Chandelly Braz, atriz de Orgulho e Paixão comenta desafios de seu primeiro trabalho de época na TV

Publicado em 06/03/2018

Em Orgulho e Paixão, a nova novela das seis, da Globo, Chandelly Braz dará vida a personagem Mariana Benedito, uma moça rica e apaixonada por literatura e aventuras. Na trama ela fará par romântico com Malvino Salvador, que interpretará o coronel Brandão. Em entrevista ao Observatório da Televisão, Chandelly contou sobre como se preparou para o seu papel na trama que estreia no próximo dia 20 de março, e fala sobre seu lado feminista e o que deseja para as mulheres na sociedade. Confira o bate papo completo abaixo:

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Adiante um pouco sobre Mariana Benedito, sua personagem em Orgulho e Paixão?

“Tem um determinado momento que ela descobre o motociclista na cidade e isso enche os olhos dela, enche o coração dela, ela fala que quer isso também. E aí ela, vai aprontar muito assim, ela vai… Adiantando alguma coisa, ela vai se disfarçar.”

Ela é uma personagem inspirada em Orgulho e Preconceito?

“Ela está em Orgulho e Preconceito, e ela é a protagonista de Razão e Sensibilidade, a Mariana. Na verdade, a novela é inspirada na obra da Jane Austen, não é em uma obra especifica. Então, a Mariana existe em Orgulho e Preconceito, mas ela é a protagonista de Razão e Sensibilidade. É isso que eu posso revelar.”

É o seu primeiro trabalho de época. Como está sendo a experiência?

“É o meu primeiro trabalho de época. Olha, está quente (risos). É quente pra caramba, a espartilha aperta, mas a gente está feliz assim, estou achando o máximo. Está sendo um desafio trazer a delicadeza, a leveza, a ingenuidade dessa personagem, que é uma menina mais nova que eu, e uma menina não só mais nova que eu, mas de uma outra época. Eu nunca estive nesse lugar como atriz de ter que trazer essa personagem tão diferente de mim, nesse sentido assim, da delicadeza, da suavidade, da ingenuidade. Está sendo uma delícia, vamos ver quando for ao ar.”

Como está sendo trabalhar com o elenco de Orgulho e Paixão?

“Essa família é uma loucura, é uma delícia. Está sendo maravilhoso! Eu já conhecia o Tato Gabus Mendes. A Vera Holtz, eu já estive no mesmo trabalho, que foi Saramandaia, mas a gente não contracenava quase nunca, dificilmente a gente se encontrava. E, é a coisa mais linda do mundo, a Vera realmente dá a liga pra todo mundo assim, sabe? E é muito gostoso estarmos todas juntas, às vezes a gente fala ao mesmo tempo, são seis mulheres e o Tato, mas a gente está se entendendo. Está sendo muito gostoso.”

Você tem uma pegada aventureira igual a Mariana ou está descobrindo isso com ela?

“A Mariana é trinta mil vezes mais aventureira que eu. Eu faço parte de uma família de quatro irmãos, e me perguntaram assim: ‘quem eu sou entre esses quatro irmãos?’. E eu falei: ‘nossa, talvez eu seja realmente a aventureira, porque eu fui a única a sair de casa, saí da cidade e fui morar fora, vejo a minha família uma vez por ano’. Mas comparando eu e a Mariana, a Mariana é muito mais aventureira que eu, muito mais. Eu adoro o aconchego da minha cama e do meu sofá, adoro todas as aventuras que o cinema me proporciona. Andar de moto não é comigo não.”

Você já gravou alguma cena de moto em Orgulho e Paixão?

“Ainda não, mas eu vou precisar fazer aula sim.”

A sua personagem é uma pessoa muito apaixonada. Você também é assim na sua vida?

“Eu sou. Apesar de ser de elemento Terra, capricorniana, e ascendente em touro de elemento em Terra também, mas tem outras coisas no meu mapa que fazem com que eu vá. Eu sou muito intensa, muito apaixonada. Mariana é muito mais legal que eu, muito mais interessante que eu, mas sou apaixonada e sou intensa sim, e me entrego e vou embora.”

Você fez uma participação em O Outro Lado do Paraíso?

“Eu fiz, mas a participação não foi ao ar, porque era uma participação no primeiro capítulo, e aí parece que as imagens eram muito barra pesada para o primeiro capítulo. Eu ouvi que as cenas iriam voltar como flashback, eu só sei o que vocês sabem.”

Você pensa em fazer cinema?

“Tenho muita vontade. Fala com alguém pra eu fazer cinema, quero muito fazer cinema (risos). Eu já fiz curta-metragem, mas longa eu ainda não fiz e isso é o sonho da minha vida, quero demais trabalhar com cinema. As oportunidades que já aconteceram, já surgiram, mas eu estava muito apegada com a novela, e aí por enquanto, ainda não rolou. Mas vai rolar, vamos torcer.”

Quem é a Mariana aos seus olhos?

“A Mariana é uma menina que não espera acontecer, ela é uma, pra época, pra 1910, é uma ‘feministona’. É claro que ela deseja pra ela o que uma sociedade impõe, mas uma mulher que diz assim: ‘não quero ser escolhida por homem nenhum, eu quero escolher o meu homem. Quero eu decidir com quem eu vou casar, e quero eu sim, correr de moto e me disfarçar’. Fazer algo que para os padrões da época era errado, se vestir de homem, por exemplo, isso é um passo muito maior que as pernas para a época. Então, a Mariana é uma faísca pra mim, é uma chama laranja que é a cor dela.”

A família da sua personagem é meio fora da época que se passa a trama. Como é isso?

“É que essa mãe, o grande objetivo da vida, a tarefa da Ofélia, é casar suas cinco filhas. Ela diz assim: ‘não é pouco, eu tenho cinco mulheres pra casar. E se você pensar na época, então, isso é uma grande preocupação pra essa mãe. E aí, por vezes sai um pouco do padrão mesmo, pra tentar casar essas meninas. Agora o fato da Mariana ter a personalidade que ela tem, se isso tem a ver com a educação que o pai e a mãe deram para ela, eu ainda não sei. Talvez, seja um pouquinho de tudo. Talvez seja um pouco do que o pai proporciona quando diz: ‘vai lá minha filha, lê e devora os livros’.Tem um pouco de tudo. Tem a ver com a essência da Mariana, tem a ver com o que a mãe dá, eu acho que tá tudo misturado, não tem uma coisa só.”

Como você se preparou para dar vida à Mariana?

“Olha, eu li Orgulho e Preconceito, há muito tempo, quando eu tinha 14 anos. Já tinha visto os filmes, eu vi Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, há muito tempo. Agora a pouco, antes de começar a novela, eu pensei em assistir Razão e Sensibilidade de novo, mas eu achei melhor não. Porque a gente fica com aquela imagem, ainda mais que é a Kate Winslet que faz, é demais, não dá. Então, achei melhor inventar a minha Mariana brasileira, tropical.

Para você, o casamento continua sendo indispensável para as mulheres ou em 2018 já é passado?

“Não, casamento não é nem um pouco indispensável para as mulheres. O que é indispensável para as mulheres, hoje, é o que elas querem. Se eles querem casar, elas casam, se elas querem ter filhos,  tenham, se elas não querem, elas não tenham. O corpo é nosso, a vida é nossa, e a gente faz o que a gente quer em 2018, não tem essa. A gente busca nossos direitos para conseguir mais ainda. Porque, sei lá, hoje eu estou com uma mini saia, e parece que sempre foi assim, mas em 1910, isso era inadmissível. Então, tudo é conquista e a gente está conquistando o nosso espaço. E o que é indispensável para as mulheres hoje em dia, acho que é lutar, eu acho que a gente não pode se abster da luta, sabe? E achar que o que a gente tem hoje, foi tudo muito fácil, não foi. Mulheres muito fortes e que foram muito censuradas, passaram por maus bocados para eu ter uma mini saia, pra hoje, eu estar dizendo que estou dizendo, sabe? Sem ter medo de nada, então, o que é indispensável a mulher, hoje, pra mim, é não se calar, e é permanecer na luta feminina.”

Você também é uma mulher feminista que luta pelos direitos das mulheres. O que você está levando de si para a sua personagem e o que está aprendendo com ela?

“Eu não sei o quanto, mas está tudo misturado mesmo, sabia? Não sei o quanto assim, mas eu sempre empresto muito de mim para as minhas personagens e eu estou aprendendo com a Mariana, porque às vezes a gente faz uma cena e diz assim: ‘Nossa gente, mas difícil dizer isso’. Mas pensa assim, ela está dizendo isso, mas ela é uma menina de 1910, isso era um discurso da época assim, é um aprendizado, e eu estou aprendendo com ela e ela comigo também. Tem hora que eu também boto uma carga de Chandelly para ela aprender o que é bom pra tosse. Se você pensar, que as obras de Jane Austen, é do final de século 18, e início do século 19, né? Então é assim, essa mulher escolheu falar sobre mulheres. Não é pouca coisa mesmo, mesmo que seja um romance e mulheres que são apaixonadas que estão sentindo amor pela primeira vez, não importa. São os desejos dessas mulheres, dessa época que estão ali e que as pessoas estão olhando para isso, é muita coisa. É um máximo!”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano. 

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