment. Você se arrepende?

Fui sim! Como cidadão cada um tem o direito de se manifestar sendo ator ou não. Tem quem queira opinar e tem quem não queira. E não me arrependo nem um pouco, porque fui contra o que estava antes. Nem todo mundo que era a favor do Impeachment da Dilma, era a favor do Temer, como eu não era. É burrice alguém achar que esse governo aí ajudaria alguma coisa. Sempre fui a favor de Diretas Já. É isso.

Você saiu de Velho Chico e de repente veio para essa novela. O que lhe atraiu no papel?

Primeiro, trabalhar com o Luis Henrique (diretor), e depois o que me atraiu por fazer uma novela leve das sete, que eu não fazia há anos. Depois dessa, farei uma novela diferente das nove, escrita pelo Aguinaldo Silva, então terei apenas um mês entre uma e outra para me preparar.

Você está gostando de voltar a mexer com o seu lado cômico?

Eu adoro! Até mesmo o Carlos Eduardo (Velho Chico) era meio doido também, passional, falava com as fotos. Esse não, é mais calculista, não levanta a voz, mas igualmente divertido.

Quais são os seus outros projetos?

Eu vou estrear o filme sobre a Lava Jato, onde eu interpreto o Sergio Moro, e vou filmar o segundo filme do Crô, que está previso para janeiro de 2018.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

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