
Regina Duarte está de volta às novelas. A atriz estará em Tempo de Amar, próxima trama das 18h, escrita por Alcides Nogueira, com direção de Jayme Monjardim. Na história, Regina será Madame Lucerne, a dona do Maison Doreé, famoso cabaré que agita as noites da cidade. Em entrevista, a veterana falou sobre sua personagem, e sobre a nova geração de atores. Confira:
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Como está sendo essa novela para você?
É um presente ter sido chamada, inclusive por voltar a trabalhar com o Alcides Nogueira. Estou feliz por estar conhecendo um porção de gente nova, uma juventude estreante, o que é renovador para mim. Tenho 50 anos de televisão e é sempre bom fazer contato com o que está acontecendo de novo, de contemporâneo na telenovela.
Tiveram muitos reencontros aqui também não é?
Sim, reencontrei várias pessoas com as quais trabalhei anteriormente. Nosso trabalho acontece quando é movido a paixão e temos muito isso nessa novela.
Como é a sua personagem?
Madame Lucerne é uma personagem diferente de todas que já fiz, o que é raro tendo eu, feito 38 novelas ao longo da carreira. Eu quero que o público a descubra junto comigo, por isso não vou ficar falando muito sobre ela. Só posso dizer que ela é nova para mim, algo que nunca tive oportunidade de fazer em televisão.
Qual sua visão sobre a personagem?
Ela tem um cabaré, onde cultiva a alegria, mas tem também um passado misterioso e percebe-se que é uma mulher que sofreu muito para conquistar o que conquistou. Ela tem várias camadas, o que a torna muito mais interessante.
O cabaré é um ponto de encontro dos homens da cidade?
Dos homens e de algumas mulheres que também frequentavam esses lugares de música, dança, poesia e literatura. O cabaré era um dos lugares em que a arte estava, e ali tudo podia acontecer.
Ela namora?
Até onde sei não, mas ela vai conhecer e viver uma grande paixão pelo personagem do Tony Ramos.
Como você vê o amor na maturidade?
É igual. Paixão é paixão.
Como é para você contracenar com essa nova geração tão talentosa?
Eu adoro. É uma forma de me renovar, de me enriquecer. Presto muita atenção em tudo o que eles fazem, e eles vêm com muita garra, muita disciplina e vontade de acertar, o que é primordial. Como o texto é tão bom, eu os observo e aprendo com eles.
Hoje para você aceitar fazer uma novela, tem que te acrescentar de alguma forma?
Meu critério é realmente me propor um novo desafio. Em Três Irmãs me propuseram um personagem que eu já tinha feito várias vezes e eu pedi para trocar, aí veio a Waldete, que era divertidíssima, um verdadeiro presente do Antônio Calmon, e agora caiu no meu colo uma mulher que nunca fiz antes, o que é genial. É tomar conhecimento por uma camada de humanidade que eu não tinha frequentado ainda.
Você está muito bonita. A quê se deve isso?
Eu li uma frase essa semana, acho que foi no Instagram, que dizia “Viver é igual a andar de bicicleta, não pode parar de pedalar senão cai”. A saúde é assim, a gente tem que estar sempre em movimento senão é só ladeira abaixo. Todas as experiências que tive, de me deprimir, de ficar triste, de desacreditar, foram momentos em que eu olhava e chegava à conclusão que eu estava parada, sem correr atrás de um sonho ou ideal. Saúde física e mental é movimento.
O que te motiva?
Família, e acho que a generosidade. Conseguir olhar para o outro com o mesmo olhar amoroso com que você olha para você mesmo. A pessoa que se enclausura em si mesma, fica pequena. A gente cresce quando olha para fora, e recebemos coisas inesperadas. Temos que estar abertos para o outro.
Se fizessem um remake de Roque Santeiro, qual atriz da nova geração você indicaria para viver a Porcina?
Que pergunta complicada. Aquele personagem é tão bom que não precisa ser nada especial. Uma atriz apaixonada por ela, vai interpretá-la magnificamente, porque ela vem pronta. Eu não fiz nada de mais a não ser seguir o que estava escrito ali pelo Dias Gomes e pelo Aguinaldo Silva. Aquilo ali já veio pronto, era só acreditar e brincar.
Uma vez você se posicionou politicamente e aquilo virou um símbolo. As pessoas nunca esqueceram o que você falou. Queria saber sua visão do que está acontecendo hoje.
Não tenho mais razão nenhuma para medo. O país é totalmente diferente, tem uma consciência, está unificado, se conhece melhor, e conhece melhor uma forma de se colocar diante da política. O brasileiro está mais ligado que se ele não participar o país se torna uma coisa que ele não quer para si mesmo. A gente deu mole e deixou eles se instalarem lá e fazerem o que queriam. Acho que hoje a consciência de brasilidade e cidadania está mais desenvolvida e dificilmente nos deixaremos nos enganar por demagogos e populistas.
*Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira