Com público fiel que acompanha os dramas de Nice em Segundo Sol, Kelzy Ecard afirma: ‘As pessoas só vêm até mim com afeto’

Publicado em 27/09/2018

A história de Nice em “Segundo Sol” tem emocionado o público. A personagem de Kelzy Ecard já passou por diversas transformações pessoais. Ela superou seu preconceito por amor às filhas, Rosa (Letícia Colin) – que trabalha como prostituta – e Maura (Nanda Costa) – que é homossexual – e a cada dia encontra mais forças para enfrentar o marido, Agenor (Roberto Bonfim), que é machista, misógino e gordofóbico.

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“A Nice age com muita doçura. Ela tem de fato muito amor para dar e vender. E isso está alimentando mais estes sentimentos em mim. Me considero uma pessoa amorosa e doce, mas eu reajo às coisas de uma forma muito diferente dela. Não sou capaz de ouvir uma grosseria e não reagir”, afirma Kelzy, em entrevista ao Observatório da Televisão.

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A atriz tem uma trajetória extensa no teatro e este é seu primeiro grande papel na TV. Feliz com a repercussão de Nice, ela fala sobre a abordagem que recebe do público nas ruas: “As pessoas só vêm até mim com afeto. Elas ficam às vezes com muita raiva do Agenor em solidariedade a mim, querendo que eu dê um jeito”, conta.

Há cerca de dois meses do fim da novela, Kelzy diz que ficará com saudades da personagem e revela que pretende continuar fazendo trabalhos na televisão.

Kelzy Ecard faz balanço da novela

“Não tenho nada em vista por enquanto, mas quero muito fazer. Gostei do processo, dessa coisa intensa, concentrada, espontânea, com adrenalina. Estou vivendo uma situação muito especial. Trabalho com atores incríveis, amorosos, generosos. Todos os profissionais envolvidos são incríveis. Estou tendo a melhor experiência que uma pessoa poderia ter.”

No ano que vem, ela vai estrear o filme “Maria do Caritó”, com Roteiro de Newton Moreno e direção de João Paulo Jabor. No longa, Kelzy será Fininha, melhor amiga da protagonista Maria, interpretada por Lília Cabral.

Confira o bate-papo na íntegra:

Que sentimentos a Nice, sua personagem, têm despertado em você?

Ela age com muita doçura. Nice tem de fato muito amor para dar e vender e isso está alimentando esses sentimentos em mim. Me considero uma pessoa amorosa e doce, mas eu reajo às coisas de uma forma muito diferente dela. Não sou capaz de ouvir uma grosseria e não reagir. Posso até cair em choro, mas depois de alguma maneira vou reagir àquilo. Então é um aprofundamento nesse lugar de aceitação e doçura. É difícil para nós, mulheres contemporâneas, donas dos nossos próprios desejos e vontades entendermos o raciocínio dela, de compreendermos isso racionalmente.

Soube que o Dennis Carvalho, diretor, viu uma peça sua e te convidou para “Segundo Sol”. Você não pensava em fazer TV antes?

Pois é, o Dennis me encontrou. Tem coisas na vida que são doidas. Às vezes passa tanto tempo e a gente não se dá conta. No início de carreira eu não tinha o desejo de trabalhar na televisão. Não comecei a fazer teatro para ir para a TV, como muitos atores e atrizes desejam. Eu queria mesmo era fazer teatro, e não audiovisual. Me formei em arquitetura aos 21 anos e quando fiz essa migração de profissão eu queria aprender do ofício, e eu considero o teatro o palácio do ator. Então eu tinha isso. Fui fazendo teatro com amigos, montei grupo com pessoas que saíram da escola, comecei muito artesanalmente.

Televisão

A TV proporciona uma visibilidade e um assédio diferente do teatro, né? Como foi com você?

Já tinha lidado com o assédio alheio e de alguma maneira isso respinga em você. Mas quando acontece com a gente é surpreendente. Na maioria das vezes, as pessoas falam para eu largar o Agenor. Chegam a perguntar que hora vou dar uma surra nele. Meio puxado [risos]. Mas pessoas têm sido muito carinhosas comigo. Me falam coisas lindas também. Acho que ter aparecido na TV causa uma ternura nas pessoas.

Elas vivem o drama da personagem de verdade. Como não tinham me visto antes na televisão, a identificação minha com a personagem nesse primeiro momento é bastante intensa. Talvez com outro papel não tenha uma reação tão profunda. Virei um amálgama com a personagem.

As pessoas só vêm até mim com afeto. Elas ficam às vezes com muita raiva do Agenor em solidariedade a mim, querendo que eu dê um jeito.

O que as mulheres vítimas de violência doméstica como a Nice vêm falar para você?

Infelizmente, descobri com a personagem como existem mulheres que sofrem [violência doméstica]. Me escrevem muito para falar sobre isso. Mas geralmente as mulheres que me falaram da situação já estão libertas dela. Quando a violência está efetivamente acontecendo, quem me retornam são filhos e filhas dos casais.

Violência

Muitas vezes, quem vive uma situação de violência não percebe que está vivendo isso, né? A Nice parecia ser assim no início.

As pessoas vão naturalizando a violência, muitas vezes em nome do amor – pelo companheiro, ou pelos filhos. O que acontece com a Nice parece irreal, mas quantas pessoas mantêm seus casamentos por causa dos filhos? Isso está muito impregnado na nossa cultura. É muito difícil. O ser humano é criado para viver junto. Não conseguimos viver sozinhos. Tenho amigas que arrumavam uns namorados ruins, umas desgraças, mas não conseguiam ficar sozinhas. Em cima disso acabamos naturalizando alguns comportamentos.

Você, Nanda Costa, Letícia Colin e Roberto Bonfim parecem bem entrosados. Criaram uma amizade legal?

Eu conhecia a Nanda e a Letícia, mas não tínhamos proximidade. O Roberto conheci com a novela. Vou falar uma coisa que parece discurso pronto, mas foi impressionante a relação da gente desde o primeiro encontro. Conseguimos criar muita intimidade. Desde o início, nossa relação familiar era muito crível, porque nós nos identificamos. Os três, cada um à sua maneira, como em uma família, são maravilhosos. Cada um teve um jeito de me acolher.

Retorno

Segundo Sol daqui a pouco vai acabar. Quando vamos te ver na TV de novo?

Não tenho nada em vista por enquanto, mas quero muito fazer. Gostei do processo, dessa coisa intensa, concentrada, espontânea, com adrenalina. Estou vivendo uma situação muito especial. Trabalho com atores incríveis, amorosos, generosos. Todos os profissionais envolvidos são incríveis. Estou tendo a melhor experiência que uma pessoa poderia ter.

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