Kiko Mascarenhas comenta perda de memória que Teófilo terá em O Tempo Não Para: “É muito engraçado”

Publicado em 27/07/2018

Depois de viver o mordomo Gomes na série Mister Brau, Kiko Mascarenhas estará de volta às telinhas da Globo. Na nova novela O Tempo Não Para, o ator interpretará Teófilo, um procurador e contador do rico Dom Sabino (Edson Celulari).

Vítima de um náufrago em 1886, ele despertará no século XXI completamente desmemoriado, após passar 132 anos congelado no mar. “Ele não lembra do passado para comparar as coisas do futuro”, afirmou Kiko durante entrevista ao Observatório da Televisão.

Ao longo da conversa, o ator também revelou mais detalhes sobre a trama, escrita pelo autor Mario Teixeira, e sobre a relação com Lázaro Ramos e Taís Araújo, seus companheiros de cena em Mister Brau. Confira:

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Como surgiu o convite para atuar em O Tempo Não Para?

Eu acho que foi da direção e do Mario Teixeira (autor). Eu estava terminando o Mister Brau quando veio o convite, mas eu não sabia nada da novela. Eu aceitei imediatamente, não quis saber nada. Não quis saber quem era o elenco, qual era a história.

Eu me senti tão lisonjeado pelo convite que aceitei imediatamente. Depois eu descobri que era incrível. Foi uma sorte ter descoberto que era uma história incrível e um personagem incrível.

“Eu fiquei bem feliz com o convite”, diz o ator

Como você define o seu personagem?

Ele é um cara muito leal, um homem de confiança, muito responsável. E cuida de toda a contabilidade desse homem que é muito rico, que é feito pelo Edson Celulari (Dom Sabino). Mas quando ele perde a memória, descongela, é muito curioso porque toda essa disciplina desaparece.

E o que surge é um personagem muito puro porque ele não tem referência nenhuma. Ele não lembra do passado para comparar as coisas do futuro. Para ele tudo é novidade, é como o olhar de uma criança. Nada é muito surpreendente e tudo é muito curioso.

“Eu não consegui emprestar muita coisa minha para ele”

Como é interpretar um personagem cheio de referências culturais com um texto tão contemporâneo?

Ele não é muito maleável porque o pessoal congelado tem uma maneira de falar muito formal, muito cerimoniosa. E esse é um dos grandes conflitos quando a gente vem para 2018. Tudo é muito coloquial, mas eles escolhem as palavras, são muito cuidadosos com o que eles estão dizendo. A palavra naquela época era muito valiosa. Eu não consegui emprestar muita coisa minha para ele.

Na verdade, eu tenho que buscar em mim a minha pureza, que é o que esse personagem me pede no momento. A novela é uma obra aberta, então eu não sei o que vai acontecer com ele. Mas, nesse momento, o que o personagem me pede é um olhar puro para tudo.

O Teófilo não será levado para o laboratório Criotec da Petra (Eva Wilma). Como será isso?

Ele é um dos que não é resgatado e tratado, cuidado, digamos assim. Talvez, seja esse um dos motivos de ele perder a memória e, até onde eu sei, essa perda de memória vai afeta-lo e muito.

“É muito engraçado ele esquecer das coisas, das pessoas”

Como está sendo trabalhar com um elenco que reúne vários atores veteranos e novos?

É incrível! O Edson é uma escola. Durante toda a preparação, o Edson me ajudou muito. Ele pontuou muitas coisas que, às vezes, eu mesmo não percebia. Porque, às vezes, quando se está fazendo você não percebe tudo. E o Edson falava: ‘isso é muito bom’ ou ‘isso é interessante’. Ele foi me ajudando muito a construir esse personagem.

E a nova geração eu me emocionei vendo. Lendo os capítulos, eu sei tudo que eles vão falar, mas quando eu vejo eles falando, e as escolhas que eles fizeram, eu me emociono. Eu acho muito lindo, potente.

“É uma geração muito poderosa”, reflete o ator sobre o encontro de gerações na novela

A novela também traz algumas críticas no texto, né?

A novela tem todo um cunho critico por trás. Ela acontece de uma maneira muito inteligente, muito agradável. Não é panfletaria. É muito bem escrita. Ela chegou num momento certo.

Como foi encerrar o Gomes para viver o Teófilo?

“Eu chorei muito”, diz o ator sobre se despedir de Mister Brau

Gravando não, mas quando nos reunimos para assistir o último episódio, todo o elenco, toda a equipe técnica. O Lázaro e a Taís são pessoas muito agregadoras. Aí nos reunimos na casa deles para assistir e eu chorei porque eu sabia que era um final de ciclo. E é muito difícil, não se despedir do personagem, mas se despedir daqueles colegas.

Porque naquela turma que se formou também foi formada uma família, que é uma coisa muito difícil de acontecer. A gente gravava o ano inteiro e a gente saia de férias juntos. Ou seja, a gente não se despedia nunca. E, dessa vez, a gente teve que se despedir. Claro que mantemos contato, que nos falamos, mas sabíamos que ali se encerrava um ciclo. Isso me deixou muito triste. Mas, ao mesmo tempo, é compreensivo. Você sabe que vai terminar, você sabe que as coisas chegam ao fim.

Recentemente, você montou uma peça teatral com o Lázaro Ramos. Como é viver como ator em um país que não valoriza a arte?

A gente produziu e dirigiu O Jornal sem patrocínio, com recursos próprios e sabendo que nunca íamos recuperar esse dinheiro.  Mas, no teatro tem um momento em que você descobre que aquilo é tão importante de ser dito que não importa se você vai ganhar ou perder dinheiro. Aquilo tem que ser dito. E eu e o Lázaro sabíamos disso. O Lázaro tem essa consciência, eu também, e foi um encontro muito bacana.

Bom, eu não posso falar do Lázaro porque ele é meu irmão. Eu reconheço no Lázaro um irmão, da mesma forma que eu reconheço na Taís uma irmã.

“Eu sempre quis ter uma irmã e se eu tivesse seria a Taís”, revela

O que o público pode esperar de O Tempo Não Para?

Muita aventura, emoção, surpresas e muito humor.

O Teófilo irá chamar a atenção da Coronela, personagem da Solange Couto. Como serão essas cenas?

Na verdade, o meu personagem é assédio por várias mulheres na novela. E foi uma surpresa para mim porque quando eu construí ele, nunca pensei que ele tivesse esse elemento que fosse seduzir as mulheres. Então é muito curioso saber que aquela figura, que é o antissedutor, acaba seduzindo as mulheres. Talvez, por ele ser muito educado, gentil, que são características do século em que ele viveu, seduza as mulheres.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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