Exclusivo: Marcelo Torres fala sobre a substituição de Carlos Nascimento no Jornal do SBT

Publicado em 24/03/2014

Afastado do trabalho desde setembro de 2013, por conta de um câncer no reto, o jornalista Carlos Nascimento, âncora e editor do Jornal do SBT, tem sido substituído pelo ex-correspondente do SBT em Londres, Marcelo Torres. Nascimento não tem previsão para o fim do tratamento e o retorno às atividades na TV, enquanto isso a emissora renovou seu contrato por mais dois anos, não efetivou nenhum profissional em seu posto e espera ansiosa a volta do veterano.

Marcelo, repórter experiente, com 18 anos de carreira e passagens pela Globo e BBC, está no SBT desde 2005, quando foi contratado para integrar o time de correspondentes da emissora, junto com a contratação de Ana Paula Padrão e a nova na fase do jornalismo do canal de Silvio Santos.

Torres ficou na Europa, baseado em Londres, durante 6 anos e cobriu os principais acontecimentos no velho continente. Marcelo conta que foi um privilégio atuar como correspondente internacional do SBT.

“Obviamente, eu sabia que não poderia contar, em Londres, com a excepcional estrutura de trabalho que o SBT oferece, por exemplo, em São Paulo. Trabalhava muitas vezes sozinho ou com o auxílio apenas de um cinegrafista, mas foi um processo riquíssimo de aprendizado, em que passei a dominar todos os detalhes da produção de uma reportagem, desde a luz até a transmissão via satélite. Do ponto de vista editorial, tive a oportunidade de cobrir guerras, como Iraque e Afeganistão, e compartilhei com os telespectadores do SBT o testemunho de momentos históricos como a Primavera Árabe. O mais bacana era o ofício diário de tentar traduzir os acontecimentos mundiais para o universo brasileiro, com a nossa língua, os nossos códigos sociais e a nossa cara.”

Em 2011, Marcelo retornou ao seu país e o SBT o recebeu de volta na função de repórter e eventual apresentador substituto dos telejornais da emissora. Torres conta que resolveu deixar a Europa por saudades da família e vontade de exercer outras atividades no jornalismo.

“Eu decidi voltar ao Brasil depois de morar 9 anos na Inglaterra. Fui para lá fazer mestrado, trabalhei para o Serviço Mundial da BBC e depois fui contratado pelo SBT. Em grande parte, foi uma decisão pessoal, já que estava havia muito tempo fora e queria ficar mais perto da minha família. Mas também sentia a necessidade de ter outras experiências profissionais, o que, felizmente, tem acontecido desde que voltei ao Brasil.”

Há cerca de 6 meses, Marcelo ocupa o posto de âncora e editor do Jornal do SBT até que Carlos Nascimento retorne, questionado se ele seria o possível substituto efetivo de Nascimento, caso ele não retorne ao trabalho, Marcelo é discreto e afirma que no SBT ninguém cogita a hipótese de Carlos não voltar.

“Isso nunca foi discutido. Estamos todos esperando o Nascimento voltar. Toda a equipe torce muito para que a recuperação dele seja rápida. O Nascimento é uma pessoa forte e tenho certeza que muito em breve estará com a gente de novo.”

Por isso não existe nenhuma sinalização de quem seria o novo âncora do telejornal. Há algum tempo a imprensa noticiou que o SBT estaria buscando possíveis nomes de jornalista nas concorrentes, chegaram a falar em Evaristo Costa, César Tralli e até Chico Pinheiro, mas ao que tudo indica não passou de especulação.

Caso ocorra de fato a efetivacão de um novo âncora, Marcelo Torres tem se saído muito bem na apresentação do Jornal do SBT e merece o posto. Questionado sobre a preferência pelo estúdio ou pela reportagem, Marcelo, que já havia apresentado telejornais locais, mas nunca em rede nacional, conta que adora desafios e experimentar coisas novas.

“Gosto muito dessas duas funções e ainda da função de editor, que tenho exercitado juntamente com a apresentação. Valorizo muitíssimo a reportagem e o contato com os entrevistados, mas na vida sempre estamos em busca de novos desafios e posso dizer que, neste momento, tenho tido muito entusiasmo nas funções de apresentador e editor. São mundos novos que estou explorando com muita vontade.“

Sobre a responsabilidade de assumir um telejornal e a pressão por resultados, ele afirma que no SBT a prioridade não é o Ibope. “No Jornal do SBT, embora, graças a Deus, a audiência esteja nos sorrido, a pressão por Ibope não é tão grande. Nunca vi a editora-executiva, Tatiana Mocelin, e de um modo geral ninguém da equipe, escolhendo pautas pensando no Ibope. Nossa discussão é sempre sobre a qualidade jornalística. Tentamos todas as noites fazer um jornal interessante e relevante.”

Marcelo conta um pouco sobre a sua rotina diária no SBT. “Além de apresentar, eu trabalho como editor. Escrevo e gravo a chamada do jornal, edito reportagens, escrevo passagens de bloco, cabeças (introdução às reportagens), enfim, ajudo em tudo o que for possível. A equipe do jornal é muito boa e temos uma excelente interação.”

Apesar de pioneiro em algumas questões como a introdução do âncora no telejonal, com Borys Casoy, no TJ Brasil e a crição do telejornal policial, com o Aqui Agora, ambos nos anos 1990, o  SBT nunca foi visto pelo público e crítica como uma emissora que se dedica ao jornalismo de qualidade, mas na última década o canal de Silvio Santos passou a investir em tecnologia, contratações, revitalizou seu departamento e tem colhido frutos. Marcelo afirma que o jornalismo no SBT é ascendente em todos os sentidos, tanto em qualidade quanto em audiência.

“Desde que entrei no SBT, só vi o departamento de jornalismo crescer, seja em número de funcionários, na consolidação dos telejornais ou na qualidade das reportagens. Temos hoje uma redação de competências muito diversas, o que torna ainda mais rico nosso processo de produção.”

Confira a entrevista na íntegra:

OT – Marcelo, você chegou no SBT em 2005, para integrar o time de correspondentes com a então contratação de Ana Paula Padrão e a reformulação do jornalismo da emissora. De lá pra cá você avalia que o jornalismo do SBT melhorou?
MT – Desde que entrei no SBT, só vi o departamento de jornalismo crescer, seja em número de funcionários, na consolidação dos telejornais ou na qualidade das reportagens. Temos hoje uma redação de competências muito diversas, o que torna ainda mais rico nosso processo de produção.

OT – Você foi correspondente do SBT em Londres por 6 anos, conte um pouco sobre como foi cobrir os acontecimentos na Europa e como era a estrutura que você tinha para trabalhar.
MT – Foi um grande privilégio ter sido correspondente do SBT na Europa. Obviamente, eu sabia que não poderia contar, em Londres, com a excepcional estrutura de trabalho que o SBT oferece, por exemplo, em São Paulo. Trabalhava muitas vezes sozinho ou com o auxílio apenas de um cinegrafista, mas foi um processo riquíssimo de aprendizado, em que passei a dominar todos os detalhes da produção de uma reportagem, desde a luz até a transmissão via satélite. Do ponto de vista editorial, tive a oportunidade de cobrir guerras, como Iraque e Afeganistão, e compartilhei com os telespectadores do SBT o testemunho de momentos históricos como a Primavera Árabe. O mais bacana era o ofício diário de tentar traduzir os acontecimentos mundiais para o universo brasileiro, com a nossa língua, os nossos códigos sociais e a nossa cara.

OT – Você acredita que a função correspondente pode chegar a ser extinta?
MT – De maneira alguma. As agências são importantes por disponibilizarem imagens que dificilmente uma televisão, sozinha, seria capaz de conseguir. Uma empresa como a Reuters está presente no mundo todo e, onde não estiver, tem parceiros que fornecem imagens. Mas esse é apenas um aspecto da cobertura. A agência jamais trará o conteúdo personalizado para o público brasileiro. Muitas histórias só poderão ser contadas por alguém que conhece nossa realidade e o nosso público. Se você olhar para o panorama das grandes agências, elas disponibilizam o conteúdo tendo em mente o público europeu e americano. Essa “pegada” brasileira só um correspondente experiente e esforçado pode trazer.

OT – Quando e como surgiu o convite para voltar ao Brasil? Você pretende ficar ou pode voltar a morar fora do país?
MT – Eu decidi voltar ao Brasil depois de morar 9 anos na Inglaterra. Fui para lá fazer mestrado, trabalhei para o Serviço Mundial da BBC e depois fui contratado pelo SBT. Em grande parte, foi uma decisão pessoal, já que estava havia muito tempo fora e queria ficar mais perto da minha família. Mas também sentia a necessidade de ter outras experiências profissionais, o que, felizmente, tem acontecido desde que voltei ao Brasil.

OT – Atualmente você apresenta o Jornal do SBT, esta é sua primeira experiência na bancada de um telejornal? Você prefere ser repórter ou âncora?
MT – Já tinha feito bancada antes, mas não em rede nacional. Gosto muito dessas duas funções e ainda da função de editor, que tenho exercitado juntamente com a apresentação. Valorizo muitíssimo a reportagem e o contato com os entrevistados, mas na vida sempre estamos em busca de novos desafios e posso dizer que, neste momento, tenho tido muito entusiasmo nas funções de apresentador e editor. São mundos novos que estou explorando com muita vontade.

OT – Você está substituindo o grande jornalista Carlos Nascimento, que está em tratamento médico. Ele tem previsão de voltar ao comando do Jornal do SBT?
MT – Toda a equipe torce muito para que a recuperação dele seja rápida. O Nascimento é uma pessoa forte e tenho certeza que muito em breve estará com a gente de novo.

OT – O Jornal do SBT é apresentado ao vivo, ou gravado como o SBT Manhã? Qual a sua opinião sobre um telejornal ser gravado?
MT – O Jornal do SBT é sempre ao vivo.  E o SBT Manhã, embora tenha uma parte gravada, tem muitas entradas ao vivo que atualizam as notícias e deixam o noticiário mais quente.

OT – O Jornal do SBT tem garantido boa audiência, como você lida com a pressão por Ibope?
MT – No Jornal do SBT, embora, graças a Deus, a audiência esteja nos sorrido, a pressão por Ibope não é tão grande. Nunca vi a editora-executiva, Tatiana Mocelin, e de um modo geral ninguém da equipe, escolhendo pautas pensando no Ibope. Nossa discussão é sempre sobre a qualidade jornalística. Tentamos todas as noites fazer um jornal interessante e relevante. 

OT – Fale um pouco sobre a sua rotina atual de trabalho. Você apenas apresenta o telejornal?
MT – Além de apresentar, eu trabalho como editor. Escrevo e gravo a chamada do jornal, edito reportagens, escrevo passagens de bloco, cabeças (introdução às reportagens), enfim, ajudo em tudo o que for possível. A equipe do jornal é muito boa e temos uma excelente interação.

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