Marcela Siqueira fala sobre maldade de Tânia contra Gisela em Verão 90: “Ela foi envolvida numa trama”

Publicado em 23/04/2019

Tânia fará uma maldade que deixará os telespectadores surpresos nos próximos capítulos de Verão 90, na Globo. Interpretada por Marcela Siqueira, a dedicada babá da pequena Isadora (Duda Wendling) provocará a separação de sua patroa Gisela (Débora Nascimento) e Patrick (Klebber Toledo).

A armação será toda planejada pela poderosa e temida Mercedes Ferreira Lima (Totia Meireles). A ricaça não aceita o relacionamento da filha com o eletricista, que nas horas vagas sensualiza nos palcos como gogoboy.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, a atriz Marcela Siqueira conversou sobre essa reviravolta nas ações de sua personagem. Ela também deixou escapar que detalhes pessoais da vida de Tânia serão expostos. A moça, por exemplo, tem um noivo preso e uma mãe doente.

Ao longo do bate-papo, Marcela ainda recordou a experiência do seu primeiro emprego. Aos 17 anos, a atriz, assim como sua personagem, precisou cuidar de uma criança para ganhar dinheiro.

Confira a entrevista a seguir:

Você esperava que a Tânia teria esse momento de crescimento na novela?

Quando surgiu a oportunidade de eu fazer a Tânia, era uma personagem que iria ficar durante o elenco apoiando a família Ferreira Lima. Mas o curioso é que entre os autores, eu sempre ouvia uma piadinha. E eu ficava sempre curiosa e não sabia o que ia acontecer. Realmente, de fato, vai ter uma mudança. A Tânia vai ser envolvida numa trama. Isso vai acabar gerando um mal-entendido entre a Gisela e o Patrick, porque vai envolver a Tânia no relacionamento deles e a Isadora também. Então, a Tânia que é uma pessoa que serve de base para a família, tem um relacionamento afetuoso com ela, vai acabando tendo um mal-entendido que vai mudar o rumo dessa história”.

Essa reviravolta será motivada pela Mercedes (Totia Meireles)?

É uma história que vai envolver a Tânia com direcionamentos diferentes. Envolve a família toda. É uma coisa que vai afetar todo mundo”.

A cena já foi gravada? Como foi esse momento?

Já gravei. Ainda falta uma sequência, mas eu já gravei. Quando eu recebi e li esse roteiro, foi engraçado porque me emocionou também. Eu não sabia quem estava sendo afetada, se era a Tânia ou se era a Marcela. Foi uma coisa que me emocionou também, me senti até triste. Fiquei com pena da Gisela e da Isadora. Mas eu acho que é uma coisa que, de fato, vai servi para a gente ver um pouco da essência dos personagens envolvidos nessa trama ”.

Como ficará a Tânia depois dessa reviravolta? Ela vai ficar mais forte na trama?

Eu acho que foi uma maldade que acabou envolvendo todos esses personagens. E eu acho que em cada um vai afetar de uma maneira diferente. Acho que para a Tânia, como personagem, isso agrega muito na trama para ela, e acho que isso fortalece sim a personagem. Agora, o direcionamento disso eu não sei porque ainda não recebi os próximos passos”.

A personagem tem consciência do que vai acontecer?

Ela foi envolvida numa trama, e isso faz com que a personagem se sinta usada. A partir do momento que você é envolvido de uma forma que não tem controle sobre aquilo, é muito mais difícil você decidir por conta própria se vai fazer ou se não vai fazer. Você fica num mato sem cachorro”.

Parceria com Débora e Duda

Como está sendo contracenar com a Débora Nascimento e Duda Wendling?

Elas sempre foram muito queridas. A Débora troca muito comigo, muito gentil e generosa. A gente acabou fazendo uma relação de apoio mesmo uma para a outra. Ela sempre me deu dicas, até de posicionamento. A Isadora é um amor, a personagem, e a Duda Wendling também é uma fofa. Ela está sempre alegre pelos cantos, sorrindo, brincando, cantando e contagiando todo mundo. Então isso faz uma diferença na hora de fazer o trabalho, inclusive numa cena que demanda emoção”.

A novela resgata um clima de nostalgia dos anos 90. O que você mais gostou dessa época?

Eu sou nova, tenho 38 anos. Mas nos anos 90, uma coisa que eu brinquei muito, que acabou aparecendo para mim de volta, foi o pogobol. A Duda ganhou um, levou para um encontro que tivemos, ela queria aprender e eu já sabia. Então eu acabei ensinando ela a pular pogobol e acabei comprando um. Agora estou ensinando os meus filhos em casa, que também querem aprender a pular. Isso foi uma coisa bem legal que aconteceu. Você acaba relembrando muita coisa da época também, isso foi muito legal: músicas e várias outras coisas que voltaram e que a gente curte”.

A trajetória de Tânia em Verão 90

A presença da Tânia em diálogos importantes entre a Gisele e a Isadora já revelava o crescimento dela na história?

Eu acho que desde o início as autoras tiveram uma preocupação social com a Tânia. Eu acho que o papel da babá e do profissional que trabalha no lar é sempre envolvendo esse afeto entre as pessoas. Então eu acho que a Tânia está num papel servindo como base para aquela família. Para uma mãe que é desestruturada, para uma filha que precisa de atenção, uma avó que é difícil de se relacionar. A Tânia está ali para apoiar todas essas arestas. Eu acho que é um pouco por aí. Mas não sei se a partir daí elas (as autoras) tiveram a intenção de mostrar o aumento e crescimento da personagem. Foi uma coisa até que gradativa, eu acho”.

Você analisa essa mudança como uma oportunidade de mostrar mais o seu trabalho como atriz?

Isso foi uma coisa que eu fiquei um pouco chateada na ocasião porque eu falei: ‘será que eu vou sair da novela? Eu achei que ia ficar até o fim’ (riso). Mas depois conversando com outros atores também, uma coisa que eles disseram que faz sentindo, e fez todo sentido para mim, foi: quando você é envolvido numa trama, essa trama precisa de uma explicação, e você também pode mostrar um pouco mais do seu trabalho. Então eu acho que isso foi importante sim. É um desafio enorme porque envolve emoção no meio disso tudo. Então eu acho que é uma oportunidade até de poder mostrar melhor o meu trabalho”.

A Mercedes vai humilhar a Tânia porque o noivo dela está preso. Como é para você representar mulheres que estão com os companheiros nessa situação?

É curioso porque quando recebi essa personagem, eu fiquei muito emocionada por ser uma babá, justamente por isso. Na minha vida pessoal, eu tive muitas dificuldades com os meus pais e não tínhamos condições financeiras de fazer muitas coisas. Então desde de nova eu tive o objetivo de precisar trabalhar, ajudar e arregaçar as mangas. E o meu primeiro emprego na vida, aos 17 anos, foi como babá. Foi muito curioso quando recebi essa informação de que a minha personagem seria uma babá. E foi emocionante porque primeira vez que fui trabalhar foi como babá, na minha primeira novela eu estou com uma personagem que é uma babá. Isso me traz recordações importantes, justamente de luta, de vontade de vencer, de quebrar regras ou preconceitos. A gente às vezes fica se envolvendo num conformismo.

Eu acho que a gente tem que lutar pelos nossos sonhos. A Tânia representa muito isso para mim, e todas essas mulheres. A Tânia não é só babá, depois de um tempo ela passa a ser copeira na casa da Mercedes. Aí vem uma relação sobre a vida dela que é em relação ao noivo. Ela tem uma mãe doente também. Isso faz com que ela tenha necessidade desse emprego e, além de tudo, um amor por estar cuidando dessa família. Então essa representatividade da personagem é muito especial, porque quando os autores têm o cuidado de falar dessas pessoas a gente se sente importante. E eu como tive isso na vida pessoal, eu posso dizer que foi muito especial representar essas mulheres nessas lutas todas: do noivo de estar preso, dessa luta toda. Enfim, eu acho que é isso”.

Esses detalhes da vida pessoal da personagem você já sabia desde o início da novela?

Não sabia, foi vindo depois. Eu sentia que em algumas cenas ela tinha postura de ser uma pessoa de não abaixar a cabeça. Apesar dela ser quieta, mas sempre tem uma falhinha onde ela fala que está sendo abusivo ou ali. E, infelizmente, por conta de processo de produção, algumas cenas importantes que mostravam isso na Tânia acabaram sendo cortadas, por diversos motivos. Mas ela tem sempre uma posição de lidar com o posicionamento dela diante da sociedade. De dizer que é digna profissional, que pode ser babá ou garçonete, que luta pelo o quer e que vai atrás. Mas eu não sabia que chegaria nesse ponto”.

Vida pessoal e cuidado com o corpo

Como foi o período em que você trabalhou como babá?

Com 17 anos, eu consegui esse emprego como babá. A menina que eu cuidei tinha 4 anos, hoje ela tem 24 e se formou em Engenharia. Para mim, olhar a imagem dela com 24 anos, formada, é muito especial. Foi num momento em que a mãe dela precisava muito de ajuda porque ela trabalhava o dia todo e estudava à noite, e a filha era pequenininha. Outro dia eu falei com ela (Tainara, a menina) e ela disse: ‘eu me lembro tão nitidamente de cada detalhe do quarto que a gente brincava muito’. Eu era muito nova, estava no segundo grau, terminando o terceiro ano. Eu sabia que tinha um dom com as crianças porque cuidei de outras na rua, sempre tive um lado social também grande. As crianças que não tinham como ficar em casa porque os pais trabalhavam, sempre ficavam lá em casa. A gente ajudava a cuidar. Foi um momento em que eu recebi para isso, mas era uma coisa que eu sempre tive bem trabalhado, até pelos os meus pais também essa questão de cuidar o outro”.

A Tainara está acompanhando o seu trabalho em Verão 90?

Eu falei com ela no começo da novela. Ela me deu os parabéns e ficou muito feliz porque eu ia fazer uma babá. A gente relembrou todos esses momentos. E depois a gente foi falando de tantas outras coisas que nunca falamos especialmente da novela. Então é até bom você me falar isso porque eu vou perguntar se ela está assistindo a novela e vendo a Tânia (risos)”.

Como você cuida do seu corpo?

Eu acho que isso é uma coisa legal de eu falar, porque socialmente eu acho que isso faz diferença na vida das pessoas. Eu estava numa fase difícil de saúde, meu colesterol estava alto, estava pesando 64Kg. Eu estava triste, numa vibração errada. Até o momento em que eu tomei a decisão de mudar o meu estilo de vida, mudar a minha alimentação. Aí eu emagreci 11Kg em dois meses. Mudei totalmente a forma de me alimentar. Hoje em dia, eu me alimento muito de alimentos vivos, grãos, brotos, legumes, proteína, arroz integral. O meu colesterol abaixou, fiquei bem de saúde, vibrando muito melhor. Quando a nossa saúde está bem, a energia muda. Outra coisa que eu tenho feito também é atividade física, acho que isso auxilia muito também na vida de qualquer pessoa. Caminhada para emagrecer, depois eu fiz Bodybalance, hoje eu faço academia. Fiz também natação, até para tratar um trauma que eu tenho. Mas eu acho que a gente tem que procurar sempre manter a atividade”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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