
Resgatando o humor regional com muita poesia, Cine Holliúdy estreia na noite desta terça-feira (07), na Globo. Inspirada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Gomes, a série mostra um verdadeiro embate entre o cinema e a TV na fictícia cidade cearense de Pitombas.
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Ambientada nos anos 1970, Cine Holliúdy é composta por 10 episódios e traz como personagem principal Francisgleydisson. Interpretado por Edmilson Filho, o rapaz luta para manter a sétima arte viva na região em que mora após a repentina chegada da TV – patronizada pelo trambiqueiro prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele).
A história desse homem apaixonado pelo cinema e que teme em perdê-lo foi criada por Halder. Diretor de filmes e mestre de tae-kwon-do, o cearense também dirige a série, sua primeira experiência para a televisão.
Em entrevista cedida à Globo, o profissional contou como foi o processo criativo do universo de Cine Holliúdy. Além disso, o diretor também revelou como foi ler o roteiro da série, escrito por Marcio Wilson e Claudio Paiva. Confira a seguir:
O Francisgleydisson tem um pouco do Halder?
“Tem muito! Quando estava escrevendo, estava em um momento delicado de minha vida. Queria mudar de profissão, queria largar a academia, sair desse cenário e focar só em cinema. Vou ser cinemista! E o curioso é que meu pai era o prefeito da cidade no interior onde a gente morava, na época, e a primeira televisão em praça pública quem colocou foi ele”.
Como começou sua relação com Edmilson?
“O Edmilson começou a treinar tae-kwon-do na minha academia e quando era ainda adolescente montou uma dupla de comédia com o Haroldo Guimarães, que faz o Munízio na série. No Ceará, havia um festival de humor conceituado que revelou grandes nomes, e eles se inscreveram e ganharam. Mas o Edmilson preferiu seguir como atleta e o Haroldo foi fazer Direito. Cada um seguiu os seus caminhos e, quando foi em 2004, eu trouxe esses dois para os meus filmes. A gente está junto nessa vida toda há mais de 20 anos. Entre tae-kwon-do, cinema e tudo!”.
Você dirigiu uma história que foi inspirada na sua obra original. Como foi ler esse roteiro feito pelo Claudio e pelo Marcio?
“Foi engraçado como tudo aconteceu. No início das conversas, eu sugeri que cada episódio pudesse dialogar com o gênero de cinema. Quando chegaram os primeiros roteiros, desacreditei no quão bons eles eram. Eu nunca recebi algo que eu lesse e visse que estava realmente pronto! Só precisava ajustar algumas palavras, pois tem uma coisa muito particular que só sendo local mesmo para saber como usar…, mas estava tudo tão armado que dava para ir para o set na hora. Achei incrível como eles encontraram o lúdico, o fantástico, a essência, o frescor daquele universo, com a mão tão certeira. Depois, veio a Patrícia, como diretora artística, que foi uma bênção!”.
Teve algum receio de que a série perdesse um pouco da essência que você trazia nos filmes?
“Uma coisa muito legal é que sempre foi falado que era muito importante preservar essa essência. Ao assistir a gente identificaria o universo dos filmes, obviamente adaptado com a linguagem televisiva de série, que dialoga muito com o cinema, mas com um ritmo muito particular que é o que prende o público na TV aberta. Estamos muito felizes e confiantes, porque está tudo muito bonito, muito ritmado, engraçado! Eu não sou um cara de rir fácil… Meus amigos são Tirulipa, Falcão, João Neto, eu vivo no meio do humor a maior parte do meu tempo. E o dia a dia do Ceará já é uma comédia por natureza. Então, voltando à série, eu me pego vendo umas cenas do Matheus e rio muito. Já me considero espectador número 1 dessa série. Foi uma grande oportunidade de aprendizado ver como a Patrícia regeu tudo isso com maestria, como ela tem capacidade de picotar uma cena inteira para buscar esse ritmo, e ter tudo isso montado na cabeça sem uma ordem cronológica, como fazemos no cinema”.
O que o humor regional traz para o público?
“Precisamos de mais leveza para amolecer o nosso dia, está tudo muito tenso. Outra coisa crucial é a compreensão do que é o Brasil. Quantos Brasis existem, que tem sua cultura forte, sotaque forte, sua identidade, personalidade, que poderia se comunicar com esse Brasil todo? Essa originalidade que a série traz é o que acredito que a torna mais universal. E está muito engraçada! O cabra que não ri num negócio desse está muito desiludido da vida!”.