Reta final

“É uma grande brincadeira que deu certo”, diz Marcos Palmeira sobre A Dona do Pedaço

Ator também torce para o final de Amadeu com Maria da Paz

Publicado em 02/11/2019

Começou a contagem regressiva para o fim de A Dona do Pedaço, e, nos bastidores do folhetim de Walcyr Carrasco, o clima é da mais completa vitória. Afinal, a saga da batalhadora Maria da Paz (Juliana Paes) foi sucesso absoluto de audiência no horário nobre da Globo, já figurando entre as maiores audiências da faixa na década!

Um sucesso que Marcos Palmeira, intérprete do galã Amadeu, faz questão de saborear. “É uma grande brincadeira que está dando certo, que está funcionando. Porque as pessoas estão todas ligadas na novela, e a gente [atores] também está na expectativa do que vai acontecer“, analisa.

Confira a entrevista completa do Observatório da Televisão com este grande ator da televisão brasileira.

OBSERVATÓRIO DA TELEVISÃO – Como está sendo essa reta final da novela?

MARCOS PALMEIRA – Está sendo muito boa até. Já está dando saudade. Foi um trabalho muito prazeroso de fazer, e surpreendente também. A cada bloco de capítulos tinha uma surpresa. Eu acho que o Walcyr Carrasco conseguiu amarrar muito bem esse final e trazer à tona coisas que estavam guardadas ‘lá no fundo’, como ele mesmo falou, que tem sempre uma cartinha na manga… A expectativa [pro final] é a melhor possível.

Consegue dar um spoilerzinho do final pra gente?

Eu não sei… O Amadeu vai mesmo ficar com a Maria da Paz? [risos] Eu acho que não tinha muito como não ser assim, pela forma como tudo foi construído. O Amadeu foi sempre esse parceiro dela o tempo inteiro. Seria muito injusto, de uma certa forma [ele não ficar com ela]. Mas cabeça de autor cabe tudo, né? Eu estou muito feliz com o personagem. Como eu falei da outra vez, nunca me prometeram nada. Então tudo o que foi sendo dado foi muito bem recebido. Acho que a ideia era contar da melhor maneira possível essa história que está dentro da cabeça do Walcyr, porque esse cara conseguiu construir uma novela em 15 dias! É muito louco, né? Você pegar uma história, partindo do pressuposto de que vai contar a história de uma mulher vencedora, e aí vai costurando dezenas de outras tramas… O Teo (Rainer Cadete), por exemplo, acabou ganhando esse protagonismo que nós vimos… O Walcyr tem sempre uma carta na manga. [Fazer essa novela] para mim está sendo uma experiência incrível.

E o final da Jô (Ágatha Moreira)?

Também não sei! Isso eu não sei mesmo. [risos] Eu acho que tem uma possibilidade de ela se regenerar. Ficar presa, ir pra igreja e tal… Mas a partir daí eu não sei qual é. Se o sangue Matheus se vai falar mais forte… [risos]

Você sente que as pessoas estão torcendo mais por quem pra ficar com a Maria da Paz? Pelo Amadeu ou pelo Régis (Reynaldo Gianecchini)?

Bom, das pessoas que estão na minha frente, todo mundo torce por mim, né? [risos] Eu acho que pro Gianecchini devem dizer a mesma coisa: ‘pô, ela tem que ficar com você, o Amadeu é muito bundão’. [risos] Essas coisas fazem parte.

Você acha que, se a Josiane recorrer ao Amadeu, ele seria capaz de ajudá-la?

Eu acho que sim, né? O Amadeu e a Maria da Paz estão sempre nessa possibilidade, né? Essa novela tem uma coisa interessante, que a gente, enquanto espectador, sente raiva, pensa: ‘não é possível que isso vai acontecer’. E, lendo, a gente tem a mesma sensação. É uma grande brincadeira que está dando certo, que está funcionando. Porque as pessoas estão todas ligadas na novela, e a gente [atores] também está na expectativa do que vai acontecer. Eu ainda não sei o que vai acontecer com a Josiane, com o Régis… Ainda não sabemos.

Será que a Jô e o Régis poderiam fugir juntos e se tornar uma espécie de Bonnie e Clyde? Seria surpreendente!

Poderiam! Porque o Régis já se redimiu antes, virou um cara do bem antes, aí fica preso. Mas será que ele sai da prisão revoltado? O quanto essa religião vai influenciá-lo de fato? Eu não sei, estou em aberto. Se você souber, me conta. [risos]

E parece que vem um bebezinho para o Amadeu e a Maria da Paz…

Sim! Eles vão ter uma menina, e eu achei lindo isso! Eles terem uma filha que vão poder criar. O Amadeu sente o fato de não ter podido criar a Josiane. Não sei como ele acha que poderia ter melhorado ela, mas ele acredita nisso… [risos] O legal é que eles vão ter um final feliz depois de tudo isso.

A Juliana Paes opinou, em uma entrevista, que a novela mostra que um filho, mesmo com a melhor criação, pode resultar uma pessoa ruim. Você é dessa mesma opinião?

Concordo. Porque, se fosse fácil assim, a pessoa que tem quatro filhos teria eles muito parecidos. Afinal, tiveram a mesma educação. Acho que tudo isso está mais ligado à personalidade, à sua convivência, à sua infância, à falta de comunicação entre pais e filhos… Eu fiz análise com meus pais durante 7 anos, por volta dos meus 16, 17 anos, e eu lembro que a coisa mais difícil pra eles era a gente ter entendido algo que eles nos disseram aos 10, 12 anos de uma forma que não era o que eles, de fato, tinham dito. Então, a dificuldade de comunicação [entre pais e filhos] talvez seja uma boa mensagem dessa novela. Talvez a Maria da Paz nunca tenha entendido a frustração da Jô de ter como mãe uma boleira. Talvez fosse porque ela sofreu um bullying na escola, algo assim… É claro que a Josiane vai um pouco longe demais, né? [risos] Ela mata com um cinismo que vou te contar! Aquelas estocadas no Teo foram um negócio muito violento.

Alguns apontariam que ela tem ‘sangue ruim’, por ser herdeira dos Matheus. Você acha que essa análise tem algum fundamento?

Eu acho que todo mundo merece uma oportunidade, todo mundo tem a possibilidade de reverter. Acho que, se você parte do princípio de que existe uma pessoa de ‘sangue ruim’, você já conclui que por isso a pessoa ‘não tem jeito’. E eu acho que todo mundo tem jeito! Tanto que eu acho que, pra você combater a violência, é preciso trabalhar dentro dos presídios. Não acredito em nada que seja feito contra a violência que não seja na recuperação desses caras que estão presos. Acredito na recuperação das pessoas, no ser humano. Apesar de tudo o que a gente está vivendo e está vendo, eu ainda tenho esperança.

Como vai ficar a relação do Amadeu com o Carlito (João Gabriel D’Aleluia)? Ele nunca aceitou muito bem a Maria da Paz…

Eu vou dar um spoiler aqui… [risos] Tem uma cena muito bonita do Amadeu com o Carlito, na qual ele explica todo o porquê dessa relação dele com a Maria da Paz, e também com a falecida mãe dele [Gilda, de Heloísa Jorge]. E o Carlito perdoa ele, eles se abraçam, e a partir dali as coisas mudam… Só que, depois disso, a novela tem uma passagem de tempo. Eu acho que, nesse intervalo, o Carlito viaja pra algum lugar, porque ele não aparece mais! O que é uma pena, porque o João é tão bom ator! Achei tão interessante como a gente ficou parecido no ar. Ele parece meu filho de verdade! [risos]

Quais são seus planos para depois de A Dona do Pedaço?

Eu tenho alguns filmes pra lançar, como A Divisão, que também gerou a série do GloboPlay. Tem também o Cidade do Medo, do Rodrigo Pimentel, que é uma espécie de Tropa de Elite com foco nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras), é bem interessante. Tem o Boca de Ouro, que o Daniel Filho dirigiu e a gente vai lançar no ano que vem. E tem também Barulho da Noite, da Eva Pereira. Então eu tenho quatro filmes pra lançar. Existem também umas possibilidades de fazer teatro, mas, como a gente está nesse movimento de fim de novela, é muito difícil de decidir alguma coisa. O ritmo é bem intenso.

(entrevista realizada pelo jornalista André Romano)

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade