Betty Faria descreve Hanna, a cafetina da série Se Eu Fechar Os Olhos Agora: “Uma mulher com poder”

Publicado em 27/03/2019

Com uma história cercada de suspense, a série Se Eu Fechar Os Olhos Agora estreia na tela da Globo no dia 15 de abril. Escrita por Ricardo Linhares com direção artística de Carlos Manga Jr., a produção reúne em seu elenco grandes nomes, como é o caso da atriz Betty Faria.

Na narrativa inspirada no livro homônimo de Edney Silvestre, Betty interpreta a cafetina Hanna Wizoreck. A mulher conhece os maiores segredos da fictícia cidade São Miguel, no interior do Rio de Janeiro, e chega para movimentar os capítulos finais da série.

Em entrevista ao Observatório, a atriz falou sobre o processo de caracterização da personagem, além do crescimento na produção de séries nos últimos anos no Brasil. Betty também comentou assuntos como saúde, família e alimentação. Confira a seguir a bate-papo completo.

Sobre Se Eu Fechar Os Olhos Agora

O que você tem para falar sobre Se Eu Fechar Os Olhos Agora?

Esse é um produto lindo. O Carlos Manga é super cuidadoso. Ele um diretor maravilhoso, foi uma surpresa para mim. Gostei demais. Eu tinha lido o livro do Edney Silvestre, e o Ricardo Linhares fez uma linda adaptação. A gente tem que falar isso porque é uma maravilha a adaptação do Ricardo Linhares. Estou habituada a ler, o script é lindo. Eu adorei fazer essa Hanna, a cafetina que sabe dos segredos da cidade. E é interessante que tem toda uma corrupção dos coronéis dos anos 50 no interior é totalmente atualizada. É o Brasil de hoje”.

Qual lado do Brasil de hoje a produção representa?

Que lado? Esquerda, direita ou milícia é tudo corrupção. Não tem lado, é um susto (riso). Como diz o Falabella, a gente tem que ter esperança, delicadeza e sonho. Esperança no povo jovem, porque se eu fechar os olhos agora é o Brasil de antes, passa nos anos 50”.

Era comum no passado as cafetinas terem dando poder? A Tieta também era uma cafetina?

A Tieta não era cafetina, a Tieta ficou rica. Ela teve prostíbulo, teve tudo, mas nunca foi esclarecido. Ficou tudo meio nebuloso, inclusive no livro de Jorge Amado. Jorge também não diz exatamente como Tieta vem”.

A Hanna tem uma personalidade marcante como a Tieta?

Tem, mas é uma participação. Numa minissérie de dez capítulos, ela entra no nove e no dez. Então é uma pequena participação, mas eu adorei. Fiquei muito honrada de fazer, de ser chamada. Estou aqui para dizer que foi lindo”.

A personagem Hanna Wizoreck

Como foi o processo de caracterização? Você precisou usar uma peruca ou seu cabelo estava platinado mesmo?

Foi uma loucura minha porque eu estava com ele grisalho. Uma cafetina dos anos 50, com esse estilo de vida, com esse status… grisalha só a Dona Benta. Uma cafetina, uma mulher com poder na cidade, é lógico que ela queria imitar Marilyn (Monroe). Eu fui no Alexandre, meu cabelereiro, e disse assim: ‘Alexandre, eu vou fazer uma participação, mas eu gosto de fazer as coisas para valer. E aí não dá para fazer com esse cabelinho. Eu quero fazer um platino blond’. Aí foi um inferno! Eu fiquei o dia inteiro lá descolorindo o meu cabelo (risos)”.

Como surgiu a ideia de deixar a Hanna com esse cabelo marcante?

Veio quando eu comecei a estudar o personagem, aí as coisas brotam. Essa mulher não pode botar uma peruquinha. Vira Zorra Total, entendeu? Quer dizer, se eu vejo isso (a peruca) em casa, não vou acreditar”.

Qual foi sua reação ao se ver completamente loira?

Eu levei um susto. Estranhei. Levei uns dias acordando e fazia assim: ‘Ixi, uma coisa estranha’ (risos). Depois eu gostei, mas é uma coisa que precisa ser produzida. O cabelo fica um lixo, não é uma coisa simples. Tudo pelo personagem”.

Relação com a moda

Com a história sendo narrada na década de 50, o figurino de Hanna será mais de época. Você gosta de moda, acompanha as tendências?

Gosto. Não essa coisa de fashionista, mas eu gosto. Inclusive, para o nosso trabalho é muito bom. Você conhecer as décadas, saber o que se usava. Às vezes eu vejo trabalhos de época com brinco pendurado. Não se usava brinco pendurado em determinada época. Eu gosto disso, acho que faz parte de toda uma produção”.

Série x Novela

Atualmente você prefere trabalhar com produtos menores, como as minisséries, ou continua com a paixão de fazer novela?

Eu sou noveleira. Eu assisto novela, eu faço novela. Não tem essa coisa. Eu gosto de fazer novela sim, gosto de produtos menores, gosto de cinema. Eu gosto da minha profissão”.

As produções de séries no Brasil cresceram nos últimos anos. Você acredita que o formato vai se consolidar na TV?

Eu gosto. Quem sabe nossas séries vão emplacar. As americanas fazem tanto sucesso, então a gente tem a esperança de que as nossas emplaquem”.

As séries vieram para competir com as novelas?

Eu acho que novela vai ter sempre, é a cultura do Brasil. Mas esse formato, uma minissérie, é muito interessante de fazer. É como se fizesse um filme, um longa-metragem. É muito bom. Eu gosto muito de trabalhar com o Manguinha. Eu faço uma participação no capítulo nove e no dez. São dez capítulos. O meu personagem entra meio que revelando algumas coisas”.

Gravações em A Dona do Pedaço

Você já começou a gravar cenas da sua próxima novela? Pode contar algum detalhe?

Eu fiz o meu primeiro take de A Dona do Pedaço. É um personagem popular, bem engraçado. Eu não posso ainda adiantar detalhes, tá? Mas eu acho que pode ser uma coisa bem boa”.

O nome da personagem você pode revelar?

Cornélia”.

Como você aguenta a rotina pesada de gravação de novela?

Eu fiz tantas, a minha vida toda. O que pega para mim é a distância, o trânsito

Relação com a fama

Algum fator da fama ainda te assusta?

A mentira. A mentira em qualquer nível me assusta. Eu não sou uma pessoa que gosta de mentir”.

Você já foi vítima de mentiras ao longo da sua carreira?

Eu não sou vítima de nada. Me recuso a usar a palavra vítima. A vítima é a do mimimi, e eu não sou de mimimi”.

Betty Faria nas redes sociais

Qual a sua relação com as redes sociais? Você gosta do contato virtual com o público?

Eu não tenho muito tempo, eu me atrapalho. Eu faço uma foto, levo uma semana para botar outra. Eu recebo muito carinho, mas não dá para responder tudo porque é muita gente”.

As redes sociais são ferramentas que você usa a favor do seu trabalho como atriz?

Comecei a usar, mas não é uma coisa direcionada para o meu trabalho. Gosto do Twitter, mas não escrevo mais. Fico só lendo as coisas, sigo muita gente, aí eu leio o que falam. Eu tenho fãs, pessoas que me acompanham e falam de mim. Às vezes me ajudam quando falam alguma coisa que não presta, elas mandam a mensagem. É legal!”.

Saúde, estilo, comida e família

Como pratica atividade física para cuidar da saúde? Você operou o joelho, né?

Eu consegui operar os dois joelhos. Agora já subo escada, já estou toda esperta. Eu não estou com menor saco de fazer (atividades físicas), fiz a vida inteira. Não estou com saco de fazer nada”.

Não é muito comum ver senhoras de mais de 70 anos usando transparência e decote. No entanto, essas duas características do seu guarda-roupa, né?

Não é uma fixação. Mas eu fui me mirando na Fernanda Montenegro, que já tem mais de 90 anos, e que sempre manteve um físico esguio, esbelto. Então o que acontece? Pode fazer uma mulher elegante, pode fazer uma rica elegante e pode fazer uma ponga. É só mudar a postura… não fica elegante, não consegue botar uma roupa legal. Dificulta muito a vida das figurinistas, eu tenho visto muito isso”.

Como você faz para manter o corpo?

Eu como legal na minha casa. Vou na rua jantar, como doce. Na minha casa não tem (doce). Na minha casa é light, fruta, cottage (queijo). A minha casa é uma casa light”.

Qual a sua comida preferida?

Ah, tem várias. Uma moquequinha...”

Na última semana, foi noticiado que o seu filho, Daniel de Faria, está sendo investigado por envolvimento com o tráfico de drogas. Você tem algo a dizer sobre esse assunto?

Eu não vou tocar nesse assunto, mas os advogados do meu filho vão se manifestar”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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