“Não estou acomodado, estou topando desafios”, garante Silvero Pereira sobre participação no Show dos Famosos

Publicado em 27/03/2018

Depois do sucesso como Nonato e Elis Miranda na novela A Força do Querer, Silvero Pereira voltará às telinhas da Globo. Porém, dessa vez será para homenagear grandes personalidades da música nacional e internacional no quadro Show dos Famosos, do Domingão do Faustão. Assim como outros sete artistas, Silvero terá a missão de performar ao vivo, a partir do dia 1º de abril, cantores que criaram uma trajetória de sucesso, e passar pelo julgamento popular.

Em conversa com o Observatório da Televisão, o ator contou como a relação de carinho com a produção do apresentador Fausto Silva o fez aceitar a proposta para participar da segunda temporada do quadro. Além disso, Silvero também falou como lida com as críticas, julgamentos, carreira e fake news. Confira.

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Como surgiu o convite para participar do Show dos Famosos?

“O convite surgiu logo depois do prêmio do Faustão. Foi o meu segundo contato com a ‘família Faustão’, foi um contato muito bom para mim porque eu já entendi o quanto as pessoas são unidas, queridas, e ali já rolou uma empatia, um sentimento muito agradável entre a gente. Logo depois que a novela acabou, teve o prêmio do Faustão e em, mais ou menos, quinze ou vinte dias depois a Roberta, uma das diretoras do programa, me liga perguntando do meu interesse no quadro. Eu já tinha visto o quadro várias vezes, achava incrível, algumas performances para mim são emblemáticas, como Samantha fazendo Elis Regina. Eu demorei quase metade da performance para entender que era a Samantha. A novela já tinha um pouco disso (performance), Carmen Miranda, cantar Gal Costa, o próprio final onde eu pesquisei muito a Zizi para fazer o Disparada, Fera Ferida. Eu fui me identificando com a estruturada do programa, do quadro e quando veio o convite não teve dúvidas.”

Você chegou a abdicar de algum projeto para participar do Show dos Famosos?

“Existiu um outro projeto dentro da casa também, mas minha decisão por esse projeto tinha partido exatamente da relação anterior com a equipe do Fausto, que foi uma equipe que me deixou muito à vontade. A primeira vez que eu conheci o Fausto, ele foi muito generoso e foi uma das pessoas dentro da casa que me deu, talvez, um dos maiores conselhos que eu podia ter enquanto artista, que era: entender que tipo de artista eu sou, não baixar a minha cabeça e seguir exatamente sendo a pessoa que eu acredito ideologicamente sobre como deve fazer com a arte.”’

Você está preparado para a repercussão das performances?

“Eu não estou muito preparado. Eu sei que é um programa de maior audiência dentro da casa (Globo). Tem a Mariana Xavier, que é uma grande amiga e fez a Dança dos Famosos, que tem confessado para mim a grande pressão que é estar nesse programa, ainda mais numa competição. Eu não sei o que vem por aí, a única coisa que eu posso saber é que, para mim, é um grande privilégio, enquanto artista, ter a escola que vou ter aqui dentro com os profissionais de corpo, de voz, de televisão e de programa de auditório. Então, com certeza serão quatro meses de muito aprendizado.”

Como você lida com as críticas?

“Eu me incomodo, sim. Eu sofro com algumas críticas, mas eu acho que isso faz parte do processo. Ser bem visto ou não, faz parte de como as pessoas recebem o seu trabalho, e elas têm o direito disso, eu passei a entender isso mais fortemente dentro da novela. Quando você é um desconhecido com 10 mil seguidores durante a novela e termina com 600 mil é uma diferença muito grande. Então, tem muita gente te olhando e te julgando mais, mas elas têm o direito de gostar ou não gostar, não sou eu que vou interferir nessa decisão. Aquilo que me afeta muito, que me deixa muito mal, eu realmente me abstenho e tento ficar um pouco mais distante.”

Teve um site que noticiou que a Globo pediu para que você ficasse mais ‘menininho’. Como você recebeu essa informação? Você lembra como foi a matéria?

Estava escrito assim: ‘A Globo mais uma vez querendo heteronormatizar você. Não se deixe assim, não faça o que eles estão querendo’. Aí eu respondi exatamente assim: ‘mas a Globo não me pediu nada. O meu corte de cabelo foi uma decisão minha’. E parte muito do conselho que o Fausto me deu: ‘você já é um artista, você já sabe quem você é, não se submeta a nada, seja quem você é’. E é assim que eu tenho sido, tanto que na minha rede social tem isso: ser ou não ser, seja! Não interessa o que os outros pensam.”

E qual a importância da Glória Perez e da novela A Força do Querer na sua vida? Esse trabalho foi um divisor de águas?

“Totalmente. O Tiaguinho Abravanel e eu estávamos conversando, e a gente disse que se temos que agradecer a um pai e uma mãe dentro dessa casa, realmente, é Fausto Silva e Glória Perez. Talvez, a Glória tenha sido a primeira pessoa que olhou para mim enquanto artista versátil. O mercado inteiro olhava para mim como um artista que só faz um tipo de papel, que só interpreta esse feminino, travesti, trans, e a Glória não. Quando ela olhou para mim disse: ‘você é um ator completo, por isso que eu te quero na novela fazendo dois papéis diferentes, o Nonato e a Elis Miranda’. Então, ela foi a primeira pessoa que me deu a oportunidade de mostrar esse trabalho. A Glória tem uma importância fundamental na minha carreira com certeza.”

Você está satisfeito com essa nova fase da sua carreira?

“Eu estou muito feliz. As pessoas me perguntam: ‘você chegou num lugar ideal?’. Eu não acho que cheguei num lugar ideal. Eu cheguei num lugar bacana enquanto artista, enquanto processo, enquanto trajetória, eu estou muito feliz por esse lugar. Mas, não é o lugar ideal, até porque, se chegar num lugar ideal não tem mais o que fazer. Não estou acomodado, estou topando desafios. Esse projeto tem personagens que não têm nada a ver comigo. Estou apavorado, nem a música eu sei ainda, mas eu decidi por esses personagens, exatamente, para me desafiar, para não me sentir acomodado.”

O que tira Silvero Pereira do sério?

“Muita coisa me tira do sério (risos). Eu vou ser bem clichê, mas é o que eu acho: injustiça me tira muito do sério. A política brasileira, recentemente, é o que tem mais me tirado do sério e aí eu vou falar de uma coisa super atual: a Marielle, por exemplo. É uma das situações mais absurdas que eu vi porque não é uma morte específica, é uma morte de toda uma trajetória, de uma história e de: lésbica, gay, mulher, nega, favelada. São várias vozes que estavam ali na política tentando um lugar, então isso me tira muito do sério.”

Recentemente, você esteve na Disney. Qual conselho você deixa para os jovens que, assim como você, vieram de uma realidade difícil?

“Escute seus pais. Eu acho que a maior lição que os meus pais me deu foi: estude, a única coisa que eu posso dar para você é que você seja dedicado no estudo. Eu acho que o que me trouxe até aqui foi, exatamente, o fato de ser estudante, disciplinado, correr atrás e saber das dificuldades que eu tive. Eu sou uma pessoa que passou fome e passou cede, jamais imaginei que um dia estaria na Disney com todos os privilégios que eu estava. Então, é possível, é possível acreditar.”

Entrando no ramo das fake news, durante sua viagem à Disney, saiu notas afirmando que você estava destratando algumas pessoas que se aproximavam. Como você se posicionou sobre esse assunto?

“Eu fui procurado para dar satisfação sobre isso, mas eu disse que não tinha como dar satisfação sobre algo que para mim não é real. Obviamente que você tem mais visibilidade, as pessoas começam a dizer que você está estrela. Na minha própria cidade, há comentários: ‘O Silvero agora virou estrela’. Mas não é uma questão de ter virado uma estrela. Realmente, às vezes, eu tenho restringido os espaços que eu vou por conta do assédio, porque eu tenho família, porque eu tenho um companheiro, porque eu tenho uma vida. A minha vida íntima também precisa de um pouco de espaço e nem sempre dá para ser em espaço público. Eu acho que é disso que as pessoas sentem mais falta.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano / Colaboração Renan Vieira

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