Fiuk rebate crítica recebida por desempenho em A Força do Querer: “Estou fazendo bem feito”

Publicado em 19/06/2017

No ar como o Ruy de A Força do Querer, Fiuk falou em entrevista ao Observatório da Televisão sobre a volta ao ar após ficar um longo tempo longe das novelas, a repercussão do personagem e a relação que possui com os fãs.

Como está sendo receber os elogios por essa novela e o reconhecimento do público?

Acho muito gostoso. Atuar é uma grande magia. A gente não tá aí pra agradar todo mundo e sim pra questionar vários assuntos. Está tudo sendo muito bem recepcionado, a novela tá incrível. Cada lugar que eu vou, até no Rio de Janeiro que as pessoas são mais acostumadas com artistas, está impressionante. Eu postei uma foto com o bebê [que faz o filho do personagem no enredo] e todo mundo: ‘o filho não é teu! Acorda!”. É muito gostoso quando a gente vê que as coisas se misturam, as pessoas olham e às vezes não sabem diferenciar. Acho uma brincadeira gostosa.

O Ruy se apaixonou à primeira vista pela Ritinha (Isis Valverde). Como você vê a relação dos dois?

Acho que é mais forte do que uma paixão. Tem um mistério aí que ninguém sabe o que é ainda. Acho que tem um negócio do folclore, do canto da sereia, da magia.

Você está ansioso para que aconteça o reconhecimento do Rui com o Zeca (Marco Pigossi)? Até agora eles não sabem que se conheceram na infância.

Eu devia ter fingido que não estava tão ansioso. A Glória [Perez, autora do folhetim] não fala. Ela contou algumas coisas para a Isis e de vez em quando ela me fala. Mas eu gosto de viver com o personagem, de sofrer, de não saber.

O Ruy é louco pela Ritinha, mas ela ama os dois. Qual a sua ideia de final do triângulo amoroso?

Eu acho que ainda vai acontecer muita coisa. Ela tá começando a ficar dividida de novo e o Ruy vai ter que encarar isso.

E como você enxerga a relação do Ruy com a família?

O Ruy com o pai, Eugênio (Dan Stulbach), um é a cópia do outro. Os dois passam pela mesma situação e não se abrem. Acho que a família é um pouco conservadora e sem querer os filhos cresceram com uma certa distância dos pais. Então não tem intimidade pra um ajudar o outro, abrir o jogo. Eugênio não abre o jogo de jeito nenhum.

Você é muito amoroso com o bebê que vive seu filho na novela. Tem vontade de ter filhos?

Se eu disser que não estou mentindo. Vontade de um dia montar uma banda de rock com os meus filhos [risos]. Sempre tive muito medo de fazer criança chorar. Eu nunca tinha coragem de chegar perto. Quando chegou no estúdio, aconteceu uma coisa linda demais: eu estava brincando com ele, aí eu sai de perto e ele começou a chorar. Me aproximei, ele parou. No set ele estava chorando uma hora por causa das luzes e eu cheguei perto, e ele parou. Fiquei feliz com isso.

Você acha que a Ritinha é meio vilã?

A Ritinha é uma incógnita. Ela engana todo mundo. Tem dias que você olha e diz ‘nossa, a Ritinha é muito linda, muito pura’, e tem diz que você diz ‘meu Deus do céu, a Ritinha é maluca, tá pensando em tudo isso’. É confuso até pra gente. Até eu não sei se ela é ingênua ou a pessoa mais louca do Brasil. Mas eu acho, pela história, que ela é um pouquinho vilã. Sem querer, não acho que ela percebe, mas ela tem uma vilãzinha ali dentro.

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A Carla Bittencourt [colunista do jornal Extra] disse que você não tem o talento do seu pai e que não ajuda a Isis Valverde na troca em cena. Como você recebe esse tipo de comentário? É um estímulo?

Eu tenho teto de vidro. Tem gente que tem raiva de mim de graça, acho que aqui no Brasil a gente tem o costume de não ficar feliz pelo outro. A gente não comemora a vitória do outro. Olha pra mim é fala ‘que raiva dele, ele não tinha que estar ali porque é filho do fulano’. Acho que atuar é questionar, não é convencer o outro a te amar. Então o meu papel eu estou fazendo bem feito. Eu passei num teste que muitas pessoas tinham feito, então quanto ao que eu faço na minha vida eu sou muito bem resolvido e eu também não questiono. Agora contra fatos não há argumentos. A novela está demais.

Você tá se curtindo em cena?

Eu tô. Atuar é isso. Não tem como você se julgar, atuar é você viver a cena. Você tá ali só pra fazer.

Esse período que ficou longe da TV foi bom?

Total. Eu sou muito sincero comigo mesmo. Eu passei por uma fase que eu estava sentindo que estava virando uma coisa que não era nada, quase um produto. Eu prefiro perder pela verdade do que ganhar pela mentira. Então eu peguei um tempo pra compor umas músicas de novo, pra ver qual era o meu estilo, o que eu queria pra minha vida, do que entrar numa roda gigante que eu não tinha controle algum do que ia acontecer e virar qualquer coisa que eu não queria ser. Eu peguei essa fase, me peguei no colo mesmo, acho que não tem problema a gente se questionar, o problema é não se questionar, ser uma Maria vai com as outras, então eu tento viver a minha vida dia após dia e tá tudo dando certo.

Acha que isso é um marco nesse Fiuk que ficou fora do ar?

É uma grande resposta sobre todas as questões que eu fiz, o tempo que eu me dei. Muito bom saber que eu posso confiar na minha intuição. Chegou uma hora que eu sentia que eu precisava ser eu. Pra mim tá tudo certo, acho que estamos no caminho.

O Zeca tem uma religiosidade muito grande e o Rui não, mas tem o fio [que o personagem ganhou na infância, início da trama, quando quase se afogou com Zeca]. E ele acredita naquele fio. O que é aquele poder pra ele?

Eu acho que ele sente que ele morreu e voltou. Que aquilo tem um significado muito forte, mesmo sem ele saber direito. Sempre que ele tá passando por alguma dificuldade, ele pensa que aquilo o salvou de certa forma. O inconsciente dele tá ali, se vai acontecer alguma coisa errada, já pega o fio, olha, nem sabe direito o que é, mas sabe que aquilo o trouxe de volta. Ele até nega um pouco, não gosta de abrir muito, mas é uma proteção.

Você é religioso?

Eu acho que a vida é energia. Eu me cerco de coisas boas, energias boas, princípios legais. Minha religião é Deus, não é uma coisa fechada, é uma coisa universal. A gente não sabe o que é direito, mas é uma coisa mágica que engloba todo mundo. Eu acredito no amor e tenho muita fé e esperança.

Faz algum ritual antes de entrar em cena?

Eu faço um aquecimento de corpo, coisas mais pra ativar a cabeça, o corpo.

Você levou a família da ficção para a vida?

Eu trabalho com gente com eu admiro, não só como artista, mas como pessoa. É uma galera muito legal, é mais um combustível. São pessoas que trabalham há muitos anos, que tem a mesma simplicidade, o mesmo prazer em atuar.

Como é com as crianças que assistem à novela?

Eles são inquestionáveis, eu acho muito bonito. Eu fui fazer um trabalho no Maranhão e a criançada estava animada, parecia que eu estava fazendo Malhação. Muito incrível. Criança você sente no abraço.

O que você acha do visual do Ruy? 

Eu cresci numa geração que pra ter uma banda precisava ter uma identidade visual. Eu acho que atuar funciona assim também. Não adianta você dar uma personalidade para o personagem e a roupa falar outra coisa. Cada um tem sua crença, mas eu gosto muito de fazer isso junto.

O Ruy no início da novela estava prestes a se casar com Cibele [Bruna Linzmeyer] e tinha um comportamento. Depois que conheceu a Ritinha mudou. Como você vê esses dois ‘Ruys’? Você nota a transformação?

Eu acho que ele ainda não tinha conhecido a vida. Ele conhecia a vida que os pais colocaram pra ele. Ele viveu numa bola que achava que não era bolha. Achava que a vida era aquilo. Então eu acho que a gente muda realmente quando a gente se apaixona, ainda mais pela pessoa errada. Daí começa a provar a vida, e acho que aconteceu isso com ele. A vida mudou, se apaixonou por uma mulher que não poderia se apaixonar, só que ali ele começou a ter certezas. Foi uma mudança, não sei se chamo isso de maturidade, mas foi a hora que ele pegou as rédeas da vida dele. A partir do momento que ele casou com a Ritinha, ele começou a nascer de novo.

Você acha que isso já aconteceu com você?

Eu acho que esse negócio de maturidade não existe. Somos todos crianças. Acho que a vida vai nos testando e a gente vai ficando calejado, mas se a gente perde o brilho de criança, a gente não vive.

A Glória Perez resolveu voltar a investir no lúdico. Isso te encanta também?

Eu vivo do lúdico, da minha fé. Essa tatuagem [desenho feito pelo astro nas mãos, veja a imagem na galeria], quem fez o “F” foi meu pai e o “É” a minha mãe e eu pedi pra tatuar. Eu vivo disso, minha vida é ter esperança, é acreditar, se não tiver isso, como que a gente vai viver? O outro nunca vai acreditar na gente se a gente não acreditar que o amor existe. Não é ver pra crer, é crer pra ver. Esse é o meu princípio. Eu sou o primeiro a acreditar e o último a desistir. A Glória já passou por muitas coisas difíceis, e é muito bonito ver que ela não deixou morrer a criança dentro dela. Isso você vê nos personagens, na fé que ela coloca nas questões dos personagens, tanto de transgêneros, de relacionamentos, de coisas místicas, ela reuniu tantas coisas bonitas que o lúdico não é tão lúdico quanto parece. Eu fui numa tribo e perguntei e eles usam sim a força das águas, da natureza, ela só tá trazendo pra gente um respiro.

A novela aborda a transexualidade e você tem um grande público de fãs homossexuais. Como você recebe esse carinho?

Eu ajudo muito, tento encher meus fãs de coisas legais. A gente tem que estar à vontade. Quem sou eu pra falar do outro? Eu dou liberdade, tenho uma fã que está passando pela transição de gênero, a gente brinca, ela chega e fala ‘agora é ele, não ela’. É tudo uma grande brincadeira. A vida é isso, é descobrir, testar. A gente é muito chato, acha que tem direito sobre o outro. Eu acho muito bonito a novela estar contando essas histórias, tanto a Ivana (Carol Duarte) quanto o Nonato (Silvero Pereira), são contrapontos muito bons. Dane-se o que você quer ser, não é problema de ninguém e a vida é bonita por isso. Como que você vai bater numa pessoa porque você não gosta do que ela está vestindo? Pelo amor de Deus, nem bicho faz isso, a gente é pior que bicho.

Como é com a sua família agora que você está protagonizando uma novela das 21h? Eles te ligam?  Como é essa troca?

Hoje em dia eu e meu pai somos muito parceiros. Antes ele era muito pentelho, desculpa pai [risos]. Ele fala, ‘moleque, gostei daquela cena lá’, então a gente conversa muito abertamente, tanto da novela, quanto de música. Ele não lança mais música se eu não gosto. Muito legal.

A boa relação que você tem com os fãs você aprendeu com a convivência com o seu pai?

Eu também já fui muito fã de artistas. Teve uma época que eu vi que nenhum dos meus ídolos faziam nada pelos fãs. A partir do momento que eu virei ídolo, de uma certa forma, eu falei: ‘vou fazer tudo que eu queria que tivessem feito comigo’. Então, desde 2011, todo dia 25 de outubro, que é meu aniversário, eu faço uma festa para os meus fãs. Eu sorteio 100 fãs, faço uma coisa de dentro pra fora, ninguém sabe, e isso que deixa a festa legal.

Quais loucuras os fãs já fizeram por você?

Elas são muito doidas. Uma vez uma pediu pra eu escrever no corpo dela uma frase que eu amo, aí passou uma semana ela apareceu com a frase tatuada. Eu falei ‘meu Deus, ainda bem que eu não escrevi uma besteira’. Mas eu falo, quer tatuar, tatua uma frase legal, algo positivo.

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano.

 

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