Juan Paiva conta qual é seu maior desafio em Malhação – Viva a Diferença

Publicado em 22/09/2017

Juan Paiva está fazendo sucesso com o público de Malhação Viva – a Diferença. Par romântico da destemida Tina (Ana Hikari), ele conquistou a torcida dos telespectadores da novela, que vibram com as cenas de Tinanerson (junção dos nomes dos dois personagens comumente usado nas redes sociais). Em entrevista ao Observatório da Televisão, ele falou sobre o personagem, a representação dos negros, e seu amadurecimento no Vidigal, favela carioca onde cresceu. Confira:

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Como está sendo viver o Anderson de Malhação Viva a Diferença?

Estou feliz com a repercussão. O retorno do público é bem bacana e meu personagem cresceu falando sobre o preconceito, representando os negros, os motoboys, os jovens, e o meu medo no início era não ter um retorno positivo, o que graças a Deus não aconteceu. Eu tinha medo também do meu sotaque carioca me atrapalhar um pouco, mas deu certo.

O sotaque foi o seu maior desafio?

Nesse trabalho sem dúvida o sotaque foi meu maior desafio, e ainda é. Estou mais adaptado mas tenho que concentrar muito, porque se me disperso um pouco já vem o carioquês. Tenho problemas com o R.  Estou fazendo fono agora, mas no início comecei na brincadeira, imitando meus amigos paulistanos, improvisei algumas cenas e fui pesquisando raps no Youtube. Todos os dias eu acordava e ficava a manhã inteira vendo vídeos para entender a prosódia.

O público de Malhação é muito intenso. Todo mundo que passa pelo programa tem um salto de seguidores nas redes sociais. Você sentiu isso?

As minhas redes sociais deram um salto enorme, o que eu já esperava um pouco, mas é um público enorme. Comparando com a época que fiz Totalmente Demais, agora parece ser um público bem maior, pois recebo bem mais mensagens.

Quantos seguidores você tinha antes de Malhação, e quantos você tem agora?

Em Totalmente Demais eu cheguei a 32 mil, e agora estou com 188 mil. O mais engraçado é com as meninas que são protagonistas, algumas tinham 300 seguidores e hoje estão com 200 mil. É absurdo.

Como é mostrar um pouco da realidade do negro na televisão?

Para mim é uma honra total. Para a gente que é negro, ter um espaço na TV é muito importante. Converso todos os dias com a Heslaine Vieira sobre nossas questões, de como podemos abrir portas para os negros. No texto vem algumas situações que me dedico ao máximo para não ser bruto ou radical, e passar uma mensagem que atinja a galera verdadeiramente.

A mãe da Tina é muito preconceituosa. Você já sofreu algum tipo de preconceito na vida real?

Já. Várias vezes. No shopping passeando com os colegas, eu sendo o único negro da rapaziada, e o segurança atrás de mim meio que disfarçando. Com minha namorada mesmo, já vivi várias situações que não foram legais. A sensação é muito ruim e sempre será ruim. Hoje estou mais maduro e mais seguro quanto a isso até para responder a algumas pessoas, sem ser desrespeitoso claro, mas hoje se você tiver um ato racista comigo, eu não vou mais te olhar da maneira que eu te olhava antes, e terei um cuidado maior ao conversar com você. É como um cristal arranhado, o valor passa a ser outro.

A visibilidade que você ganha acaba mudando um pouco isso, não é?

Um pouco, mas acho que não é verdadeiro. Fazem isso porque estou na televisão, dá para perceber. Eu moro no Vidigal, o que também seria outra barreira, porque ainda há preconceito com garotos de favela. Já o Anderson meu personagem não diz favela, ele diz que é da quebrada, que é gíria de São Paulo.

Conversei com o Thiago Martins que é de lá, e está aí como outras pessoas e disse que aprendeu muito. O que você aprendeu no Vidigal?

Concordo com tudo o que ele fala, e ele hoje é uma referência para mim. Eu amadureci muito. A realidade do morro te faz amadurecer muito rápido. Eu tenho 19 anos, comecei a trabalhar com 16 e já sabia de muita coisa, tanto que eu conversava com meu pai para ensiná-lo a melhor forma de chegar nos lugares. Dentro do morro não há desigualdade, mas quando a gente sai é que vem a diferença. Dá para perceber os olhares das pessoas e como elas falam sobre a gente, e isso faz com que a gente amadureça. Eu pelo menos, tenho um certo medo de chegar de cara em algum lugar ou conversar com alguém que não conheço. Espero um pouco para sentir o que devo dizer.

Você tem namorada?

Tenho uma esposa chamada Luana, e uma filha com ela, de 3 anos chamada Analice.

Como é representar os motoboys?

Bem bacana. Em São Paulo quando eu estava começando, gravei algumas vezes com motoboys e eles disseram: “Mano isso aqui é assim, é rataria, vamos representar direitinho isso aí”, e eu até comentei que já estava pesquisando sobre eles.

*Entrevista feita pela jornalista Núcia Ferreira.

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