“Ele se orgulha de cumprir bem o trabalho que ele é designado”, revela Cesar Ferrario sobre personagem assassino em A Dona do Pedaço

Publicado em 17/04/2019

Escrita por Walcyr Carrasco e prevista para entrar no ar na TV Globo em maio, substituindo O Sétimo Guardião no horário nobre da emissora, A Dona do Pedaço tem grandes nomes no elenco. Entre eles está o ator Cesar Ferrario, que está longe das novelas desde viver o personagem Rato, em O Outro Lado do Paraíso.

Na trama Cesar interpretará Adão, neto de Dulce (Fernanda Montenegro) e integrante de uma das famílias rivais do folhetim. Ele participará da tentativa frustrada de assassinato de Amadeu (Marcos Palmeira). Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator falou sobre seu personagem e carreira. Confira:

Nos conte um pouco sobre A Dona do Pedaço?

Estamos gravando A Dona do Pedaço desde o início de fevereiro, as gravações começaram pelo sul do país e agora viemos aqui para os Estúdios Globo. É uma história que fala de amor, de superação, de buscas de realizações dos próprios desejos, sobretudo aqueles que são movidos pela paixão e trata também da rivalidade entre duas famílias.

Personagem

Como é o seu personagem?

Eu faço parte de uma dessas famílias que são inimigas, que estão mais presentes esses atores que eu me junto nessa primeira fase da novela e depois os descendentes. Essas famílias que dão continuidade da trama, no caso faço parte da família da Maria da Paz (Juliana Paes). Principalmente na primeira fase, depois o personagem dá uma envelhecida, ele fica um pouco grisalho e tem algumas aparições durante a segunda fase.

Como foi a preparação para vocês?

Para mim já é um grande privilégio estar perto de pessoas que trazem grandes experiências, como a dona Fernanda Montenegro e outros atores tão incríveis. Então a preparação por si só, pela equipe que integra, que faz parte, ela já é de grande valor e aprendizado. Somasse a isso os profissionais que vem colaborar com a gente como o pessoal da interpretação, fonoaudiólogos, então a gente acaba juntando uma bagagem que a gente leva para a vida de uma forma geral. Mas, o meu personagem tem uma caracterização que me permite estar nas três fases da novela.

Gravações

O que você gravou até agora que você achou legal e pode contar?

O que eu gravei até agora que posso contar, foram as paisagem maravilhosas e incríveis que compõem a primeira semana da novela. Eu tenho certeza que as paisagens da novela inteira, devem ser interessantes para a novela inteira, mas as que eu estive presente foram essas do Rio Grande do Sul. Pelas imagens que eu tive a oportunidade de ver, eu digo que são verdadeiros quadros para temperar essa história incrível que o Walcyr está fazendo. O que me marcou além dessa equipe maravilhosa, foram essas paisagens do sul do país.

Qual é a ligação que seu personagem tem com a Dulce e com a Maria da Paz?

O Adão, meu personagem, é primo da Maria da Paz e neto da Dulce. Ele é um justiceiro, na verdade a família inteira é de justiceiros, mas é uma profissão que eles sobrevivem a várias gerações.

Você estudou alguma coisa sobre essa questão de justiceiro?

Isso tem muito na literatura, mas isso tem de verdade no meu Estado. Se você fazer uma pesquisa rápida no Google, você vai ver que existem duas famílias, os Carneiros e os Valdetários na minha terra. Onde eles matavam de um lado e outro do outro, até as famílias se aniquilarem e o Estado intervir e capturar aqueles que ainda estavam soltos. Inclusive eu tenho amigos de infância que são filhos de um dos lados e que perderam os pais em situações dessa forma. Mas a literatura está aí, cheia de exemplo e a gente não deixou de passar por alguns deles antes de começar.

Cenas violentas

Como é para você essas cenas que tem violência?

Eu acho que o lugar da fábula, é obrigatoriamente distinto da vida real. Estamos contando uma história, então tudo o que eu jamais faria na vida real ou que eu compactuo, que eu acredito. Eu gasto desmedidamente nessa grande brincadeira séria, cara e importante. Porém não deixa a essência de contar uma história, de viver aquilo justamente que a vida não nos permite. Mas às vezes eu acho que é como uma brincadeira de criança levada a sério, um menino que brinca de polícia e ladrão, que cria suas histórias em casa. Eu coloco muito nesse lugar e dentro desse contexto, eu acho que quanto mais verdadeiro for, melhor é.

Você já trabalhou com o Walcyr Carrasco, certo?

Eu só tive uma experiência com o Walcyr, que foi a última novela, O Outro Lado do Paraíso.

Ainda te chamam de Rato?

Muito. O meu personagem em Amores Roubados se chamava Bigode de Arame. E aí todo mundo me chamava de Bigode de Arame, aí quando eu falei que iriam esquecer esse nome, veio o Rato. Em suma, deixaram de me chamar de Bigode de Arame e passaram a me chamar de Rato.

Personalidade

Você acha o Adão cruel?

Eu não acho que ele seja cruel. Ele é um personagem ligado à família, uma família que tem amor, que tem afeto, que tem mulheres fortes e ele cumpre um trabalho. É uma pessoa que tem cenas de violência fortes, mas também tem cenas de afeto.

Mas ele gosta do que faz?

Eu defenderia que ele se orgulha de cumprir bem o trabalho que ele é designado.

Você precisou perder o sotaque para fazer o personagem?

Para fazer esse personagem eu dei uma maneirada no sotaque, assim como eu já fiz inúmeros personagens com o meu sotaque. O Rato não tinha sotaque nenhum, eu vim do jeito que eu estava. Mas eu penso que para o ator, repertório é algo muito valoroso. Então você vê, eu sou do nordeste, mas fiz um personagem do Tocantins e o trouxe com o meu sotaque. A gente vive para isso, para viver outras pessoas que não quem nós somos. A princípio, agora eu escolhi dar uma amenizada no meu sotaque, mas eu tive a ajuda de uma fonoaudióloga.

Marieta Severo

A Marieta Severo contou para a gente no final de O Outro Lado do Paraíso, que uma cena difícil para ela foi a da tesourada no Rato. Como foi isso tudo para você?

A Marieta é uma pessoa incrível, não só com história da cena, mas como história de vida. Eu uma pessoa que eu admiro muito, que não está ali querendo se mostrar boa para ninguém. Ela cria todas as condições necessárias para qualquer um que esteja ao lado dela, fazer o seu próprio trabalho. Eu sou muito grato a ela por ela ser apenas quem ela é.

O Rato não aparecia tanto na sinopse de O Outro Lado do Paraíso, mas acabou ganhando bastante destaque. Você se sentiu privilegiado?

Eu fiquei muito feliz, eu acho que isso é um presente imensurável como ator. Não acho que seja responsabilidade somente minha, se trata também da genialidade de diretores que se empolgaram com o personagem e me deram muitas situações de presente. Muita coisa eu ganhei, não só no que diz respeito a texto, mas com relação a cena. Eu sou muito grato e sobre morrer, eu não tenho problema nenhum com o fato de morrer na trama. Inclusive isso é algo que muitas pessoas não gostam, mas eu acho isso uma coisa incrível, já passei por isso diversas vezes e acho até uma forma gloriosa de encerrar sua jornada na obra.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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