De volta às novelas, Luiz Fernando Guimarães será Amadeu em O Tempo Não Para: “Ele só quer conseguir se curar”

Publicado em 27/07/2018

Após ficar sete anos afastado das novelas, Luiz Fernando Guimarães retorna à TV na pele de Amadeu em O Tempo Não Para – nova trama das 19h da Globo. Bilionário, solitário e com a saúde debilitada, ele verá nos congelados que surgem na praia do Guarujá, em São Paulo, a chance de ser curado.

Seu plano é ser congelado através da criogenia e despertar somente no futuro, quando a ciência tiver a solução para o seu problema de saúde. Em conversa com o Observatório da Televisão, Luiz Fernando falou sobre o personagem, o elenco e a tecnologia que será abordada na trama.

Velho conhecido do público brasileiro, ele também comentou sobre a relação de trabalho que mantém com a emissora do “plim plim”. “Eu nunca tive uma relação de funcionário com a empresa. Eu sempre tive contrato por obra”. Confira a íntegra da entrevista a seguir:

Leia também: Davi Lucca surge antenado nas redes sociais e Neymar fica impressionado

Criogenia

O que você acha do autor Mario Teixeira trazer o tema criogenia para a novela?

Legal, inovador. Não é um assunto desconhecido. Acho que é um assunto que as pessoas conhecem e não vão estranhar. Ele entra na ciência, na matemática e nessa coisa futurística que ronda em se isso é real ou não. Nessa coisa que dizem que o Michael Jackson foi congelado, que metade do cérebro do Walt Disney está congelado. Eu sempre pensei nisso e agora a novela fala sobre isso. Fala também sobre a humanidade. A novela é super jovem, a trilha sonora é animada pra caramba. Eu acho que não é deprê.

Como será o Amadeu?

Um cara solitário, cheio de problema, rico pra caramba, engraçado pra caramba. Ele tem problema de saúde e quer viver 200 anos. Aí ele encontra nesses congelados a fórmula para que ele sobreviva. Ele vai capitar, trazer todo o dinheiro, conseguir tudo o que quer. E depois a novela vai. Você não sabe para onde.

Ele é autocentrado, não tem ambições. Ele só quer conseguir se curar, e para se curar ele tem que ir atrás da ciência. E na ciência só vão descobrir (a cura) em 200 anos. Daí ele fala: ‘em 200 anos? Então me congela’ (risos). É um cara que compra uma ilha e que tem urgência. Tem muitos elementos para si trabalhar. Quando ele fica irritado tem uma máscara de oxigênio. Acho que vai ser muito bom.

Luiz Fernando Guimarães sobre fazer um vilão

É mais prazeroso fazer um vilão?

Eu acho que você vai em um limite, depois vai em outro. Você tem várias margens. Eu acho que o mocinho também é bom, dependendo. É mais gostoso colocar humor no vilão.

Como surgiu a oportunidade de estar no elenco da novela?

Na verdade, essa novela começou porque eu fui falar com o Sílvio que eu tinha uma ideia de programa. A gente se gosta muito e agora é muito fácil porque ele é diretor artístico. Daí eu fui lá e conversando, ele falou: ‘pow, Luiz, esse negócio de você não fazer novela…’. E eu respondi: ‘quem não faz novela? Eu faço! É só me chamarem’. Uma semana depois o Leo me ligou.

E como ficou o seu projeto de programa?

Parou. Eu sempre tenho ideia para programa, porque eu sempre fiz programa a vida inteira. O conhecimento que o público tem de mim é de seriado. Eu nem lembro que foram sete anos (sem fazer novela). Acho que o último trabalho que fiz foi no Cordel Encantado (2011), porque todos os outros seriados foram antes.

Novelas

Você estava com saudade de fazer novela?

Não estava com saudade e nem estava pensando. Veio em um bom momento. Quando o Leo me chamou, eu achei legal. Eu vou na intuição. Lanchamos e conversando, eu disse que gostei da ideia. Ele falou que eu iria fazer um vilão, que era minha cara. E como eu tinha feito um vilão num musical, eu achei muito parecido.

Eu não estou sentindo isso que todas as pessoas falam. Não sei se é bom ou ruim de eu estar voltando às novelas. Eu não tenho certeza se o Cordel Encantado foi depois dos Os Normais. Eu tenho a impressão que sim. O último trabalho maior que eu fiz foi uma novela. É diferente, mas interiormente não muda muito as minhas características.

É diferente o processo de gravação entre a novela e o seriado?

O ritmo da dramaturgia é diferente, você conta de uma maneira diferente. Quando é um seriado de humor demora pouco tempo, porque no outro dia já é outra coisa. A novela tem um folhetim em que você naquela dramaturgia segunda, terça, quarta, quinta, sexta.

Eu gravei um dia só. Gravei duas cenas e achei ótimo, me diverti. Acho que o personagem no qual me identifico que conheço, que não é distante de mim.

Elenco

Como está sendo trabalhar com um elenco cheio de atores veteranos e novatos?

O mais legal do ator é quando ele vai fazer um trabalho e conhece pessoas novas. Tem um ciclo de amizades e a vida é renovada, que eu acho isso uma coisa importante. Eu tenho muita curiosidade em conhecer as pessoas. Sou um cara sociável, digamos assim.

Para mim não tem idade porque convivo com várias gerações. Eu conheci o Nicolas que é dessa geração. Não tenho dificuldades e acho que cabe todo mundo. Vira um zoólogo com vários animais (risos).

A novela também vai falar sobre o avanço da tecnologia. Qual a sua relação com as redes sociais?

Adoro! Sou viciado. Quero saber o que a pessoa acha. Gosto de falar artisticamente, não me posicionar socialmente e politicamente porque eu acho uma chatice. Vem sempre uns prós e uns contras. Daí a tua página vira um debate político, que não é o caso. Mas eu gosto das ferramentas, gosto de me relacionar. Estou na novela por causa disso, para me relacionar com as pessoas. Eu acho bom para a vida.

Situação política do Brasil

Você escolheria algum momento da sua vida para ser congelado?

Não. Jamais. Eu sou um cara que quer ver o futuro.

Diante da crise política que o Brasil enfrenta, você acha que seria bom poder dormir e acordar após alguns anos?

Eu acho que não. A política eu sei lá quando muda. É mais com a própria vida mesmo, brincar com essa possibilidade.

Qual o seu pensamento sobre a vida eterna?

Eu acho um futuro terrível. Eu não gosto de vida eterna. Acho que a vida tem um tempo. Mas, a novela não toca na vida eterna. A novela toca na possibilidade futurística de você falar assim: ‘eu quero dormir agora e acordar daqui a sete anos’. É mais um controle do que propriamente a morte. Ela toca nessa coisa que é ficção, mas também é um desejo. Igual como seria tão bom poder ir na lua e voltar.

Geladeira

Você é um ator que dá um espaço na TV entre os trabalhos. Como é para você a exigência das emissoras por produtividade?

Eu nunca tive uma relação de funcionário com a empresa (Globo). Eu sempre tive contrato por obra. E eu também não quero essa relação de funcionário porque não é uma posição muito confortável. A minha relação com a Globo sempre foi muito ótima. Eu sou ator de teatro, tenho uma vida independente. É um veículo que eu adoro, mas não dependo dele para ser feliz.

Você já teve um momento de “geladeira” ao longo da carreira?

Nossa, tem vários momentos. Não de geladeira. Eu me congelo, vou para a minha vida. Eu não trabalho muito.

Por quê? É uma opção?

Porque eu não gosto de trabalhar muito. Já fui bancário, não precisa mais. Eu gosto de viver, gosto de sair. Eu nunca fui congelado, só se for agora na novela (risos). Eu sempre criei os meus produtos. As pessoas falam: ‘não vou chamar porque ele não faz novela’. Aí vai virando uma cultura e você não sabe de onde. Quem falou isso? Eu não falei. Eu faço! Essa eu vou fazer e vai ser ótima. Eu só não emendo.

Assédio

Você falou que não acha confortável a posição de funcionário, que prefere apresentar seus projetos à emissora. E se um dia não surgir trabalho?

Sempre rola, em algum momento. Não relacionado a televisão, mas relacionado a sua competência própria. Não tem problema você falar: ‘estou sem saco para fazer teatro’ ou ‘estou sem saco para fazer isso’. Vamos curtir a vida. Quer dizer, só tem que guardar um dinheirinho. Eu tenho pais bancários, então sempre soube guardar dinheiro.

Você não tem a famosa síndrome de estrelismo, né? O assédio te incomoda?

Depende da pessoa chata. Eu não! Eu gosto de sair e saio mesmo. Eu sou carioca, as pessoas estão acostumadas a me ver no Rio de Janeiro. Pode ser que com a novela agora mude um pouco, mas eu não sofro esse (assédio). Saio na rua e nem penso nisso.

Você já foi flagrado em um momento que não estava a fim?

Ah, no momento em que não estou a afim eu não saio de casa.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade