“É o retrato do Brasil”, diz Giovanna Antonelli sobre Luzia, sua personagem em Segundo Sol

Publicado em 16/05/2018

Luzia é o nome da personagem de Giovanna Antonelli em Segundo Sol, que na trama, depois de ser condenada por um crime que não cometeu, foge para a Europa e volta ao Brasil quase 20 anos depois para tentar reconstruir sua vida e reencontrar os filhos. Longe da TV desde uma participação em Cidade Proibida, a atriz bateu um papo com nossa reportagem durante a festa de lançamento do folhetim no Rio de Janeiro, e falou sobre sua inspiração para viver a personagem, além de comentar sobre a polêmica em relação ao baixo número de negros na novela. Confira:

Veja também: “Todo mundo merece uma segunda chance”: conheça a história de Segundo Sol, a nova novela da Globo

Segundo Sol é uma novela sobre segundas chances. Você já teve uma segunda chance?

“Já. Acho que todos nós sempre temos e que bom que temos isso na vida, porque a vida seria muito chata sem uma segunda chance. Acho que eu já tive milhões de segundas chances e eu aproveito todas elas. Cada aprendizado é uma nova chance, cada erro é uma nova chance.”

Para viver a personagem você teve que tomar mais sol, ou malhar mais?

“Não, vida normal. Tivemos vários tipos de preparação como prosódia, fono, elenco, conversa com o autor, leitura do texto, e ficamos juntos durante umas quatro semanas, que foram bem intensas. O texto do João Emanuel, que não é a primeira vez que eu faço, é um texto que realmente você não precisa criar em cima dele, porque ele já é um texto muito objetivo, que vem tudo muito claro. Ele tem um texto bom para o ator interpretar. Eu sempre falo que o texto dele já é 50% do processo.”

Qual cuidado você tem para não passar as emoções da personagem para o seu corpo?

“Eu não sei, nunca pensei nisso! Eu nunca levo nada para o corpo. Já fiz umas 27 novelas e não tenho nenhuma relação entre o corpo e interpretação nesse sentindo.”

Na segunda fase da novela, a Luzia volta toda estilosa, e loira não é?

“É, ela volta. Dezoito anos morando na Islândia, não tem como passar impune.

E geralmente as suas personagens são campeãs de pedidos na Central de Atendimento ao Telespectador da Globo. Será que a Luzia também será assim?

“Cada ator gosta de compor o seu personagem ou começa a idealizar seu personagem de uma forma muito individual. Para mim o figurino é muito importante, porque o tipo de sapato, e roupa que a personagem usa já muda nossa forma de movimentar, com isso passamos a andar até de forma diferente. São pequenos detalhes que vou saboreando, lendo o texto e pensando em tudo o que já experimentei na fase de caracterização. Eu quero que as pessoas se apaixonem muito pela novela que a gente está trazendo, pela história que o João está trazendo. Estamos vivendo num momento do mundo que é muito bacana, essa mensagem que a gente está trazendo de amor. Mensagens que temos em todas as histórias, porque todas as tramas têm a mesma importância, todas são ligadas e tem cada um com seu drama pessoal, isso é o que eu queria que as pessoas sentissem.”

Como é o seu dia a dia fazendo novela?

“Eu ligo para as minhas filhas o dia inteiro, mas agora que elas aprenderam a me ligar, aí me chamam o dia inteiro por Facetime e mensagem de texto.”

Sobre a questão de ter poucos atores negros, como você viu isso? Houve uma reunião dos atores da novela com a direção da Globo para falar sobre esse assunto. Você participou?

“Não foi uma coisa que eu participei. Eu acho que a gente está aqui para contar uma história, independentemente de qualquer coisa, independente de raça. Quando a gente começa a contar uma história do tipo “era uma vez um príncipe…”, não determinamos se ele é japonês, chinês ou tem uma cor. Todas as histórias que foram contadas para mim e que conto para meus filhos são assim, os personagens não têm raça. Como atriz eu fico muito triste se um dia admirando o povo indígena, eu não puder interpretar uma índia, porque eu acho que a graça da nossa profissão é você poder ser o que você não é na pele, mas na alma você poder levar isso para o público. Eu acho que todas as questões têm que ser tratadas, o que tem que ser revisto tem que ser revisto, mas não é a minha visão pessoal. A minha visão pessoal é única, ela é múltipla e eu gosto do todo, eu só acredito em gente junta, não importa a nacionalidade ou cor e é assim que eu crio meus filhos em casa.”

Você falou que a sua personagem é uma nítida mulher brasileira, é aquela que vai atrás?

“É, a minha maior inspiração foi a mulherada brasileira. Ela faz tudo, ela cuida de dois filhos, teve um cara que a abandonou, ela é pai, ela é mãe, ela cozinha, ela trabalha, ela coloca dinheiro em casa, ela é super batalhadora.”

Veja também: Rosa esconderá prostituição da mãe, que vai descobrir por acaso. Saiba como será

No que você mais se identifica com essa mulher?

“Essa mulher é retrato do Brasil, da mulher brasileira e eu faço parte disso, então quando eu comecei a ler aquele dinamismo daquela personagem e ao mesmo tempo com uma docilidade, com uma paixão muito grande foi fácil chegar até esse caminho.”

E ela volta depois de 20 anos, mas não volta uma mulher amarga pelo que aconteceu com ela, né?

“Não. Ela sofre, mas ela não é sofrida, ela tem luz.”

A Luzia volta e tenta recuperar o amor dos filhos dela. Fale um pouco sobre isso?

“Ela volta pelos filhos, num momento que ela sente coragem suficiente para poder encarar e recomeçar. Ela volta sem a menor pretensão do que vai acontecer, com o coração aberto, para reconquistar essa família de volta.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade