Monica Iozzi será empresária de influenciadores digitais em A Dona do Pedaço: “Universo muito diferente do meu”

Publicado em 15/05/2019

Monica Iozzi está pronta para estrear em A Dona do Pedaço, próxima novela das nove da Globo que estreia dia 20 de maio, substituindo O Sétimo Guardião. Na trama escrita por Walcyr Carrasco, ela será Kim, uma empresária em redes sociais que administra a carreira das influenciadoras digitais Vivi (Paolla Oliveira) e Jô (Agatha Moreira).

Cheia de atitude, estilo e dona de um poderoso cabelo platinado, a personagem é espontânea. Em entrevista ao Observatório da Televisão, Monica descreveu a personalidade de Kim, que, apesar do jeito impulsivo, mostrará suas garras ao se interessar por Márcio (Anderson Di Rizzi).

Gerente da fábrica de bolos que a protagonista Maria da Paz (Juliana Paes) trabalha, o rapaz terá seu namoro com Silvia (Lucy Ramos) arruinado por Kim.

Confira a seguir a entrevista na íntegra:

Como será a sua personagem?

A Kim é uma agente, empresária. Na verdade, ela tem várias funções. Ela coordena a carreira de algumas das maiores Instagrammers, blogueiras, Youtubers de moda do Brasil. A principal cliente dela é a personagem da Paolla Oliveira, que é a Vivi. Ela também vai começar a empresariar a personagem da Agatha (Moreira), que é a Jô: Josiane, mas pelo amor de Deus não chamem ela de Josiane (risos). Tem que chamar ela de Jô, senão ela fica indignada. Essa mulher tem m papel muito importante porque ela nunca está na frente das câmeras, ela está sempre por trás. Ela que coordena: essa roupa é boa; essa roupa não é boa; aquele ângulo é bom; isso eu já conheço; isso já foi”.

O nome dela é inspirado na Kim Kardashian?

Não, mas ninguém sabe direito que nome é esse. Será que ela se chama Kimberly? Será que é um apelido? Será que ela criou esse nome. Ela é uma pessoa que se construiu. Mas mesmo sendo essa pessoa criada, quase um personagem, ela é muito espontânea na relação com os outros. Se ela tiver que ser grosseira, ela vai ser. Se ela tiver que ser amorosa, ela vai ser. Eu diria que a Kim não tem filtro. O que vier à cabeça, ela fala. O que tiver com vontade, ela faz. Se ela estiver numa festa, se interessar por um homem e quiser ficar com ele, ela vai chegar e beijar. Se não der certo, ela parte para a próxima”.

Inspiração

Em quem você se inspirou para compor a Kim?

Eu me inspirei muito nas grandes editoras de moda, que são as pessoas que estão ali atrás tendo um olhar de vanguarda para a tendência. O que vai acontecer? O que vai ser bacana? E é um universo muito diferente do meu. Eu estou encantada e apaixonada”.

Já aprendeu um pouco mais de moda com esse universo da Kim?

Ainda estou aprendendo, porque estou pesquisando faz alguns meses. Eu comecei a seguir pessoas que não seguia. As revistas de moda eu sempre segui, gosto muito de moda, mas agora é um outro olhar. Agora quando vejo uma revista de moda, um editorial, eu reparo: que cenário é esse? Por que essa cor? Que luz é essa? Eu estou mais antenada, tentando entender o que está acontecendo no universo da moda e das Instagrammers, que não são necessariamente ligadas à moda mais fashionista, têm perfis diferentes. Os estilistas são artistas. Você se comunica muito da maneira com a qual você se veste, e eles propõem todas essas novidades e mudanças. Isso tem a ver com linguagem, isso é comunicação também. Eu estou muito curiosa. E a troca da minha personagem com a personagem da Paolla é muito rica nesse sentido”.

Relação da Kim e Vivi

Como será a relação dessas duas personagens?

Elas são tão próximas, trabalham juntas há tanto tempo, são tão amigas, que elas têm uma liberdade total uma com a outra. Eu acho que a gente só é grosseiro com quem a gente é muito próximo. A gente só dá ‘piti’ com quem a gente é muito próximo. Elas são muito sinceras uma com a outra. De vez em quando rola umas rusgas. Acho que é uma relação em que nesse momento que vivemos com o poder da internet e das redes sociais, esses milhões de seguidores que essas meninas têm, vamos nos comunicar muito bem com esse público, que são milhões de pessoas desse universo das It Girls”.

Colocando as pesquisas em práticas

Você já usou algumas dicas da personagem nas suas redes sociais?

Nossa, ainda não. Mas acho que é uma boa ideia. Para não falar que nunca percebi nada, o ângulo da selfie é muito importante e definitivo. O ângulo da selfie pode te derrubar ou pode te fazer deusa Rihanna. De baixo jamais, por nenhum motivo, nunca. De cima para baixo favorece bastante, mas para fazer vídeo falando é melhor de frente. Essa coisa de ângulos estou pegando bem, mas por enquanto é só. Estou evoluindo nesse sentido, mas nas minhas redes sociais vou continuar sendo eu mesma. Eu apareço sem maquiagem, eu não me preocupo com luz, só quando estou muito derrubada com olheiras de William Waack eu coloco um filtrozinho do Instagram. O bom é isso: saiu da gravação, guardo a Kim no armário e volto ao meu jeito Monica de ser”.

Mulher de atitude

Como é a personalidade da Kim?

Eu acho que ela é muito espontânea, mas, ao mesmo tempo, é inteira montada. Você não vê muitas coisas naturais na Kim. O visual dela é completamente pensando, a maneira como ela fala é muito pensada, o próprio nome dela. É uma pessoa que se propõe mesmo a mostrar que se modifica, que gosta de parecer com outra pessoa”.

A Kim vai se interessar por Márcio (Anderson Di Rizzi) e acabar com um relacionamento dele. Você tem alguma semelhança com ela no campo amoroso?

Nunca. Não. A vida passa muito rápido. Depois de uma certa idade, você sabe o que funciona e o que não funciona. Então se deixou de funcionar, se o amor se transformou em amizade, se começou a se interessar por outras pessoas, deixa passar. Viva e deixe viver. Eu tenho mais essa filosofia. Nunca fui persistente, sou mais na minha”.

Novo visual

As loiras são mesmo mais fatais?

Eu não acho. Eu prefiro as morenas. Brincadeiras à parte, tem uma coisa que achei interessante: quando fui tingir o cabelo, eu era a única morena do salão. Aí eu tingi e só tinha gente loira. Isso me chamou um pouco a atenção. Que relação é essa que nós mulheres brasileiras – porque isso é uma coisa muito comum no Brasil – temos? Se você vai para a Europa não tem tanta mulher loira assim. Isso me fez pensar nesse fetiche que nós brasileiras temos com essa coisa ariana, nórdica. Acho que [o cabelo loiro] chama mais atenção, porque fazia tempo que eu não ouvia um ‘psiu’ na rua e agora está uma coisa quase insuportável. Outro dia eu estava de moletom e chinelo andando com minhas cachorras, juro por Deus, que o moço parou o carro e falou: ‘oh loira!’. Achei que era um conhecido meu, mas era um homem que não deveria ter feito isso, mas isso nunca aconteceu comigo morena. Acho que eu continuo belíssima da mesma maneira, porque eu sou sempre fui muito bonita. Mas agora chama atenção de uma outra maneira, é uma loucura”.

Você pretende manter o loiro quando acabar a novela?

Eu acho que, assim que acabar o trabalho, vou voltar a ser morena. Talvez eu raspe a cabeça (risos). É verdade, gente. O loiro dá muito trabalho, mas estou cuidando. Não arrebentou ainda, mas tem que secar todo dia, gastar milhões de reais. A ideia foi minha, então por mais que dê trabalho, eu tenho que ficar feliz e abraçar”.

Monica Iozzi muda de visual para interpretar Kim em A Dona do Pedaço
Monica Iozzi muda de visual para interpretar Kim em A Dona do Pedaço Foto TV Globo João Cotta

Processo de adaptação

Você se estranhou um pouco logo quando decidiu mudar radicalmente a cor do seu cabelo?

Ainda acontece, juro. Faz quarenta dias e ainda acontece. Na primeira semana que eu fiz o cabelo, eu fiquei doente e fui para o hospital. Eu tive com cólica renal, e o cabelo caiu na lateral do meu rosto. Quando ele veio (na mão), achei era um bicho, porque é uma coisa branca (a cor). Eu dei um grito no hospital, o enfermeiro veio, mas era só o meu cabelo (risos). Existe esse processo de se acostumar. O loiro não te permite sair de jeito nenhum sem maquiagem. Eu saio, fod*-se! Mas se for para trabalhar não dá porque senão fica toda amarela”.

Como você costuma se produzir no dia a dia?

Eu passo um blush chamado Benetint, que é líquido que parece que não fez nada. Passo na bochecha e na boca, um rímel. Prendo o cabelo, porque se não fiquei uma escova fica uma palha e eu não vou fazer fora do trabalho, e saio”.

Vídeo Show e futuro como apresentadora

Você pensa em voltar a apresentar um programa?

Sim! Eu nunca deixei de apresentar por um abandono. Sempre pensei em voltar a apresentar. A princípio, era para eu ter ficado três meses no Vídeo Show, e eu fiquei um ano. Era um conteúdo que improvisávamos muito, mas vai chegando um determinado momento em que você se sente um pouco sem repertório. E eu estava com muita saudade de trabalhar como atriz. Aí eu tinha recebido o convite do Maurinho Mendonça para fazer a série (Vade Retro) e sai. Eu pretendo voltar a apresentar, mas agora tem que ser uma coisa que tenha a minha cara e assinatura. No Vídeo Show, a gente brincava muito com um conteúdo que existia há 30 anos. Então quando eu for fazer um programa de novo tem que ser para falar de coisas que são caras para mim, que eu acho que as pessoas vão gostar de conversar. Eu acho que não vai demorar”.

Monica Iozzi e Otaviano Costa apresentando o Video Show
Monica Iozzi e Otaviano Costa apresentando o Video Show Foto Reprodução Globo

Como você recebeu a notícia do fim do Vídeo Show?

Eu fiquei triste. Primeiro porque é uma coisa que estamos acostumados. Eu não me lembro de não ter existido o Vídeo Show. Mas ao mesmo tempo, eu acho que os programas têm suas histórias. A gente não pode falar que deu errado e acabou. Não! Deu certo durante mais de 30 anos. Todo mundo leva o Vídeo Show no coração e tem lembranças especiais, e eu acho que cumpriu o seu papel. Muita gente apareceu ali, apresentadores consagrados também formaram ali. Eu acho que o programa realmente cumpriu o seu papel. Eu fiquei muito feliz de ter participado, foi um divisor de águas na minha carreira”.

Em algum momento você se arrependeu da decisão de sair do programa?

“Não”.

Haters e redes sociais

Como está sua interação com o público na internet? Os temidos haters continuam te atacando?

Está tão tranquilo. É aquela coisa: você não se colocar (opinar), a escolha é sua, mas eu não consigo. Se eu fosse professora, maquiadora, uma pessoa com milhões de seguidores ou 10, eu falaria as mesmas coisas. Realmente, eu não consigo me calar. Eu tenho um interesse muito grande pela vida em sociedade e política desde muito cedo. Política é a nossa vida. As pessoas falam que não se interessam, que é chato, mas tem que se interessar. Talvez se as pessoas se interessem mais, a gente estaria numa situação um pouco melhor”.

Monica Iozzi nas redes sociais
Monica Iozzi nas redes sociais Foto Reprodução Instagram

Você desativou seu perfil no Facebook e agora interpretará uma agente do mundo online. Você pensou em retornar para essa rede social depois que sou do universo da Kim?

Eu achei engraçado porque essas pessoas, principalmente as mulheres, não lidam com o Facebook. O Facebook não é presente, elas se encontraram no Instagram porque lidam basicamente com imagem. Então eu não senti tanto essa dicotomia. Eu decidi sair do Facebook porque é muita coisa. Quando você vai ver, já passou três horas do seu dia (navegando na rede social). Eu estava com três redes sociais, deixei o Twitter e o Facebook para lá. Eu sinto que existe uma leveza ainda no Instagram que se perdeu um pouco no Facebook. Todo mundo falou: ‘sua louca, perdeu milhões de seguidores’. Eu não estou em rede social por causa de números de gente, eu estou para me comunicar com quem quiser ouvir. Se for um ou dois milhões, ótimo. O que vem primeiro é minha felicidade. Estava consumindo muito do meu tempo, então eu achei melhor sair”.

Política

Você já se interessou em se candidatar?

Não (risos). Meu papel é como artista e comunicadora, e dá para fazer bastante coisa. Eu admiro muita gente que vai fazer política, porque a engrenagem é viciada há muitos anos e pesada. Conheço muita gente também que admiro dentro da política. É muito fácil a gente falar que nenhum político presta, mas tem muita gente boa e que são verdadeiros heróis. Por em quanto, pelos próximos anos, eu não tenho essa pretensão”.

Depois da polêmica com o Gilmar Mendes, você começou a analisar sobre o que postar nas redes sociais?

Não. Se eu começasse a ter esse tipo de filtro, eu estaria concordo com a censura que ele tentou impor em minhas opiniões. Eu continuo falando que penso, talvez com um pouco mais de cuidado, digamos assim. Porque eu também não tenho dinheiro para sair pagar para esse pessoal (riso). Mas eu continuo falando e isso não vai mudar em mim. Eu tenho certeza que isso não vai mudar, porque se mudar eu implodo, desenvolvo um câncer”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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