Prestes a estrear em Espelho da Vida, Ana Lúcia Torre conta que é reconhecida nas ruas como “a mãe do Tigrão”

Publicado em 16/09/2018

Em Espelho da Vida, nova novela das 18h, Ana Lúcia Torre é Dona Gentil. A divertida senhora é dona de uma pensão que herdou do falecido marido, e se encantará por Américo, personagem de Felipe Camargo.

Em conversa com o Observatório da Televisão, a atriz falou sobre a nova personagem e contou que ainda é abordada nas ruas devido ao papel em O Outro Lado do Paraíso. Ela revelou ser espírita, o que a aproxima do tema da trama de Elizabeth Jhin. Confira o bate papo:

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Como é a sua personagem em Espelho da Vida?

“A Gentil é uma pessoa muito divertida. Não tem nada a ver com a Adinéia de O Outro Lado do Paraíso, que também era muito engraçada pela loucura da cabeça dela. A Gentil ficou viúva cedo, teve que correr atrás das coisas para sobreviver, herdou uma pensão do marido, que ele cuida com muita fibra, tem uma filha e uma neta. A filha foi casada com um homem que ela julga maravilhoso, e como eles se separaram, ela fica o tempo todo dizendo para a filha ‘Ah, aquele genro era tão bom, e você nunca vai achar outro igual’. Ela é chatinha assim.

Ela é irmã da personagem da Irene Ravache, e elas são opostas. A personagem da Irene é uma mulher que viajou, viveu muitos anos fora, tem uma cabeça virada para a arte, já a Gentil só pensa em sobreviver. Em determinado momento da história, ela vai se encantar por um hóspede que chega na pensão, e aí enlouquece de paixão. Acho que vai dar um caldo”.

Convite para a trama

Como surgiu esse convite? Porque praticamente emendou com a outra trama, não foi?

“Eu estou encaixando, sou a mulher do encaixe. Eu ainda estava fazendo O Outro Lado do Paraíso, quando o diretor Pedro Vasconcellos veio falar comigo. Eu adoro o Pedro, como pessoa ele é de um carinho, e como diretor tenho profundo respeito. Já tinha feito um trabalho com ele também de autoria da Elizabeth Jhin (Amor Eterno Amor). E quando ele falou comigo da novela, fiquei super encantada. Como estava cansada por ter emendado duas novelas, Êta Mundo Bom, e O Outro Lado do Paraíso, ele me deixou descansar por um mês”.

Esse núcleo está incrível. Você já se enxerga na personagem?

“Sim. Eu adorei, e pela primeira vez na minha vida, e na vida dos meus personagens vou usar um batom vermelho. E vermelho sangue (risos)”.

A Elizabeth Jhin é uma autora que fala muito de espiritualidade. Eu queria saber como você encara isso.

“Eu sou espírita. Na trama, ainda não há vestígio nenhum de que eu irei para o passado, mas acho maravilhosa a temática. Entendo, aceito, gosto e para mim isso tem explicação”.

Quando o filho da Nair Bello faleceu, ela recebeu uma carta dele psicografada pelo Chico Xavier, fez várias cópias e as distribuiu para os amigos. A senhora acha importante esse respeito às especificidades da religião?

“O trabalho de psicografia é sensacional. Quem nunca presenciou, precisa porque é realmente incrível”.

Você conheceu Chico Xavier?

“Eu não conheci pessoalmente, mas papai foi um grande médium. Trabalhou mais de 50 anos na espiritualidade. Ele tinha uma pequena gravadora, e trabalhava com fitas cassete, e todas as primeiras preces e evangelhos do Chico Xavier foram gravadas com papai”.

Ana Lúcia Torre fala sobre a valorização do público pelo ator

Como é para você ser tão requisitada para novos trabalhos em um país que não dá valor à cultura, sobretudo devido à idade?

“É maravilhoso. Não existe valor mesmo, mas o público nos dá esse valor. E é muito bom porque isso nos mantém extremamente jovens a vida toda, porque temos a possibilidade e dever de estudar a vida toda. A cada novo personagem, precisamos fazer minimamente uma pesquisa, mesmo que você não leia, irá procurar pessoas que podem te dar ideias de alguns personagens. Ainda nas novelas de tempos passados, existe uma busca histórica, então estamos sempre trabalhando a cabeça, fora decorar o tempo inteiro”.

O público pede muito a volta dos atores, não é? Temos até como exemplo a Eva Wilma que está brilhando em O Tempo Não Para, de quem o público estava com saudade.  Como é o carinho do público nas ruas?

“É uma delícia. Eu não tenho o menor problema de sair para o mercado, tomar ônibus, metrô. E isso para mim é a coisa mais comum. Eu moro em São Paulo, mas quando estou no Rio, fico na Barra. Tenho muitos amigos na Zona Sul, entro no metrô e em nove minutos estou no Leblon. Isso jamais eu faria de carro, e talvez por esse comportamento tranquilo, as pessoas vem conversar comigo de maneira muito calma. Também por causa da idade, tem um certo respeito, mas é muito gostoso”.

A minha mãe diz que vocês acabam se transformando em patrimônio do público.

“Isso é muito bom. É um respeito expressado através do carinho e isso me conforta”.

O Outro Lado do Paraíso

Você saiu de uma novela mais pesada, que falava da aceitação da homossexualidade. As pessoas te param para falar dessa personagem?

“Até hoje entro em alguns lugares, e as pessoas começam a rir e dizem ‘a mãe do Tigrão’, ‘como vai o Tigrão?’. Foi um tema muito difícil, e nosso núcleo – pelo texto que recebemos – abordou de uma forma leve. Talvez pelo fato de essa abordagem ter sido tão leve, conseguimos muita coisa em termos de pessoas aceitarem, recebemos cartas contando coisas maravilhosas que nos deixavam muito comovidos de saber que por um trabalho conseguimos dar uma ideia diferente àquilo o que certas pessoas pensam”.

Se você fosse voltar no tempo, voltaria para qual época?

“Eu voltaria para várias épocas, mas voltaria principalmente para os anos 20. Eu seria uma sufragista, mas daquelas que vai presa. Adoro” (risos).

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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