Juliana Alves comenta sobre Mazé, sua personagem em O Tempo Não Para: “É uma mulher real”

Publicado em 25/07/2018

Juliana Alves dará a vida a Mazé em O Tempo Não Para, nova das 19h da Globo. A moça é forte, guerreira e decidida. Trabalha pesado em sua loja de cosméticos para sustentar o filho Omar, cujo pai é o Barão – líder do crime na Zona Norte de São Paulo.

Em conversa com o Observatório da Televisão, a atriz detalhou um pouco a personagem. “É uma mulher que a gente vê todos os dias quando pegamos um ônibus, um metrô”. Juliana também sobre como é ser mãe da pequena Yolanda, e da importância de ter mulheres empoderadas sendo retratas na TV. Confira:

Leia também: Patricia Abravanel faz homenagem à mãe, Iris Abravanel, que faz aniversário

Você está feliz com sua volta à TV após a chegada da pequena Yolanda?

Estou feliz pra caramba. A gente sabe que o ritmo da vida muda. E vamos mudando de acordo com o ritmo da vida. Com seu foco, o bem-estar, ele vai se moldando. Não é uma coisa fechada. Eu vivo muito os momentos. Acho que estou pronta para a Mazé.

Juliana Alves fala sobre Mazé, de O Tempo Não Para

Quem é a Mazé?

Ela é mãe também. É uma mulher real, bem resolvida, do povo. Ela não é um modelo idealizado pela mídia. É uma mulher que a gente vê todos os dias quando pegamos um ônibus, um metrô. Vou para São Paulo porque quero beber mais da fonte. Sou muito carioca e sei que as mulheres paulistanas têm uma pegada um pouco diferente.

Somos todas mulheres, cada uma com sua história de vida. Ela é dona de uma loja de cosméticos popular, e eu quero ir numa loja dessas, conhecer figuras na rua. Vou mergulhar um pouco. A gente fez uma preparação, mas por conta da agenda não consegui ir a São Paulo.

A sua personagem foi mãe muito nova, né?

Aos dezesseis. É um tema delicado, mas comum. Tenho amigas que vivenciaram isso. A gente sabe que quando acontece é delicado. Existem muitas privações. É diferente do momento que estou vivendo. Eu fico imaginando que se fosse adolescente vivendo isso, outra pessoa, outros conflitos, muito mais privações. Porque precisa de investimento, de tempo. Nessa fase que o bebê está, você não consegue investir nas suas coisas.

Relação da personagem com o ex-marido

A Mazé é uma grande mãe?

A Mazé se tornou uma grande mãe. Ela é uma grande mãe, um porto seguro para o filho, para o Omar. E o maior medo da vida dela é que o filho se espelhe no pai, no Barão. Então ela quer tirar o Barão de perto do filho, mas ela não consegue. Então nasce o conflito.

O Barão (Rui Ricardo Dias) não aceita muito bem o fim do relacionamento com a Mazé. Como é a relação deles dois?

Ela tem um ex que vou te falar… Ele gosta dela, então é pior. Ele está sempre rondando ali. Ela é uma mulher empoderada. Ela fala: “Tenho meu próprio negócio. Meu dinheiro tive com o suor do meu trabalho e não quero seu dinheiro sujo’. Ele fica o tempo todo tentando jogar dinheiro para limpar, lavar dinheiro na loja dela. Daí vamos ver o que o autor vai reservar. Só falei o que eu sei. Tudo o que eu falei pode mudar ou não.

Como foi a escolha do visual da Mazé?

A gente busca referências. Já tem uns 15 anos que minhas mudanças de cabelos são por conta de personagem. Nesses 15 anos, poucas vezes eu mudei, porque eu gosto de esperar, da expectativa. E eu adorei! A vontade da Mazé foi mesma que a minha. Já estava querendo colocar a trança no cabelo. Quando a Juliana, a caracterizadora, perguntou o que eu achava de trança, eu falei: “Amém. Ô, glória!”.

Carreira

Você já tem 15 anos fazendo novelas. Como você analisa a sua carreira?

Tem isso tudo mesmo? Nem sei. Nem percebi isso tudo. Chutei 15 porque pensei em toda a carreira de atriz. Mas é isso aí. Eu comecei bebezinho de colo e agora posso dizer que sou adolescente. Tem muita estrada ainda, muita coisa para aprender. Nessa novela, eu percebo que essa personagem não veio por acaso nesse momento da minha vida. Ela é mãe. Na preparação, percebi uma bagagem que se talvez eu não fosse mãe, eu buscaria outras referências. Agora estou realmente com o friozinho na barriga de uma estreia e procurando compor o personagem, mas consciente de que vou descobrir muita coisa ainda.

Trajetória

Você sente orgulho da sua trajetória na TV?

Me sinto muito abençoada. Eu sei que não foi fácil. Tive que buscar muita força. Eu sou muito perseverante. Sou muito focada no meu trabalho, apaixonada pela vida, pela minha família, pelo que eu vivo no entorno. Eu procuro fazer isso tudo andar junto, trabalhar junto. Preciso me sentir feliz no trabalho. Procuro fazer amizades. Gosto de olhar no olho de cada pessoa que estou trabalhando. Sei que tenho talento, mas não é só isso. Eu tive sorte, perseverança, disciplina e muita humildade.

A humildade foram os degrauzinhos. Quando você não tem humildade, você é aplaudido, ganha prêmio, mas o camareiro e a faxineira não vão jogar uma vibe boa para você. Não vai ter troca. A troca é o que faz a gente crescer. Espero que a Mazé seja muito iluminada e viva muitas aventuras para poder me divertir com ela. Se divertir é importante.

 Como é fazer uma novela das 19h que sempre pede uma dose de humor?

Eu não sou humorista, não me acho engraçada. Tenho situações de humor, mas percebo que flerto com esse tipo. A Mazé vai ser um pouco dramática, mas vai ter humor, leveza também.

Corpo

Você sentiu uma pressão da mídia e da sociedade para voltar ao corpo que tinha antes da gravidez?

Eu busquei no Carnaval ter condicionamento para desenvolver bem na bateria. Foi importante. Após isso, busquei viver o momento plenamente, aproveitar o meu tempo com a minha filha. Não fiquei muito nessa expectativa de transformação, de virada. Eu acho que a natureza é perfeita. Você tem que respeitar o seu corpo. Não fiz nenhuma interferência e só amamentei.

Minha filha mama até agora. Ela não gosta de mamadeira. Eu vivia minha saúde para ela ter saúde. Fiquei gripada, tomava chá de gengibre. Cuidava da saúde para ela também ficar bem. Eu busquei o que era prioridade na minha vida. E a Mazé casou perfeitamente nesse momento. Me olho no espelho e vejo muito mais felicidade, plenitude. Plenitude é uma palavra muito vaga. Tenho muito a buscar, conquistar muitas coisas. Mas vejo um momento de felicidade. Quando me sinto feliz, está tudo certo.

Cuidados de beleza

Como você cuida da pele e do corpo?

Busco uma base compatível com o tipo de pele para não abafar muito. Uso base com filtro solar, sempre passo rímel porque tenho olho de índia. Passo rímel para dar um olhar mais atento. Minha alimentação é muito boa. Como integrais balanceados, legumes, fruta, muito líquido. Eu tenho uma base muito boa de alimentação. E percebo que isso interfere na minha saúde totalmente, no bem-estar, na leveza.

Qual a importância de viver uma personagem empoderada nos dias atuais?

Ela foi uma mulher que negou um caminho que era provável para ela. Ela poderia ser a mulher do Barão e viver aproveitando aquele luxo, riqueza e glamour como, por exemplo, foi a Bibi (Juliana Paes, em A Força do Querer). Ela viveu o glamour de ser mulher do bandido. E a Mazé buscou um caminho diferente com o próprio negócio, quis ter o próprio negócio, ter um dinheiro limpo.

E isso tem consequências. A realidade está ali e ela tem que ser firme porque está sendo assediada pelo dinheiro fácil. Mas é um caminho bonito. É uma mulher empoderada que tem seu próprio negócio, sua loja de cosmético popular. É a única pessoa que peita o Barão e se precisar ela vai além para defender o filho.

Empoderamento feminino na TV

E como é ver o poder feminino sempre abordado na TV?

A novela é entretenimento, sem dúvida. A TV Globo, que é uma emissora de maior influência de comportamento, de cultura no Brasil, cada vez mais entende a importância da novela no imaginário, nas referências das pessoas. A gente só consegue transformações com exemplos, educação. E a cultura faz parte dessa influência. Eu percebo que o Mário é um autor que tem essa consciência.

A novela é um dos fatores de transformação social e influência. Quando eu vivo a Mazé, procuro pegar dela o que pode ser interessante para fazer as pessoas refletirem. Quando faço uma vilã, por mais que seja um exemplo ruim, faz as pessoas refletirem. Quando faço uma pessoa desonesta, também estou fazendo as pessoas refletirem.

Temos que ser parceiros dos autores que conduzem essa história e escrevem, e dos diretores que mostram o ponto de vista, para onde o espectador vai olhar. A gente tem que buscar as sutilezas como intérpretes para fazer as pessoas pensarem, refletirem e, assim, mudar nossa realidade também.

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade