“Mulher apaixonada é boba” afirma Juliana Paes sobre Bibi em A Força do Querer

Publicado em 29/05/2017

Juliana Paes está dando o que falar na pele de Bibi na novela A Força do Querer. A personagem passará por uma grande virada nos próximos capítulos ao descobrir que seu marido Rubinho está na verdade envolvido com o tráfico de drogas. A atriz conversou com o Observatório da Televisão sobre como a personagem conduzirá seu novo estilo de vida:

Juliana Paes dá declaração quente sobre a forma física do marido

De onde vem a sua facilidade para chorar?

Juro para vocês que não sei. As pessoas falam que sou torneirinha exatamente por isso, pois minha dificuldade é parar de chorar. Existem técnicas para chorar, mas não consigo pensar em nada que não seja o material que a cena me dá. Existem facilitadores para ajudar a chorar como músicas e muita gente acredita que os atores pensam na morte do pai ou da mãe, mas não tem como pensar em algo fora do contexto da cena. Me lembro da primeira vez que me tomei de uma emoção genuína em cena que foi em Laços de Família. Fiz uma cena com a Marieta Severo em que na rubrica vinha escrito: “Ritinha chora muito”; e eu pensei: “Ferrou. Como vou fazer isso?”. Estava apavorada, nem dormi naquela noite. Aí chegamos no ensaio, a Marieta veio com tudo pra cima de mim, no primeiro olhar que ela me fuzilou e disse: ‘Rita, como você pôde fazer isso comigo?’, eu já desabei e eu mesma tomei um susto comigo. Ao mesmo tempo que eu estava chorando, eu estava feliz por ter conseguido, por estar dentro e sentir aquela emoção. Meu coração batia acelerado. Você vai aprimorando e tenta não gastar no ensaio, mas aqui em A Força do Querer, a torneirinha é muito aberta porque colocam criança. Quando tem criança no meio, o buraco é um pouco mais embaixo. Sou mais emotiva nos meus personagens do que na vida real. As pessoas dizem: ‘você deve ser a maior chorona’, e eu não sou não. Minhas personagens choram muito mais do que eu, acho que eu faço um estoque para usar nas cenas (risos).

Ela realmente acredita nas mentiras que o Rubinho conta?

Ela acredita! Claro que acreditar e não acreditar é algo muito mais complexo do que as pessoas pensam, e acho lindo essa ambiguidade construída pela Gloria (Perez, autora). Toda essa complexidade de personagem a gente já sabia que existia, mas não sabíamos se o público iria entender essas nuances. O público é muito esperto e entende sim, mas a Bibi quando está sozinha questiona as atitudes do marido, e se recusa a acreditar que tudo o que ele diz seja mentira. Ela apostou neste homem e ela tem dentro dela algo para provar aos outros que ela acertou fazendo essa aposta. Mulher apaixonada é mesmo muito boba, e a Bibi é cega de amor. Eu acho divertidíssimo ver a situação de fora. Outro dia li no Twitter alguém chamando ela de ‘Biburra’ (risos). Quanto maior a confiança, maior a queda, e estamos construindo o clímax para ela cair do cavalo muito feio.

Quando ela desconfia dele, ela sempre acredita que seja outra mulher, e nunca outra coisa?

Ela nunca vislumbrou que seja tráfico. E a desconfiança que passa na cabeça dela é dele estar com outra mulher. Então pra ela, se não for outra mulher, está tranquilo (risos).

Como está sendo construir esse clímax?

Primeiro vem o trabalho de controlar a ansiedade. Quando você está perto de fazer algo para o qual você se preparou tanto, é normal o questionamento: “Será que está faltando algo? Será que me preparei bem?”. A nossa ansiedade é maior porque a minha geração de atores principalmente, acompanha as demandas de público, e que ele está falando. A coisa que mais escuto na rua são as pessoas falando: “Estou louca para ver a Bibi Perigosa”, e as pessoas torcem para essa mulher enxergar logo a verdade. O que não podemos é frustrar as expectativas.

Como foi pra você pegar esse texto em que o Rubinho assume o envolvimento com o tráfico?

Esse momento foi assim, mamãe estava lá em casa e falou pra eu não demorar a subir porque precisava acordar cedo para levar as crianças na escola no dia seguinte. Eu respondi: “Eu só vou ler as cenas de amanhã e subo”; aí comecei a ler o bloco novo, passou meia hora, depois passou 1 hora, a casa inteira foi dormir e eu fiquei lendo. Quando cheguei no capítulo 66, tive que parar para respirar. A Bibi vai descobrir depois do Rubinho preso que ele está num site de namoro, ela vai até a cadeia e confronta ele, e ele diz: “Não Bibi, não estou em nenhum site de namoro. É droga! Eu estava fazendo tráfico de drogas”, e o capítulo terminou assim, e não tinha mais nada. Quem disse que eu dormi? Fiquei enchendo o saco da produção até me darem o restante dos capítulos, porque a ansiedade é tanta que é como ler um livro que não tem final.

A partir daí começa uma nova história para a sua personagem?

Esse é o grande momento que eu preciso debruçar e pensar em como fazer. Conversei com a Gloria esses dias e ela me disse que essas cenas ela tem consultado o livro da Fabiana ( a verdadeira Bibi Perigosa). Na minha cabeça ele ser preso tudo bem, mas a partir do momento que ela sabe que ele está envolvido com drogas, é que começa para mim a virada mais difícil, porque a Gloria construiu uma personagem muita reta eticamente, e agora é o homem dela quem faz tudo o que ela sempre abominou. Tenho palpite que ela é tão apaixonada que ela vai bancar isso por não querer perder a aposta que ela fez neste homem. Pra ela, ele está no desvio e isso é uma fase que vai passar, e ela vai tirar ele dessa, para voltar a ser o pai de família. Existe essa promessa de redenção, e vou mirar as energias de Bibi nisso.

Para quem assiste seria compreensível que ele tivesse começado a se envolver nisso naquela época em que eles foram despejados, mas o que o público viu foi ele se envolvendo com o tráfico depois de já ter uma casa, e uma vida financeiramente estável. Concorda?

Mas ele pode ter começado naquela época e a gente não sabe. E isso é o gostoso de ver a novela, e eu realmente como telespectadora acredito que ele tenha se envolvido com o mundo do tráfico bem antes, porque ninguém vai lá na boca do traficante da noite pro dia e diz: “Agora quero começar a trabalhar”. Creio que ele estava nisso bem antes, só que pequenininho ainda. Depois que ela aceita, ela pensa: “Meu marido é bandido. Vou abandoná-lo por ele ser bandido? Claro que não”. É isso o que ela pensa, e passa por cima de um monte de coisas. Mas quando ele começa a pedir pra ela certos ‘favores’, para que ela consiga ajudá-lo dentro da prisão e ela começa a viver aquele mundo que ele estava vivendo, existe um deslumbramento por parte dela.

Foi ao ar uma cena que eles estavam em Angra e ela revela o desejo de morar num lugar como aquele. A partir daí começa o encantamento dela pelo dinheiro fácil?

Sim. Mesmo que em novela venha tudo escrito, existem formas de você intencionar uma fala. Tinha uma fala do Rubinho na cena de Angra em que ele dizia: “Dinheiro é tudo nesse mundo, né?”; e a Bibi diz: “Tudo no mundo é amor, paixão. Você nunca ouviu falar que dinheiro não traz felicidade?”. Mas ela disse isso amando estar vivendo aquilo ali, usando aquele dinheiro. Escolhi esse caminho porque lá na frente preciso que esse deslumbre aconteça, então já preparamos terreno.

Para defender o Rubinho, a Bibi pedirá ajuda ao Caio. Como será essa aproximação?

Ela pede, mas não gravamos nada disso ainda. Eu acho um barato porque é passar muito por cima do orgulho, afinal, ela já disse uma vez: “Finge que tu não me conhece”, e de repente ela vai lá e pede: “Salva meu marido”. Gravamos uma cena que a Aurora fala assim: “Você ama o amor que ele te dá e a forma como ele demonstra”, e pode ser. Ela nunca esqueceu o Caio, a paixão dela é o amor. Ela ama estar apaixonada.

O grande amor da vida dela é o Caio?

Eu acho que ele foi o primeiro grande amor da vida dela. Ela realmente acredita que ela foi preterida pelo trabalho e pela profissão. A mágoa dela é não ter sido o foco principal da vida dele.

E esse pedido de ajuda vai fazer com que exista um clima entre os dois?

Ih, clima? Vai ter, sempre tem. Sempre quando vou fazer cena que a Bibi encontra o Caio, ouço a voz do Tim Maia cantando: “Paixão antiga sempre mexe com a gente”. (risos).

Que tipo de amor é esse? Como você consegue chegar a isso?

Eu não sei. Eu acho que o ser humano é muito assim, e tem saudade do que não viveu. O amor prometido, e a promessa de uma vida é mais forte que a própria realidade. Essa projeção do que poderia ter sido o amor desses dois é o que faz com que eles arrastem correntes.

Você disse que é muito racional em relacionamentos. A Bibi lhe mudou em algo, lhe tornando mais emocional?

Não. Eu acho muito doido essas cenas que o pessoal fica chorando, se arrasta na parede e vai descendo (risos). Eu não sei que sofrimento é esse, pra mim é assim: “Ah terminou? Beijo, tchau”. Nunca tive isso, nunca arrastei corrente por relacionamento. Não estou querendo me gabar, acho bonito quem sofre por amor mas nunca aconteceu comigo.

Você acha que vale a pena amar como a Bibi ama, passando por cima de tripés da ética e da moral?

Eu acho que não. Pra mim vale a pena estar num relacionamento que você durma tranquilo, o que vale a pena é você estar em paz com seus próprios princípios, senão, vai estar sempre cobrando do outro, “eu matei por você”, “eu roubei por você”, etc. Infelizmente existe muita gente vivendo assim, imagine as esposas dos políticos (risos).

Na história de Bibi e Rubinho tem ainda a figura do Dedé, filho deles. Como ele fica?

Dedé (João Bravo) é só uma peça que dá mais força a Bibi de manter essa família viva. Tem gente que enche a boca pra falar: “ele é o pai do meu filho”, e isso para a Bibi é muito forte. E ela fala: “Não vou abandonar o pai do meu filho”. As pessoas passam por cima de muita coisa para manter essa unidade, essa célula. Estamos tendo um super cuidado com isso. Ontem quando fomos gravar na Tijuca, uma cena na prisão, com algemas e tudo, não deixamos o João ver nada disso. Temos muito cuidado com ele, fizemos a sequência sem ele ver nada, gritaria, camburão, choradeira, tentamos fazer isso brincando para não afetá-lo.

As cenas que vocês gravaram hoje, o Rubinho estava sendo preso?

Sim, ele é preso dentro de casa e vai para a pra prisão. Bibi se desespera, vai até lá e fica sabendo que não tem jeito de tirá-lo da cadeia como da primeira vez, porque além da desconfiança da Jeiza (Paolla Oliveira), ela descobre que encontraram um celular que tinha ligação com o tráfico, e ele tem um mandato de prisão. E quando ela volta pra casa, é como se ela tivesse perdido um braço, uma parte dela.

A Bibi perde um pouco essa doçura que tem quando ela passa a ser a Bibi Perigosa?

Um pouco, mas antes do deslumbre, ela passa por uma decepção muito grande. É como se o nível de amor dela caísse, e vai haver uma quebra, e uma endurecida antes dela se transformar.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

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