Polêmicas, talk-show, cinema, TV e YouTube: as verdades de Fábio Porchat

Publicado em 17/10/2017

Num palco de teatro em que roda o Brasil todos os final de semana juntamente com Miá Mello, encenando a peça Meu Passado Me Condena, é que Fábio Porchat mostra o início de tudo em sua carreira.

Ator de formação e vocação, hoje o artista de 34 anos é muito mais que isso. É um apresentador de um talk-show noturno diário da RecordTV, que marca entre 4 e 5 pontos de Ibope no fim de noite.

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Porchat é roteirista, escrevendo esquetes pro Porta dos Fundos, grupo de humor extremamente influente na internet, mas que já invade a TV por assinatura. Porchat é humorista, apresentando desde 2014 a peça que roda o Brasil, e que no último domingo (15), se apresentou em Aracaju (SE), onde o Observatório da Televisão o entrevistou com exclusividade.

Porchat, além disso tudo, também será marido. Ele se casará em breve com Nataly Mega, fato que fará a peça parar em 2018, afinal, como ele mesmo disse: “A mulher precisa um pouco de mim”.

Porchat é de verdade. E como alguém de verdade, impressiona. Ele atendeu cerca de 115 pessoas que queriam uma foto com ele após a peça numa velocidade impressionante. Atendeu duas entrevistas – uma para a afiliada local da Record e outra para este repórter que vos fala.

Ele falou até mesmo com um homem que não pôde entrar no teatro, mas queria sentir “o calorzinho” de estar com Porchat, e correu para a saída do teatro, onde Porchat atendia o público. No fim das contas, Porchat sentou em seu camarim com a nossa reportagem, e falou suas verdades.

Porchat comenta sobre o seu programa na Record, sobre a internet, sobre a polêmica da vez – a demissão de um jornalista da Folha por ter sido parcial com Danilo Gentili, no filme em que ele participa – e também comenta sobre a internet e o mundo de ninguém que ela representa.

Porchat e Miá Mello
Porchat e Miá Mello Divulgação

Confia a entrevista na íntegra:

Observatório – Você está nesta peça há muito tempo rodando. O que lhe dá tesão em fazer teatro?

Fábio Porchat – Ela estrou em 2014. E o tesão é do público ao vivo, do contato próximo. No teatro, ou você é engraçado ou não é. Esse calor da plateia, da energia, de ter que improvisar, ter que lidar com o ao vivo de verdade. No ao vivo da TV é diferente, você não sabe se o público de casa está prestando atenção ou não. No teatro é o ao vivo mesmo. Claro que, quando você faz uma peça, uma comédia, você tem uma parceira de cena como a Miá Mello, que é divertida, bem pra cima, é muito bom. Desde a estreia pra cá, a gente passou quase todos os finais de semana juntos, então é muito bacana ter uma pessoa como a Miá do lado. Eu falo que encontrei minha mulher no mundo jurídico, minha parte jurídica já casou.

Virando a chave para a TV, você está há um ano e dois meses com um talk-show diário. Como você vê sua evolução desde o início para cá?

Porchat – Eu acho que estou aprendendo, nunca fiz isso na vida. Eu vejo uma evolução muito grande. A gente estreou muito bem, com um programa muito bacana, mas depois que eu fui aprendendo mesmo. Fui ficando menos nervoso, menos ansioso, ouvindo mais, conversando mais, menos seguindo uma linha do que eu pensava e deixando fluir… Isso é o bom do programa diário, você erra hoje e pode corrigir amanhã. E tá só começando, um ano e pouco apenas de programa…

Eu vi na final do Power Couple uma versão ao vivo de vocês. Como é a loucura do ao vivo para o programa?

Porchat – Ao vivo é muito legal. Não tem enrolação, vai acontecer e pronto. Se não tem cenário, faz sem cenário mesmo. O bom do ao vivo é isso, é ter que fazer e vamos nessa, é adrenalina pura.

Programa do Porchat
Porchat entrevistando a banda BrOz Divulgação RecordTV

Tem alguma entrevista que você não fez e gostaria de fazer?

Porchat – Ah, tem algumas… Eu queria com o Silvio Santos…

Vamos falar de coisas reais, do que a gente pode realmente conseguir, Porchat…. (risos)

Porchat – (risos) Eu queria entrevistar o Fábio Jr, é um cara que tenho muita vontade. O Leonardo ainda não foi no programa e é alguém que quero conversar, por exemplo, porque tem muita história pra contar. O Boni era alguém que queria entrevistar também.

Falando de algumas coisas mais atuais, como o Porta dos Fundos. Hoje, vocês são certamente o grupo de humor mais importante do Brasil, e o YouTube está numa vibe de conteúdo mais raso. Como você vê o YouTube hoje?

Porchat – O YouTube ainda é uma novidade para as pessoas. A internet é uma novidade, na verdade. No fundo, o conteúdo está mais fácil porque o público que acessa é de 12 ou 13 anos, que não quer muita complexa, não precisa de algo tão elaborado, ele se contenta com aquilo ali. O que eu sinto é que daqui há 40 anos, essas gerações nascidas já com YouTube não vão mais querer isso. É natural, começa assim. Daqui a pouco os próprios youtubers das antigas não vão querer mais fazer isso. Na verdade já estão, né? O Felipe Neto já subiu, já desceu, já subiu de novo…. A Kéfera já falou que não quer mais fazer isso, quer fazer outra coisa. Então, eu acho que é isso, vai começar fácil, mas depois vai complicar.

Você acha que o Felipe Neto exagerou nas críticas que fez ao Porta dos Fundos? (Nota da redação: em um vídeo recente, Felipe Neto afirmou que ninguém mais assistia o Porta dos Fundos, causando reações dos membros do grupo)

Porchat – Eu não vi essas críticas que ele fez pro Porta… (risos) Eu não acompanho muito, então não sei o que é. Mas eu sinto que na internet ainda é um pouco terra de ninguém, que todo mundo quer desbravar ainda, ver como é.

Você se acha bonzinho? Porque você é um cara que não se mete em polêmica, raramente tem algo nesse sentido envolvendo você….

Porchat – Eu não sei se eu sou bonzinho (risos) Eu falo as coisaS que quero falar, no meu programa, na internet, em qualquer lugar. Religião, aborto, machismo… Eu realmente não tenho essa coisa de polêmica, eu não saio a noite, eu fico mais com a família, eu trabalho muito…. Eu mesmo não dou muita margem para comentar isso. Eu não sou um cara bélico, eu não gosto de brigar, e não gosto que estejam brigados comigo. Eu quero estar bem com todo mundo. Mas ser isso não é ser um bundão. Eu dou minha opinião, falo o que eu penso. No meu programa, a gente sacaneia político, sacaneia geral, no Porta dos Fundos também. Então como eu sou desse jeito, eu falo o que quero e todo mundo respeita.

Vou ter que perguntar da polêmica da vez… Você está no filme do Gentili, certo? Já viu o filme?

Porchat – Sim, vi, na pré-estreia.

E o que achou dele?

Porchat – Eu acho que ele vai certeiro no público que ele almeja, que é a molecada. É um filme pra ser politicamente incorreto. E é um filme que cumpre o que promete, e isso pro cinema e pro público, é fundamental. E o Gentili não engana ninguém.

A polêmica foi mesmo a demissão do jornalista da Folha que confrontou o filme. O que você achou disso? Você acha que os jornalistas querem podar demais esse tipo de humor ou foi exagero do Gentili?

Porchat – Eu vi isso. Eu acho que o cara foi com muita sede ao pote. Ele não gostou do filme, achou o filme terrível, e achou que todo mundo tinha a mesma opinião que ele. Então ele foi pra entrevista com o Danilo e o Fabrício, o diretor, com o espírito de “o jogo tá ganho”. Só que ele se preparou mal, fazendo as perguntas todas erradas, e ele foi ficando com vergonha do que ele mesmo ia perguntando quando tudo foi rolando. Eu achei que foi uma entrevista muito ruim da parte dele. Ele poderia ter feito aquilo de uma forma muito melhor. Mas ele foi fazendo umas perguntas que não faziam o menor sentido. Por exemplo: “O filme foi feito para maiores de 14 anos. Você acha que maior de 14 pode ver?”. Tipo, não fazia o menor sentido…

Voltando pra TV, qual o lado bom e o lado ruim de estar na TV aberta todo dia?

Porchat – Na TV aberta você está mesmo na boca do povo. E sai nota, sai fofoca, e fala de coisas, falam verdades, inventam coisas que não tem nada a ver…

Como falar que você era gay?

Porchat – Isso é o de menos. Um exemplo: falaram que a equipe do programa estava preocupada com não sei lá o quê, mas na verdade nunca esteve preocupada com nada disso, e começam a falar coisas, e no fim dos tempos, você está no olho do furacão. Diferente da TV paga, da internet, na TV aberta você está pra jogo. Não importa sobre o que assunto. Tem umas vezes que começam a falar comigo e perguntam se eu estava sabendo de tal polêmica, mas eu nem sabia do assunto…. (risos) Eu senti isso. E o bom da TV aberta é que você está falando com muita gente. Gente que não me conhecia da TV paga, do Porta dos Fundos, me assiste. O programa tem mais de um ano e só agora eu estou vendo o povo vir falar comigo do programa. Até uns seis meses atrás as pessoas estavam meio sem saber, mas agora a plateia comenta, o povo comenta, todo mundo fala… Agora eu senti que o programa engatou.

Pra terminar, duas perguntas. Primeiro: quais são seus objetivos para 2018?

Porchat – O programa na Record continua, claro…

Você tem contrato até quando?

Porchat – Até 2019. De segunda a quinta, como sempre, tem programa.

Não tem chance de ganhar a sexta?

Não fala isso, pelo amor de Deus (risos) Eu prefiro sem sexta pra poder descansar um dia. Não coloca essa ideia na cabeça do povo da Record (risos) Mas o Porta Afora, meu programa de viagens, que vai ter quarta temporada. E a gente vai transformar o Porta Afora num blog. Então, além dos vídeos, vai ter dicas de viagens, cultura e tudo mais que as pessoas quiserem ver antes de viajar. Vai ter uma série do Porta dos Fundos em 2018 no Comedy Central também. A peça para um pouco, porque eu vou casar, e a mulher precisa de mim um pouco. E vou fazer um filme em janeiro, que eu escrevi, junto com a Claudia Jouvin. Não tem título ainda, provisoriamente estamos chamando de Palestrante Motivacional.

Como você se sente como pessoa neste momento?

Crescendo. Eu estou tentando fincar o pé. O difícil não é subir, é ficar lá, e eu luto para ficar todos os dias.

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