Isabella Santoni reprova vingança de Charlotte em Orgulho e Paixão: “Acho péssimo”

Publicado em 20/07/2018

Quem olha rapidamente Charlotte em Orgulho e Paixão, nem imagina que ela alimenta um desejo de vingança. Interpretada por Isabella Santoni, a bela moça planeja retribuir todo o sofrimento que Uirapuru (Bruno Gissoni) causou ao lhe abandonar no passado sem dar explicações – a desilusão amorosa aconteceu ainda na adolescência, antes de Charlotte mudar-se com o pai para Londres.

Todavia, apesar da mágoa, a irmã mais nova de Darcy (Thiago Lacerda) teme que o sentimento especial que ainda sente pelo o poeta cafajeste atrapalhe seu objetivo.  E é em um bate-papo com o Observatório da Televisão que Isabella Santoni revela quais serão os próximos passos de sua personagem na trama de Marcos Bernstein.

A atriz também comenta sobre o empoderamento feminino presente na novela, que mostra uma sociedade patriarcal e dividida por castas no início do século XX. “As mulheres vão começar a trabalhar, o que é muito legal. Para mim é a parte legal da personagem”, comemora. Confira:

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Capítulo 100

Orgulho e Paixão já está caminhando para o capítulo de número 100. Como está sendo esse momento para o elenco?

A novela está uma delícia. Já novela já está no meio, está acabando e passando muito rápido. Faltam três meses. Está uma delícia porque estamos recebendo um monte de personagens novos. Assim como a Charlotte no começo da trama entrou mexendo um pouquinho, agora estamos recebendo várias mudanças. As mulheres vão começar a trabalhar, o que é muito legal. Para mim é a parte legal da personagem. O personagem vem criando dependência ainda mais afetiva do homem que a manchou, que no caso foi o Uirapuru, personagem do Bruno Gissoni. E o público fala para mim: ‘ah, ela tem que largar dele. Ela merece coisa melhor. Ela tem que ser feliz’.

Amor por Uirapuru

A Charlotte gosta de verdade do Uirapuru?

Gosta. Acho que foi o primeiro amor. O primeiro amor é muito forte, não se esquece fácil. Mas ela está se libertando desse sentimento. Ela já se deu conta de que essa história já deu o que tinha que dar. Acho que, como mulher, ela achou que o amor pudesse transformar, que muitas vezes transforma. Temos vários exemplos desses. Mas, nesse caso, a índole dele não deu. Ele é bem cafajeste.

Então você acha que o Uirapuru não tem a menor chance de ficar com a Charlotte?

Acho que não, mas tudo é possível. Eu torço pela felicidade dela. Se ela tiver feliz. Acho que ela trabalhando vai encontrar uma nova Charlotte.

Isabella Santoni fala sobre força feminina em Orgulho e Paixão

Como está sendo para você fazer essa novela que tem tantas mulheres fortes?

A novela está sendo um prazer porque o elenco é muito amigo. Têm amigos de antes, que eu já trabalhei. Amigos de festas, de outros lugares, e gente que estou trabalhando agora pela primeira vez. Ontem vimos o jogo, todo mundo junto. Então a gente sempre está nos corredores conversando. É muito legal porque cada um torce muito um pelo outro aqui. A gente tem um grupo e todo mundo se fala muito sempre. É uma tristeza pensar que a novela está acabando. Chega no capítulo 100 e dá um baque na gente. Mas ainda tem muita história para rolar. Temos muitas tramas se resolvendo ainda.

Gostaria de ter vivido lá no início do século XX?

Não gostaria. Graças a Deus sou de agora. Até porque temos muitas conquistas para fazer. Vendo a novela, parece ser uma coisa antiga, mas é contemporâneo. As mulheres continuam lutando pelos seus direitos. Continuam querendo trabalhar e muitas vezes sendo reprimidas.

Figurino

Você está curtindo o figurino da sua personagem?

 O figurino é da Bete, ela é super dedicada. Desde o comecinho ela me mostrou cada detalhe de escolha. Se você reparar, o figurino da Charlotte é um pouco diferente das outras mulheres porque ela veio de Londres, então ela tem uma referência um pouco mais moderna. Tem mais linhas, misturas de tecidos, uma renda com uma listra. Têm detalhes de amarelo, que Bete falou que antigamente na arte o amarelo era uma mancha, um diferencial. Era como se algo estivesse de errado ali. E por ela ter tido relação antes do casamento tem essa característica. São pequenos detalhes que a gente como público não sabe, mas que fazem toda a diferença.

Grande amor de Charlotte

Você já disse que o Uirapuru não tem chances com a Charlotte. Quem você poderia ser um grande amor para a vida dela? Qual tipo de homem?

Eu acho que chances sempre tem. Estamos falando de novela, temos mais três meses de novela. Então possa ser que tudo aconteça, é uma obra aberta. Mas eu tenho torcido para a Charlotte encontrar a felicidade em si mesma, que ela não dependa dessa felicidade em um homem ou em alguma outra pessoa. Ela se mostra muito independente. Não sei. Vamos ver se o amor vai surgir ou não.

Você ainda tem lembranças do seu primeiro amor?

Meu primeiro amor de adolescência foi um cara que é um grande amigo, chamado Felipe. Ele, inclusive, é um dos padrinhos de consagração da minha irmã. São famílias que eram muito unidas e continuamos amigos. Foi namoro de criança, adolescente, eu tinha 17 anos. Ele é parceirão. Ano passado viajamos, fizemos uma trip juntos com um monte de amigos. Continuo torcendo um pelo outro. Acho legal isso. Dos relacionamentos que passa, a gente tem que cultivar o melhor porque, em algum momento da vida, você jurou um amor. Então se acabou de uma forma boa, legal, porque não continuar a amizade?

Vingança

Como você vê a vingança da Charlotte contra o Uirapuru?

Acho péssimo. Acho que ela está indo total para o lado errado. Se ela quer mudá-lo, acho que mais vale ela ser amiga do que pelo lado da vingança. O amor é sempre o melhor caminho. É um exemplo legal que está sendo falado na novela para a gente refletir sobre as relações abusivas. A gente não presta atenção nisso. Ela está perdendo a vida em prol de um cara que nem vale a pena. Às vezes o amor deixa a gente cego.

Já esteve nessa situação de “estar meio cega”?

Já tive relacionamentos que não eram legais e que continuei por estar muito apaixonada. E depois precisar falar: ‘poxa, amiga, por que você não me avisou que ele era um canalha?’. Acho que é normal, todo mundo passa.

Relação com a Margareth

O Uirapuru ainda pode mudar de caráter?

Eu acho que têm chances. Eu tenho amigos que depois de namoradas legais mudaram. É possível. Tem muita gente que muda depois que tem filho também. Acho que o filho dá uma amadurecida na pessoa também.

Como você analisa a relação da Charlotte com a tia Lady Margareth, interpretada por Natália do Vale?

Existe um grande um respeito. Até leio assim e falo: ‘Meu Deus, a Charlotte responde todo mundo, como ela não responde sua tia?’. Acho que antigamente a autoridade dos mais velhos era muito respeitada. Não existia um diálogo que temos hoje em dia. Hoje em dia, eu e a Isabela podemos virar para minha vó e dizer: ‘não é bem assim. Olha o que você está falando’. Naquela época, não. Então eu acho que existe um respeito da época em si para ela não responder a tia. Toda vez que ela dá uma alfinetada é sempre por ironia. Nunca é um embate direto.

Vida profissional

O público está acompanhando a luta das mulheres por trabalho na trama. Como é sua relação com o trabalho? Você se imagina ficando sem trabalhar?

Não. De jeito nenhum. Eu trabalho desde os meus 16 anos e para mim é muito difícil imaginar ficar parada. Até quando estou de férias, estou trabalhando. Eu sempre viajo para lugares onde eu possa aprender algo. Como minha profissão é muito da observação, das relações, toda vez que viajo procuro ir para lugares que vão me acrescentar esse algo a mais.

E quais foram suas últimas viagens?

Ano passado viajei bastante porque eu tive folga. A última viagem marcante que fiz foi para o Peru. Fui no Pan Americano e tive a experiência de vivenciar essa coisa do esporte. Eu sou muito ligada ao esporte e estive dentro de um alojamento com atletas da América Latina toda. Então sentir esse espírito do esporte foi um diferencial. Fui para Machu Picchu depois, que é incrível, mas o alojamento da galera do esporte foi algo que eu falei: ‘caramba, isso é equipe’.

Moda

Quem te acompanha nas redes sociais viu que você fez um ensaio com Caio Vaz. Como foi essa experiência e como você lida com a moda?

Sou modelo desde os 16 anos e sempre gostei de fotografar. Naquele ensaio, era um dia de folga. Eu chamei um amigo, uma maquiadora, dormi com meu namorado em um hotel e, no dia seguinte, fui fazer as fotos. Fiz fotos de divulgação de trabalho, que a gente tem que estar sempre renovando, e fiz umas brincadeiras para o Instagram, que é roupa nova que ganha. Essa brincadeira de boneca, modelo, eu faço sempre. Quando você faz um editorial de moda dá para ousar um pouquinho. Pode misturar peças que, talvez, no dia a dia as pessoas falem, ou não combinem. Tem tanta coisa que a gente vê na passarela e que é legal usar as peças isoladas. Se usa tudo junto, eu acho que vale um editorial para poder brincar.

Você falou que gosta muito de esportes. Como surgiu essa paixão?

Eu sempre gostei de esporte. Desde, sei lá, seis anos de idade. Eu fazia ginástica olímpica, depois fiz vôlei, boxe. Sempre tive essa ligação. Hoje em dia perguntam qual meu treino, como eu malho, minhas restrições. E eu não gosto de rotina, faço o que estou a fim de fazer. Geralmente, tenho surfado muito porque o surfe me conecta muito com o momento presente. Sempre que posso e tenho condições, eu vou. Mas eu não tenho uma rotina de esportes e de treinos. Hoje eu quero pegar peso, amanhã quero pegar onda, depois decido fazer uma trilha.

Rotina de gravação

Como você ajeita sua rotina de gravação para poder praticar esporte?

Aqui (na Globo) começo 11h da manhã. Então acordo às 6h e tenho bastante tempo para brincar com todas as outras coisas, não é só esporte. Eu faço fono, aula de interpretação, uma peça, têm várias coisas no meio. Mas não abro mão de fazer atividade física. Quando eu não faço, parece que está faltando alguma coisa.

Você acorda às 6h feliz, bem?

Depende do dia (risos), mas eu acordo. Se eu dormir cedo, acordo. Geralmente durmo às 22h, aí acordo bem. Mas se eu for dormir meia noite, uma da manhã…

Espírito esportivo entre atrizes

Você relatou sobre o clima de equipe no alojamento esportivo durante viagem ao Peru. Você consegue ver esse mesmo espírito sua profissão, entre as atrizes?

Acho que na nossa profissão é mais difícil ter esse espírito porque estamos numa correria o tempo inteiro. Eu venho gravar as minhas cenas, daqui a pouco eu tenho uma foto, alguém tem não sei o quê. Mas a gente se une sempre. Aqui na novela, nós mulheres conversamos muito sobre os assuntos. A gente conversa sobre padrão de beleza, coisas que gostamos de fazer, atividades, figurino. Estamos sempre trocando. Eu sinto que é mais difícil porque é mais corrido. No nosso meio, não treinamos em equipe. A gente vem gravar uma cena, vai para externa, cada um está fazendo uma coisa. Mas nos momentos de intervalo, ou pós, sempre há debates de um assunto que está rolando. Seja daqui de dentro ou de fora. Vivemos num período em que toda a semana tem alguma bomba, alguma coisa. Quanto mais a gente conversa e fala, mais aprendemos.

A Lei do Amor

Você está sendo muito elogiada pela atuação na novela. Como tem lidado com as críticas? Com a Letícia, em A Lei do Amor (2016), elas foram pesadas, né?

As críticas ajudam a amadurecer sempre porque colocam a gente num lugar de reflexão. Infelizmente a gente acaba aprendendo mais nesses momentos. E eu acho incrível ter a sabedoria de ouvir. Não gosto de me apegar aos elogios nem às críticas. Todos são bem-vindos e é sempre bom avaliar da onde vem o elogio e da onde vem a crítica. A Letícia foi uma personagem que fui aprendendo que aquela era a trajetória dela. A trajetória dela era ser frágil e se tornar forte. O público ia acompanhar isso. Ela precisava ser uma menina muito mimada e dependente para depois mudar. É sempre uma caminhada e se você está aberto para ouvir, você sempre cresce. Se você se apegar aos comentários negativos, você não vai viver. Você vai estar sempre pensando na opinião dos outros. Vai estar sempre deixando de fazer algo que gosta.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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