Lucy Ramos explica por que sua personagem é chamada de Vandeca Pitbull em O Tempo Não Para: “Ela é muito exigente”

Publicado em 11/08/2018

Em O Tempo Não Para, atual novela das 19h da Globo, Lucy Ramos interpreta a advogada Vanda Lorde. Durona e exigente com o trabalho, a moça é temida por todos na empresa SamVita, onde assume o cargo de diretora jurídica.

Ao Observatório da Televisão, a atriz detalhou a personalidade de sua personagem, apelidada por Vandeca Pitbull. Muito correta, ao longo da trama Vanda vai ajudar Dom Sabino (Edson Celulari) a recuperar sua fortuna, perdida após ficar 132 anos congelado devido um náufrago no século XIX. Confira:

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Resposta do público

Como está sendo a resposta do público sobre a novela?

Eu estou tão feliz com esse resultado. A gente grava e não sabe o resultado que vai ter na tela. A minha personagem ainda não entrou de verdade, firme, mas eu estou muito feliz com o resultado da novela. O público está adorando, se identificando, achando muito engraçado.

Quando apareci pela primeira vez, eu coloquei os meus amigos artistas, atores e autores para assistirem juntos comigo. E foi muito bacana porque são pessoas exigentes, que normalmente fazem novelas, não assistem. Eles assistiram e no final adoraram. Falaram que a novela é bacana, divertida, tem qualidade e que os atores estão muito bem.

Além do lado artístico, tem o lado da minha sogra que é o do telespectador, que assiste todas as novelas, vê, critica e palpita. A minha sogra e minha sobrinha estão amando. Eu acho isso muito legal porque elas não assistem só por minha causa, assistem porque estão gostando da novela.

Leitura dos capítulos

Você gostou das cenas dos congelados que foram ao ar?

Sim, e é uma sensibilidade. É muito bacana porque essa novela vem com uma crítica muito forte. Eu li todos os blocos até agora, estamos com sete blocos. No final de semana, eu peguei os outros que não tinha lido ainda. E é uma leitura tão gostosa.

Quando a gente que está fazendo e vivendo isso tem essa curiosidade, vontade de ver o que vai acontecer no capítulo seguinte é muito legal. É sinal de que é muito bom, e é muito bom mesmo. Tem crítica em relação ao negro, a sociedade que evoluiu e regrediu.

Aquela cena que o Edson Celulari faz com o Milton Gonçalves, que está puxando a carroça, e diz: ‘na minha época os cavalos que puxavam as carroças. Quanto regrediu isso, agora é o ser humano que puxa’. Tem cenas futuras, que eu não posso falar ainda, que tem crítica em relação a muita coisa que está acontecendo no momento. E não é didático, é algo que você vive isso. Não é algo que coloca só na boca da pessoa para ela falar, é algo vivido. A mensagem passa de uma forma muito sensível e gostosa.

Lucy Ramos fala sobre sensibilidade de Mário Teixeira, autor de O Tempo Não Para

O que você está achando do trabalho de Mário Teixeira como autor?

O Mário Teixeira está de parabéns, ele é muito sensível. Quem tem a oportunidade de conhecê-lo como pessoa já sente essa sensibilidade nele. Ele consegue passar isso para o texto. Ele e a equipe, os colaboradores.

É a primeira vez que trabalho com o Leo Nogueira (diretor), e essa qualidade que ele está trazendo de imagem, direção e sensibilidade está somando. A escolha do elenco também, que faz diferença. Esse time está maravilhoso!

O que vai acontecer com sua personagem nos próximos capítulos?

Eu não posso falar agora. Já li coisas que vão acontecer lá na frente, a gente tem que saber. Eu gosto de saber tudo o que vai acontecer para entender o clima da novela. Agora eu não posso falar. Quando estiver próximo, eu acredito que vou poder falar aos poucos, até para criar uma curiosidade.

Personagem

Como é a sua personagem?

A minha personagem é a Vanda Lorde, mais conhecida como Vandeca Pitbull. Nas próximas cenas que irão ao ar isso vai ficar bem firme na personalidade dela e o que falam por trás dela. Ela não sabe que o seu apelido é Vandeca Pitbull. Ela tem uma personalidade muito forte, é muito correta no que faz e por isso esse apelido.

Não é que ela seja má ou algo parecido, ela é exigente. Ela tem muita responsabilidade na mão. É diretora jurídica de uma empresa grande do tamanho da SamVita, que tem mais de dois mil funcionários e muito dinheiro envolvido. Então ela precisa ter essa responsabilidade. Se alguma coisa der errada a culpa vai ser dela. Ela vive nessa regrinha, é muito perfeccionista e por isso tem esse apelido.

A Vanda e o advogado Emílio (João Baldasserini) vão ter um interesse pelo Dom Sabino, que vai lutar parar ter suas terras de volta. Como será essa disputa?

Entre os advogados, o João é o mau-caráter, o oportunista e muito mais. Tudo passa pela SamVita, até porque tem o Samuca (Nicolas Prattes) e a Marocas (Juliana Paiva), e a Vanda está ali fazendo parte de tudo. E essa é a luta dele (Dom Sabino) para reaver todos os seus direitos, as terras. Quando ele foi congelado era dono da Freguesia do Ó inteira, praticamente, até o pico do Jaraguá. Agora ele não tem nada e está indo atrás dos seus direitos.

Vanda e Emílio

É verdade que a Vanda e o Emílio tiveram um caso no passado?

Eles tiveram uma relação. Ela foi estagiária do escritório dele quando tinha 20 anos, ela fala isso no texto. Ele a perseguiu durante muito tempo enquanto trabalhava lá, e ela fala que se fosse hoje isso seria um assédio sexual. Ela tinha 20 anos, ele era o chefe da empresa e, mesmo diante disso tudo, ficaram.

Então tem essa coisa mal resolvida entre os dois. O tempo inteiro, toda vez que eles se encontram sai faísca do lado negativo, claro. Ela não vai com a cara dele.

A Vanda vai ser durona com a estagiária Paulina, personagem da Carol Macedo. Em algum momento ela vai se identificar com essa jovem?

Com certeza a Vanda se vê na personagem da Paulina, tanto que ela é muito exigente. Ela exige muito da Paulina porque já exigiram muito dela, da profissional que ela é. E ela até fala que não quer que a Paulina se acostume mal, que ali é trabalho e não tem vantagem nenhuma. Eu construí a Vanda em cima disso também. Por ela ser dura desse jeito, eu acredito que ela tenha passado por milhões de coisas por ser negra. Essa é uma profissão muito machista e ela está ali. Ela comanda isso.

Tem uma advogada que eu tomei como inspiração, que é a Analu Nogueira. É uma advogada negra, diretora jurídica de uma empresa grande em São Paulo e também começou jovem, com 16 anos. Ela falou que a sua chefe era muito dura e que só conseguiu respeito depois que se formou em Direito. Antes disso, a chefe não falava com ela. Hoje ela é dura com os funcionários por causa da chefe lá no início.

Representatividade

Como é representar muitas meninas negras que também sonham em concluir um curso superior?

Estamos vivendo esse momento de revolução das meninas se descobrirem. Não só as meninas negras, mas as mulheres também de verem que podem sim realizar suas vontades e ser da forma que são, sem medo de ser feliz. A gente tem que fazer o que tem vontade. Se inspirem na Vanda porque a Vanda é isso.

Em algum momento alguém falou que ela não podia, mas hoje ela está ali sendo diretora jurídica de uma empresa, em um cargo masculino e sendo respeitada pela profissional que ela é. Não é porque ela é negra e mulher. Não! Está sendo respeitada pela profissional que ela é.

Eu acho que as meninas têm que se posicionar dessa maneira, independente de ser negras e mulheres. São pessoas lutando e indo em busca das suas vontades e desejos. E parar de se comparar com outras mulheres, parar de se comparar com as outras pessoas e deixar de lado a opinião alheia. Só você sabe pelo o que passa 24h por dia, suas dificuldades e suas lutas.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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