Paloma Duarte sobre Malhação e maternidade: “Os feministas que me perdoem, mas eu vim ao mundo para ter filhos”

Publicado em 09/04/2019

Paloma Duarte está longe das novelas desde Pecado Mortal (2013), seu último trabalho na Record TV, onde esteve contratada por dez anos. Depois de quase seis anos fora da TV, a atriz resolveu voltar para a TV Globo, onde interpretará Lígia em Malhação: Toda Forma de Amar.

Em conversa com o Observatório da Televisão, durante a festa de lançamento da nova temporada da trama, Paloma falou sobre o que a fez voltar para às novelas e contou detalhes da história de sua personagem. Confira:

A sua personagem é uma pessoa do bem? Ela vai ser capaz de fazer tudo para ficar com essa criança?

“Eu acho que qualquer personagem da trama é capaz de fazer qualquer coisa. Ela vive uma situação muito difícil, que é a disputa de uma filha na justiça. É um assunto delicado. A gente vive em um país onde existe mais de sete mil crianças no sistema de adoção, é um tema delicado, um tema que a gente tem que tocar com muita responsabilidade. É claro que tem uma licença poética, é claro que a novela vai usar de uma coisa ou outra que talvez na vida não seja preto no branco, como se diz. Mas ainda é cedo para mim nesse sentido, eu ainda estou gravando o capítulo quinze. Eu ainda não entrei em nenhuma discussão com a Rita.”

É uma situação complicada, porque ela vai adotar uma criança que já tem uma mãe, não é?

“Até onde eu sei, a mãe dela sou eu. Ela foi adotada legalmente, mora comigo há um ano. Tudo tranquilo.”

Construção do personagem

Como você construiu essa personagem?

“Sempre tem um pouco de tudo. A gente estudou por dois meses, tivemos atividades em grupo, para se conhecer cenicamente. Mas essa personagem mexe muito comigo, porque eu sou uma pessoa muito maternal, eu tenho três filhos e um pequeno de três anos. Eu nunca pude falar disso em cena, já fiz personagem que falava sobre não poder ter filhos, mas nunca uma personagem que a maternidade fosse a primeira expressão. Isso me emocionou muito, porque combina muito comigo na vida.”

Como é que fica essa coisa toda de ser mãe, com essa rotina de gravação?

“É puxado, eu sofro muito. Mas temos uma parceria, o Bruno é um pai maravilhoso, quando eu filho nasceu eu optei por parar. É diferente também, do Antônio para as minhas filhas tem vinte anos. Então a mãe que eu fui antes, não é a mãe que sou hoje. Foi mais difícil para mim dessa vez, sair de casa e largar ele.”

Troca

Como está sendo esse casal com o Joaquim Lopes?

“É um casamento feliz, um casamento de longa data, que se transformou em filhos, amizades e parceria. Está cedo ainda para dizer o que vai acontecer com esse casal, mas acredito que coisas virão. As pessoas estão muito acostumadas a ver o Joaquim como apresentador e talvez elas não lembrem ou não tenham tido a oportunidade de ver ele atuando, mas ele é um ator deslumbrante. Ele é absolutamente intenso, dedicado e brincalhão, trabalhar com o Joca é um parque de diversão. Acho que vai dar samba, acho que vai ter muita coisa para a gente realizar ao longo de um ano.”

Três filhos para você é o suficiente ou você gostaria de ter mais?

“Eu teria quinze. Eu adoro a maternidade, os feministas que me perdoem, mas eu vim ao mundo para ter filhos. Eu adoro estar grávida, adoro amamentar, adoro cuidar de crianças, adoro educar um ser humano. A princípio, acho que é um processo encantador. Eu estou em um casamento há oito anos, então ter filhos não é uma decisão solitária. Mas se fosse eu já estaria com mais, com certeza.”

Volta

Como está sendo essa sua volta para as novelas e para a Globo? Como você decidiu voltar?

“Foi o tema, o tema mexeu muito comigo. Eu não sabia se eu estava pronta para fazer novela, porque novela é uma forma muito especifica de televisão, é um modelo muito exaustivo de trabalho. Eu acho que poucos atores podem dizer que tem mais de trinta anos de carreira e nunca trabalharam sem ter muita alegria. Mas eu sou uma exceção, eu sempre trabalhei com muita alegria, de repente eu tive um cansaço e tive que parar. Isso coincidiu com o nascimento do Antônio.

Eu me afastei por cinco anos e não tinha certeza se eu iria voltar para esse formato. Eu voltei a fazer série, voltei a fazer cinema, mas novela eu não sabia se ainda aguentava. Mas quando veio esse assunto maternidade, eu senti aquele bichinho dentro de mim e eu falei que era aí que eu iria. Voltar para a Globo está tranquilo, porque antes de eu sair da empresa, eu fiquei quinze anos nela. Em suma, não é exatamente um lugar novo, mas é sempre muito bom rever amigos, fazer novos. É gostoso.”

E agora com a sua filha Ana Clara na novela, né?

“Eu e a Clarinha já contracenamos em Cidadão Brasileiro, ela fazia minha filha. Já temos muita intimidade uma com a outra e ela é muito talentosa, mas aqui ela está começando, é uma participaçãozinha, a gente ainda não sabe como vai ser.”

Carreira

Existe alguma preocupação por você saber que é uma carreira complicada?

“A gente mora no Brasil, não podemos esquecer disso um único segundo. As pessoas glamourizam essa profissão como se a gente estivesse na Europa, nos Estados Unidos, ganhasse em dólar, tivesse trailer, mas não é nada disso. A gente é brasileiro, continua sendo governado pelas mesmas pessoas. Sim, é uma profissão que a gente ganha melhor, óbvio que eu não estou falando do salário do brasileiro médio, porém o país é o mesmo, o cenário social é o mesmo.”!

Como é que você está se cuidando?

“Eu perdi oito quilos dos ensaios para cá. Eu vim trabalhar e tinha saído de uma cirurgia de hérnia, eu estava toda errada. Mas enfim, o personagem é a vida da gente, a gente sabe que é assim a televisão tem o seu padrão. Não dá para cometer excessos, porque é a linguagem deles e a gente vai se achando.”

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