Leandro Hassum quer apresentar programa de auditório ou talk show: “Acho que me daria bem”

Publicado em 07/12/2016

Em entrevista, Leandro Hassum fala de A Cara do Pai, série que vai protagonizar na Globo ao lado de Mel Maia.

Além disso, incentivado por Faustão, o humorista conta que pretende ter uma atração solo futuramente: “Quero um programa de auditório ou um talk show. Acho que me daria bem nesse filão”.

Confira o bate-papo:

Como está sendo atuar ao lado de sua filha?

“Dá orgulho, dá medo, dá tudo né? Mas eu estou muito feliz. E que bom que é uma história que começou comigo e com ela e agora, está começando a ir para a televisão. Nada mais justo do que ela estar participando também deste momento. É uma representação muito legal. Eu estou muito feliz. Fico nervoso, preocupado, mas sempre torcendo e orgulhoso.”

Ela já falava em ser atriz antes desse projeto?

“Ela não falava até dois anos atrás, quando nós estávamos fazendo um workshop em Los Angeles. Eu fui fazer um curso de direção. Ela foi junto comigo e resolveu fazer um curso de atriz. E se apaixonou, se encantou. Eu nunca forcei nada e continuo não forçando. Se amanhã ela decidir que vai ser médica, que ela siga o sonho dela, como eu segui o meu sonho. Mas, não foi um susto. Eu sempre soube que ela tinha uma veia artística, mas ela não queria. Aí, quando pintou a oportunidade, eu fui assistir, mas avisei: ‘se estiver ruim, eu vou falar’. Porque a pior coisa é um pai que fica fingindo que está bom. E ela leva jeito. Está começando, mas leva muito jeito e, se Deus quiser, vai seguir o sonho dela.”

Vocês passam essas histórias juntos? Ela te ajuda?

“Ela é mais difícil de lembrar. Eu tenho mais uma relação com o Daniel e o Fabrício. Nos primeiros quatro, eu estive muito presente. Porque era mais palpável, essa criação, até para a gente criar o projeto. Agora, eu converso mais com o Daniel, ele faz as escaletas e eu digo quando tenho uma boa ideia. Mas, como todos nós somos pais também, na equipe de redação tem mães também. Então, todo mundo vai trazendo as suas experiências, porque é tudo muito parecido. Eu costumo dizer que, nesse universo da adolescência é tudo muito igual. É o que eu mais escuto quando faço meus shows e falo da relação com a minha filha. ‘É igualzinho lá em casa’. ‘Minha filha faz igual’. Então, é um universo muito comum e é muito fácil viver essa verdade por isso. Mesmo uma história que não seja minha com a Pietra, que tenha vindo do Daniel, eu digo – e sinto – que já vivi isso.”

Você está no ar no sábado. E agora, no domingo. Como está sendo isso?

“Eu não, aquele gordinho (risos). Quem decide o sábado ainda não sou eu. Por enquanto, eu vou dominar o fim de semana, vão ter que me aturar. Eu fico muito feliz que ‘Os Caras de Pau’ continuam tendo uma aceitação muito grande, as pessoas curtem, as pessoas me ligam pra falar. E alguns que eram muito crianças e já estão com mais idade e dizem que não viram quando eram crianças mas que, agora, estão curtindo. Eu fico muito feliz.”

Em relação ao seu peso, você ouve nas ruas as pessoas te dizerem que ficou sem graça depois que emagreceu?

“Ainda? Essa é original! Eu vou escutar de tudo sempre. Se eu ainda estivesse gordo, as pessoas diriam que eu vou morrer, porque não estou saudável. Agora, que eu estou magro, que eu perdi a graça. Eu tenho que estar feliz comigo. E eu estou muito. Eu tenho certeza que o público vai se divertir. Quem assistir, sem preconceito, vai rir. Só quem não quiser rir, por preconceito.”

Como está sendo atuar com a Mel Maia?

“Muito boa. A Mel é uma criança incrível. Fora que é uma colega e uma profissional incrível. Ela é o diferencial que a gente tem na televisão e tem que ser aproveitado. Porque realmente é de uma disciplina em cena. Se a gente corrige uma coisa em cena, ela responde imediatamente. É muito concentrada, tem o texto decorado. É muito gostoso de trabalhar. Eu sou um cara que trabalhou em dupla muitos anos. Eu acredito muito nesse jogo de dupla cênica, como comediante. E eu acho que, nesse programa, a gente forma várias duplas legais. Eu tenho uma dupla muito boa com o Walter (Breda), que é um grande colega também. E tenho uma grande dupla com a Mel. Ela é uma grande dupla de trabalho que eu ganhei aqui.”

Ela estava de mãos dadas com a sua filha durante a coletiva. Elas viram amigas?

“Elas ficaram muito amigas, trocam whatsapp o tempo inteiro. Eu fico sabendo das coisas da Mel pela Pietra e vice-versa. Ficaram muito amigas, rolou uma sintonia bacana. E eu fiquei muito feliz com isso.”

Você sente que a Pietra se vê nesse programa? Já que é uma homenagem a ela…

“Sim. Ela se enxerga.”

Rola ciúmes da sua filha em relação à Mel Maia?

“Minha filha é muito ciumenta, como eu sou muito ciumento. Nós somos muito ciumentos uns com os outros. Outro dia, eu postei uma foto minha com a Mel e ela escreveu na legenda: ‘Ciúme’. No outro dia, eu fiquei abraçando a Pietra no set de gravação e a Mel disse que estava com ciúmes. Estou adorando isso, me sinto paparicado.”

Você não tem medo que a Pietra sofra preconceito por ser sua filha?

“Caguei um balde! Se você tivesse uma filha e pudesse, você não a colocaria? Não ajudaria? Sinto muito! Se tiver um médico que tenha a filha médica, ele vai ajudar. Por que eu não faria isso? Eu sou ator, quero o melhor para a minha filha e, graças a Deus, eu posso ajudar.”

Que tipo de pai você é?

“Um pai que ama muito intensamente, apaixonadamente e sem regras. Sou o pai que dá limite, durão quando tenho que ser. Amar também é dar limites. Ninguém acha isso, acha que, porque eu sou comediante, estou sempre rindo. Mas dar limites é amar também.”

Vocês conversam muito, mas ela sabe separar o amigo do pai?

“Normalmente, quando a gente vai para a Disney, eu pago mico. Aí, é a vez dela me colocar limites. É o momento em que eu me sinto criança mesmo e gosto muito de brincar. Mas, a gente consegue separar bem. Outro dia, a gente chegou para gravar, eu acabei e ela ainda tinha uma cena. Ela me perguntou: ‘pai, você já vai?’. E eu disse: ‘já vou’. Ela ficou meio assim e disse que ainda ia gravar. Eu respondi: ‘sinto muito. É a vida! Eu vou embora’. ‘Mas, a minha cena é a última, pai’. E eu disse: ‘É assim… quando você for protagonista, vai ter as primeiras cenas’. Não é porque está trabalhando comigo e é minha filha que vai ter alguma mamata. Ela fez teste para o programa, passou pela aprovação do diretor e não tem nenhum tipo de regalia. Isso faz parte. Lá dentro, ela é minha colega.”

Você improvisa em cena?

“Sim, mas só na hora do stand up (o personagem é um comediante). O que muitas pessoas falam, é que eu perdi a graça. Mas, as pessoas formaram uma opinião quando eu fazia ‘Os Caras de Pau’ – que eu amava fazer -, mas era um personagem como os que eu faço nos meus stand ups. Mas, acima de tudo, eu sou ator. E um ator está a favor de um trabalho, de um programa e de um personagem. Aquele personagem dos ‘Caras de Pau’ não é o mesmo de agora. Mas, é outro personagem que brincava, que saía do texto, que desconcentrava o Marcius, que desconcentrava o elenco. Aqui não, é um outro tipo de dramaturgia, é outro tipo de personagem. É outro tipo de programa. Se a pessoa quer ver o Jorginho, de Os Caras de Pau, não vai encontrar ali. Cada trabalho é um trabalho. E isso é muito louco. Eu já ouvi críticas assim: ‘mais uma vez, o Hassum fazendo a mesma coisa’. Quando eu faço diferente, dizem que eu perdi a graça, porque não fiz aquilo que eles queriam que eu fizesse. Então, com todo o amor e carinho, caguei! Estou fazendo o meu trabalho, mais um trabalho a favor da dramaturgia.”

Namoro da filha é um problema?

“Não. Hoje, eu tenho mais um filho, que é o namorado. Eu sou de boa. A gente tem que ser amigo do inimigo (risos).”

Pensa em atuar em novela?

“Eu já fiz. Não sei. Eu gosto muito do tipo de programa que eu faço. De vier um personagem que me encante… eu gosto de papéis que me encantem. Eu fiz ‘Dona Flor’ no cinema, que não é comédia, mas é um trabalho que me encanta. Se vier um papel em uma novela que me encante, com certeza, eu farei. Mas não é uma briga minha: ‘agora eu quero ou não quero fazer novela’. É isso.”

Você participa do roteiro do programa?

“Eu sempre fui um criador, em todos os meus trabalhos. Eu sempre fiz parte da criação. Acho que isso é importante, para que os trabalhos tenham a ver com o que eu gosto de fazer. É isso. Eu não tenho a busca de quero fazer isso ou aquilo, quero fazer coisas que me deixem feliz. Sou um privilegiado, tenho 28 anos de carreira, no que eu amo fazer e trabalho me divertindo. Se amanhã, eu for fazer um serial killer e isso me divertir, se eu curtir essa brincadeira, vou fazer amarradão. Agora, se for só trabalho de comédia, vou continuar amarradão, porque isso eu faço muito bem. E tem dado certo.”

Faustão sempre fala que você é um grande comunicador. Tem vontade de comandar um programa de auditório?

“Claro que sim. Penso em ser um apresentador, tenho muita vontade. Quero um programa de auditório ou um talk show. Acho que me daria bem nesse filão. Tenho algumas ideias e, aos poucos, a gente vai apresentar. É que, com cinema, com televisão, teatro, está difícil. Mas o Fausto (Silva) me dá bastante forma mesmo.”

Como está sendo apresentar o seu espetáculo fora do Brasil?

“Eu estou fazendo uma turnê internacional. Estou pelos Estados Unidos, fiz Japão, devo fazer Portugal. Aqui no Brasil, eu não estou conseguindo fazer. Eu só faço quando estou indo para casa, porque eu estou morando na Flórida. Então, quando estou lá, é mais fácil fazer. Quando estou aqui, estou sempre gravando ou filmando.”

Você acha que a eleição de Donald Trump foi um retrocesso?

“Não acho que tenha sido um retrocesso, não. Eu acho que está havendo uma mudança no mundo. As pessoas estão um pouco cansadas dos políticos no mundo. Eu não sou a favor do Trump, eu votaria na Hillary. Mas, eu sou green card e não tenho voto. Mas, acho que tem um desgosto geral no mundo, com o que está se fazendo no mundo. E as pessoas estão tentando ir para outros lados. Talvez, eu acho que seja isso. Acho que o Trump não vai fazer metade das loucuras que falou, vai ter que se enquadrar, porque a gente vive um novo mundo. Inclusive onde a comunicação é muito grande. Não é tão simples como ele fala.”

Como está sendo morar fora do Brasil?

“Eu estou realizando um sonho, porque eu sempre quis morar fora do Brasil por um tempo. Pintou uma oportunidade de trabalho no ramo da minha mulher, que é moda. E está pintando uma oportunidade com essa produtora de fazer alguns trabalhos lá fora, para a minha filha estudar, que ela quer estudar cinema fora. Tudo isso foi um facilitador e, por eu já gostar, acabou rolando. Além disso, o momento político do Brasil dá um desgostozinho. É um refresco quando se vai para lá. Mas amo o meu país.”

O que mudou em você desde o início da sua carreira?

“Eu acho que eu sou o mesmo cara. Eu fiz sucesso porque as pessoas gostaram daquele cara. Eu estaria traindo o meu público se não fosse assim. Eu escolhi fazer humor para a família. Eu quero que a família se sente no sofá e, em algum momento, se divirta com alguma coisa que eu falar. Eu escolhi isso. Não quis fazer humor político, humor agressivo, não quis nada disso.”

Você se considera um vencedor?

“Mas continuo em busca da vitória sempre. Viver da minha profissão é muito bom.”

E a academia?

“Estou fazendo todos os dias. Malho todo dia! Musculação e aeróbica.”

Como está sendo a demanda de trabalho no Brasil?

“Agora, minha família está aqui. Voltamos para passar o Natal e Ano Novo lá. Depois, eu volto para cá para gravar e fico na ponte aérea – faço um filme, o programa e outras coisinhas que forem aparecendo. É uma ponte aérea maluca, mas está fazendo bem para a minha família, para os negócios da minha mulher, os estudos da minha filha, a nossa segurança e a nossa tranquilidade. Então, está tudo bem.”

Você está colocando a sua mulher à frente das suas escolhas (mudança para os EUA)?

“A minha mulher já é muito bem sucedida no que ela faz. Nós somos sócios. Com isso, fomos para lá, porque com o mercado econômico do Brasil realmente não dá. Ainda mais para ela, que trabalha com o comércio e com confecção. Aqui, está muito difícil e lá, as coisas estão andando. Então, já tínhamos essa perna lá, foi só organizar. E a decisão, o sonho de querer morar fora acabou apressando a nossa saída. Mas a decisão começou comigo.”

Sente diferença em relação à segurança?

“A gente tem visto o noticiário. Não está bom pra ninguém. Eu sempre deixo a televisão ligada à noite e acordo com o noticiário. Vou te falar, que saio angustiado de casa, quase todos os dias. Não vamos nem comentar o episódio dos nossos ex-governadores, né? Então, dá uma dor no peito, um medo, uma insegurança, e com certeza, quando estamos lá, é mais tranquilo para tudo.”

Tem gente que te critica por ter emagrecido. Acha que isso pode ser inveja?

“Não. Tem também, é óbvio que sim. Quando você posta uma foto e está em um lugar bonito, vem sempre alguém e diz: ‘com dinheiro é mole’. Isso é um sentimento invejoso. Inveja vai ter sempre. Mas outro dia, eu falei em uma matéria, tem muita gente que ficou viúva do gordinho, viúva da minha barriga, mais até do que eu. Essa legião de viúvos, uma hora ou outra passa. Porque só com trabalho eu vou passar por cima disso. Eu não posso ir à casa de cada um, e dizer que eu sou engraçado. Aliás, eu não estou nem aí para isso. Sei que eu sou um ator muito à frente da minha barriga. Sou um comediante que tem 28 anos de carreira e uma barriga só, não sustenta. Nada. Ser gordo é uma piada. E há 28 anos eu faço muito mais do que uma piada. Eu faço um trabalho que atinge a família. Agora, quem quiser ficar curtindo a viuvez de uma barriga, que fique. Quando eu era gordo, reclamavam por causa da minha saúde. Agora, me mandam voltar a ser gordo. Mas isso é 1%. 99% é de elogios, de pessoas que torcem pela minha vitória. Tem gente que emagreceu a partir do meu exemplo, viram que é possível. Recebo muita gente nas minhas redes sociais. E eu só tenho que me orgulhar. E a minha mulher está muito satisfeita, minha filha está muito satisfeita e eu estou muito satisfeito. E é isso que importa.”

Malhar virou um vício?

“Eu vou sair daqui e ainda malho hoje. Não é vício, é porque você vê o resultado. Eu sinto vontade de malhar, não sou viciado. Continuo tomando o meu vinho, comendo a minha carne. Ontem mesmo comi um cachorro quente. Só que antes, eu comeria dois ou três. Hoje eu como um e estou satisfeito. Não parei nada, não tenho problema de engasgar, não estou depressivo. Eu estou bem, posso comprar roupa na Zara. Eu tinha vontade de mandar explodir, porque nada cabia em mim. Estou ótimo!”

E os reparos (cirurgias corretivas)?

“Por enquanto, nenhum. Bate aí! (mostrando o abdome para o repórter).”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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