“As pessoas estão se preocupando em se curar do machismo”, afirma o ator Alejandro Claveaux

Publicado em 06/04/2017
Com um papel de destaque na atual trama das 21h, A Força do Querer, Alejandro Claveaux, o Vitor  – par de Jeiza (Paolla Oliveira) -, vive um bom momento em sua carreira. Além da TV, o ator segue em cartaz  com a peça Gota D’Água [a seco], sucesso de público e crítica desde os anos 70.
Na trama de Gloria Perez, Vitor entrará em conflito com Jeiza por conta do estilo de vida que sua então namorada leva – a moça trabalha como policial e é lutadora de MMA. Porém Vitor quer casar, ter filhos, já a moça segue focada na carreira até que conhece Zeca (Marcos Pigossi).
No espetáculo encenado na capital paulista,  Alejandro vive Jasão que se depara com questões sociais e políticas ao lado de Joana (Laila Garin) e outros personagens na montagem de Chico Buarque e Paulo Pontes, agora sob a direção de Rafael Gomes.
Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator fala sobre os dilemas que irão surgir no romance que protagoniza na trama da Globo ao lado de Paolla. Na história, o machismo, questões familiares e o amor estarão em destaque.
“As pessoas estão cada vez menos machistas, ou estão se preocupando em se curar do machismo e da ideia de que os homens querem uma coisas e as mulheres querem outras”, afirma Claveaux que já integrou o elenco de Alto Astral, Sangue Bom, Nada Será Como Antes, O Caçador, Malhação, Pé na Cova e outras produções na TV.
Confira:
Em A Força do Querer seu personagem busca “solidificar” o conceito de família ao contrário da Jeiza, que foca mais na carreira.  Como analisa esse contexto já definido há anos de que homem quer liberdade, já mulher quer casar? 
As pessoas estão cada vez menos machistas, ou estão se preocupando em se curar do machismo e da ideia de que os homens querem uma coisas e as mulheres querem outras. Eu acredito que o homem está se permitindo ter vontade própria acima do machismo e de conceitos que colocaram pra ele.
Sim, o homem quer ter filhos, casar, cozinhar para a esposa, fazer os serviços de casa… Cada vez mais a gente tá trabalhando menos com rótulos. Pelo menos eu vejo isso acontecer. As pessoas estão discutindo isso e se preocupando e vivendo isso.
É o caso da Jeiza, policial e lutadora, saindo completamente de uma ideia machista de que uma mulher não pode exercer trabalhos que até então eram exercidos só pelos homens.
Agora como Vitor na trama de Gloria Perez GloboMauricio Fidalgo
As relações estão cada vez mais diversificadas e ao mesmo tempo em que se busca uma companhia, também se busca a individualidade. Como conciliar tudo isso? 
As pessoas têm muita dificuldade de se relacionar. As pessoas querem tudo ao mesmo tempo: querem estar acompanhadas, querem liberdade, enfim. Cada um, ou cada dupla, vai tentando se relacionar… Cada vez mais as coisas mudam, se transformam… Funciona como uma experiência e depois cada um decide o que é melhor ou pior pra elas.  Pra conciliar tudo isso tem que ter respeito e amor e se colocar no lugar do outro ajuda muito, também.
O perfil do seu personagem na novela é bem diferente da Jeiza, não?
Ele é gerente de banco com uma vida toda estruturada com horários e uma rotina bem estabelecida diferente da namorada, que faz plantão e não tem hora pra chegar ou sair.
A montagem é um sucesso de público e crítica desde a sua estreia nos anos 70. Como surgiu o convite?
Eu fiz um teste com outros atores. Eu nunca tinha cantado e no teste eu tive que cantar e fazer dois encontros entre o Jasão e Joana, personagens da peça. Fizemos um trabalho intenso com nosso preparador físico com dança além do canto. Eu já tinha explorado em outros trabalhos e na vida, mas nessa peça foi bem mais intenso.
O que mais busca como ator? 
A partir de agora eu quero explorar mais esse lado do ator que canta, dança, toca um instrumento. Eu quero me especializar mais em outras artes, ter um trabalho mais profundo. A peça vem me trazendo isso.
Questões sociais são ótimas ferramentas para serem abordadas pelo cinema, teatro e TV. Como tem sido protagonizar uma peça que conta com um tema tão atual e ainda assinada por grandes nomes como Chico Buarque? Quanto tempo de ensaio e em cartaz? 
É incrível. Fazer uma peça que foi escrita em 1974 e que hoje tem a mesma força que tinha… É uma peça muito atual, ou seja, os problemas continuam os mesmo. É muito forte. Em um momento meu personagem fala: O presidente da nação. E eu lembro que a gente passou por um momento muito forte da história do nosso pais e a gente foi adaptando, desde presidenta da nação, presidenta deposta da nação, presidente interino da nação e presidente da nação.
Desde a nossa estreia a gente passou por essa turbulência mostrando o opressor e o oprimido e que, infelizmente, muita coisa precisa ser mudada. O nosso papel como artista é ir comunicando, divulgando, falando do que a gente acredita, colocar as pessoas que assistem pra questionarem e até a gente que tá em cena. É um presente gigantesco ter o texto do Paulo Pontes e do Chico Buarque.
Serviço: 
GOTA D`ÁGUA [A SECO] – Teatro Porto Seguro
7/04 a 7/05 – Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h.
Classificação: 16 anos. Duração: 100 minutos.
Gênero: Musical. Ingressos: R$ 80,00 plateia / R$ 50,00 balcão e frisas.

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