Juliana Didone desabafa sobre a profissão de atriz: “Às vezes se ganha bem, às vezes não se ganha 1 real”

Publicado em 26/07/2017

Juliana Didone interpreta Brione, na novela Belaventura, que teve sua estreia nesta terça-feira (25) na RecordTV. A atriz que completou 15 anos de carreira na televisão, conversou com nossa reportagem sobre a nova personagem:

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Existem meninas que vieram do mundo da moda, que desejam a carreira de atriz. Que conselho você daria a elas?

Acho que é necessário fazer tudo pelo amor, e não pela fama ou porque vai alcançar um número X de seguidores no Instagram. A vida de artista já pressupõe uma certa insegurança e instabilidade. A gente nunca sabe se vai ter uma estabilidade financeira, inclusive. Um dia você está na Globo, outro dia você está na Record, outro dia você não está em lugar nenhum, outro dia fazendo teatro, e essa é a nossa vida. Eu estou atualmente produzindo uma peça de teatro sobre uma artista plástica francesa que se chama Niki, e cheguei nela na verdade para falar de mulheres fortes que não desistem nunca, o ator é assim. Se a pessoa vê que é uma necessidade dela, ela tem que ter paixão e estudar, porque estudar é fundamental.

E você acha que a beleza ajuda?

Você ser bonito, ter olho verde, cabelo comprido é tudo muito efêmero. Vemos muita gente bonita que chega e nunca mais ouvimos falar. Se você quer ser bom ator, você vai querer fazer teatro, cinema e estar sempre aprendendo, seja com outros atores, com livros, filmes. Não precisa estar baseado no desejo de ser ator e sim na necessidade, de não conseguir viver se não fizer aquilo.

Você falou sobre instabilidade financeira. Como é isso?

Às vezes você vai ganhar bem, mas às vezes não vai ganhar 1 real, mas estará ali fazendo por amor. Precisamos tirar o estereótipo que estar na televisão é igual a ganhar fortunas, ser rico, milionário. Hoje em dia as pessoas querem muito ter coisas e precisamos nos preocupar mais em ser coisas. Eu sou atriz, mas eu sou a Juliana, como pessoa. Todos os trabalhos são importantes, um não existe sem o outro.

O que mais te atraiu nessa personagem?

A minha personagem é uma mocinha, uma nobre que se apaixona por um refugiado, e luta para viver esse amor proibido. Os pais dela, Severo (Floriano Peixoto) e Marion (Helena Fernandes) são extremamente contra, porque querem que ela se case com o príncipe herdeiro, e ela vira uma guerreira do amor, porque quer ter a possibilidade de ser livre para viver o amor que ela escolheu. Ela luta pela justiça social e pela harmonia entre os povos. O que me deu mais tesão nessa personagem é que o Gustavo Reiz, autor da novela, não faz as mocinhas românticas, melancólicas e sofredoras. Ele dá voz às mulheres, principalmente porque é uma novela de época. Se você for olhar para os tempos antigos, tinham aquelas mulheres submissas, a Brione é diferente, porque é arqueira, joga dardos. Até os 20 primeiros capítulos ela é mais doce, depois ela vai perceber que ninguém da família vai deixar ela ser feliz, e foge de casa, vai morar na vila, e se fortalece. Principalmente no momento que estamos vivendo de dar voz às mulheres, o texto é muito legal de falar.

Qual a diferença da Juliana, que começou novinha na Globo para a Juliana de agora?

Eu acho que é a velhice mesmo que organiza um pouco nossos pensamentos e nos deixa mais calmos. Na Globo, eu tinha inexperiência, mas tinha muito desejo, mais emoção e menos pensamento. Hoje em dia, claro que tenho emoção, mas a razão sempre está ali junto. Aqui na RecordTV eu me sinto mais simples, eu só tenho que desempenhar bem o meu oficio. Todo o bla bla bla fora do estúdio, como a fama, que antes era mais difícil de lidar, hoje se amenizou, não pela casa, mas por estar mais velha. Tanto que não importa se a novela vai dar 10, 20 ou 30 pontos de audiência, mas pra mim, ela já é sucesso. Estou feliz que vou sair dessa novela melhor atriz do que entrei, porque o texto é muito bom, o personagem é muito bom.

Como você escolhe seus personagens?

Hoje escolho mais os personagens por terem bons núcleos, bons enredos, e por me identificar com o texto. É a minha terceira novela na RecordTV, e é um terceiro trabalho muito bom, porque tenho um diálogo muito legal com a casa.

*Entrevista realizada pela jornalista Nucia Ferreira.

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