Monica Iozzi fala sobre sua personagem em Assédio: “Minha carreira desse trabalho para frente vai ser outra”

Publicado em 01/10/2018

Conhecida por interpretar personagens cômicos, a atriz e apresentadora Monica Iozzi saiu da sua zona de conforto em Assédio. Na nova série da Globo sobre os casos de abuso sexual do médico Roger Sadala (Antonio Calloni), Monica interpreta a personagem Carmen. Ela é uma das vítimas de abuso na trama e falou em entrevista ao Observatório da Televisão,  sobre a importância de ter realizado esse trabalho. Ela inclusive que acredita que sua carreira daqui para frente não será mais a mesma. Confira:

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Você sentiu logo de cara que esse papel seria muito importante na sua carreira?

“Sim. A princípio eu não pensei que seria importante nesse nível, de eu realmente achar que a minha carreira desse trabalho para frente vai ser outra. Para mim como atriz e como mulher também. Além disso, minha personagem, não faz parte dessas que estão em todos os episódios. Tem várias personagens como a minha e a da Barbara Paz, que servem também para mostrar o número de mulheres que sofreram abuso. Tem as personagens principais, que ficam na história desde o começo”.

Como é a sua participação?

“Minha participação basicamente, é o momento em que ela é estuprada e anos depois aparece no tribunal dando o depoimento na frente do médico. Ela foi questionada do porque que ela voltou ao consultório dele após o abuso. O depoimento dela é muito em cima disso, de contar que o maior sonho da vida dela era ser mãe e que ela não iria deixar de viver isso por conta da violência que sofreu. Eu tentei focar muito nisso. A maldade dele é uma coisa tão inacreditável, que ele se utilizava dos sonhos das pessoas para matar parte delas”.

Entendendo a personagem

Você conseguiu se colocar no lugar a ponto de entender, o porquê algumas mulheres demoraram para denunciar?

“Hoje com a legislação que a gente tem, com a facilidade de discussão e divulgação que a gente tem por causa da internet, uma mulher que se propõe a ir até uma delegacia e denunciar, às vezes vai ser alvo de machismo. Ela vai ser desacreditada por aquela equipe que ouve essa denúncia. Nós temos um cenário no Brasil, em que a delegacia que atende a mulher não funciona 24h. Se uma mulher sofre um abuso de madrugada, ou vai para uma delegacia comum, onde ela vai ser atendida majoritariamente por homens, provavelmente vai ser desacreditada.

Ou então ela tem que esperar para ser atendida em horário comercial. A gente está falando de casos que começaram na década de 70 e a maioria deles aconteceu de maneira mais incisiva na década de 90. Se hoje a gente tem essa dificuldade, imagina naquela época? Eu acho que é muito fácil a galera questionar o porquê a mulher não denunciou, a gente ouve muito isso”.

Redes sociais

A gente vê você sempre ligada nas redes sociais, comentando coisas sobre o feminismo e ativismo político. Você sente que paga um preço por isso, de ser julgada por muitas pessoas?

“Eu acho que tem sim esse ponto. Parece que algumas pessoas entram muito mais vezes na internet para criticar algo, do que para elogiar. Parece que a raiva move mais do que a admiração e o amor, pelo menos na internet. Isso me cansou um pouco, cheguei a tirar um ano de folga das redes sociais por ter me cansado”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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