“Eu tenho muitas cenas seguidas com muita maldade”, afirma Herson Capri sobre seu personagem em Órfãos da Terra

Publicado em 18/03/2019

Órfãos da Terra, nova novela das seis da TV Globo, estreia no próximo dia 2 de abril. A trama de Duca Rachid e Thelma Guedes, tem um grande elenco e entre eles está o ator Herson Capri, que viverá o vilão Aziz Abdallah. O personagem promete causar com suas maldades, principalmente por viver em uma cultura completamente machista.

Em conversa com o Observatório da Televisão, o ator falou um pouco mais sobre seu personagem e sobre seus filhos que estão seguindo seus passos.

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Como está sendo fazer o vilão da novela?

“Faz parte da nossa vida viver vários personagens, graças a Deus. Eu já fiz alguns vilões, de 35 trabalhos eu fiz seis ou sete. Mas esse é o pior de todos. Mas nem toda novela tem vilão, a maioria tem, porém o vilão é o que faz as coisas acontecerem. Quando a novela tem um vilão, é ele quem detona tudo, é ele que atrapalha o casal protagonista, é ele que atrapalha as pessoas do bem, que enrola as coisas. O vilão é sempre um bom personagem para o ator fazer, mesmo que ele seja tão mau como o Aziz.”

Preparação

Como foi sua preparação?

“A produção da novela nos deu uma preparação muito especial. Alguns refugiados vieram nos ajudar, pessoas que conhecem profundamente o mundo árabe, que viveram aquilo e são de lá. Nos ajudaram tanto na dança, quanto na cultura árabe em geral. Também em relação a costumes, a culinária árabe, as expressões e foram dois meses de preparação muito bem conduzidas pela nossa direção.”

O figurino é ótimo, né?

“No verão do Rio de Janeiro, quando gravamos uma externa é um suadeiro, mas faz parte.”

Ele tem três pares românticos?

“Não. Ele não tem pares românticos, ele é um homem que abusa do poder econômico que tem e compra esposas, usa elas como objetos sexuais para o seu prazer. Na hora que quer e elas não tem escolhas. É um machista por excelência.”

Família

Você que tem filha, como foi ver essa situação das moças que tem que se casar obrigadas?

“A primeira coisa que eu fiz, foi falar para a pequena que o papai iria fazer um homem do mau na novela, para ela não se assustar. A segunda vez que eu fui falar ela disse: ‘Eu já sei pai, você vai fazer um homem mau’. E aí eu fiquei quieto (risos). Mas as minhas filhas estão muito atualizadas, tem todo esse caminho do feminismo que retornou… Eu acompanhei o feminismo na década de 60 e 70, quando eu era garoto. Eu sempre encampei essa luta, sempre achei que as mulheres tinham toda a razão de brigar pelo seu espaço e pela sua presença na sociedade. As minhas filhas mais velhas acompanharam isso em casa, elas sabem como eu trato elas e a minha esposa, como eu dou a palavra a elas. Sempre tem espaço para a opinião delas.”

Hoje com mais experiência, você se sente preparado para falar sobre isso com a sua filha mais nova?

“Eu sempre tive uma postura completamente anti machista, na verdade a conversa flui com muita normalidade. Principalmente a partir do comportamento em casa. Eu tenho um comportamento que educa mais os filhos do que uma conversa.”

Novos tempos

Existe uma tendencia de que as novelas sejam cada vez mais curtas, o que você acha disso?

“Eu acho que encurtar as novelas é um caminho bom, porque chega uma hora que se estica tanto e não existe autor no mundo que mantenha a qualidade escrevendo seis ou três longas por semana. É muita coisa, então eu acho que encurtar a novela e chegar no caminho da série, é bom. Tem que ver se ela se paga, o patrocínio nas emissoras por conta dos capítulos. Mas, para nós atores e autores, eu acho muito melhor que a novela seja mais curta.”

Esse tema dos refugiados deve abrir um pouco a mente das pessoas, né?

“O assunto refugiados é universal, tem que ser visto por todos os países. Porque a grande maioria dos países ricos enriqueceram a partir das colônias e esses refugiados de hoje em dia vem de colonias. Então é uma questão bastante profunda e que tem que ser olhada, não pode ser esquecida. Eu acho que o ser humano esquecer de gente que está sofrendo, não é uma coisa bacana. Acho que todos os países, todos os políticos, empresários e todos, devem prestar a atenção em quem sofre e lutar para que esse sofrimento minimize ou acabe.”

Glamour

Essa coisa do Sheik remete a um mundo muito glamouroso e de ostentação, o Aziz é assim?

“Não, porque não tem glamour. Ele é muito do mau. Ele quer a mulher e trata ela como um objeto, aí vem a questão da discussão do machismo. É uma discussão importantíssima, a evolução do feminismo e da mulher empoderada está acontecendo. Existe até estatística de quanto algumas mulheres ganham menos do que homens e eu acho isso importantíssimo.”

Algumas cenas te tocam?

“O que me toca, é quando eu tenho muitas cenas seguidas com muita maldade, eu saio exaurido. São coisas que eu tenho que puxar, que não são minhas e eu tenho que puxar aquilo naquele momento, aí eu saio respirando para tirar aquilo de mim.”

Como foi ver dois de seus filhos estreando no cinema?

“Eu babo, eu sou babão. Eu adoro ajudá-los, não ajudá-los dentro do papel, mas na hora de fazer o personagem, como falar o texto, como se posicionar, como raciocinar, eu adoro.”

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