Aos 58 anos, e curado de um câncer Edson Celulari afirma: “Tenho em mim uma força que não tem idade”

Publicado em 13/03/2017

Edson Celulari é só alegria. Após ter vencido uma luta contra o câncer, o ator está de volta à TV como Dantas, personagem da próxima novela das 21 horas, A Força do Querer. Celulari conversou com o Observatório da Televisão sobre seu personagem e sobre os novos desafios na carreira e na vida.

Seu personagem já tem um par romântico definido?

O Dantas, meu personagem começa se envolvendo com a Shirley (Michele Martins),  e a filha dele é a Cibele (Bruna Linzmeyer). Essas são as únicas personagens femininas do núcleo familiar dele por enquanto. A Shirley é inteligente, não é interesseira  ou desanuviada, e ele tem orgulho daquela relação mas não como homem maduro e babão, ele a admira muito. A Gloria (Perez) colocou de forma interessante e divertida.

Sabemos que existiu uma rotatividade alta nos envolvimentos amorosos dele. Qual o motivo disso?

(Risos) Nem a Gloria sabe disso! Tem uma questão que não se explica que é a mãe dele, e ninguém sabe. Ele toma conta daquela filha de um cuidar do outro e tem histórias que vão acontecer e vai dando traço do personagem pra cá e pra lá. Eles formam uma boa dupla, o pai e a filha.

Seu último trabalho na TV foi em Alto Astral? Como você considera esse tempo afastado?

Depende já emendei um trabalho no outro, como também já fiquei mais tempo que isso parado. Eu ser chamado para um trabalho novo ou não varia de acordo com a necessidade da empresa, a necessidade dramatúrgica, a adequação a um determinado papel e sempre houve este diálogo saudável entre as partes.

Você passou por um problema de saúde no ano passado, e muitas pessoas te mandaram muita força. Você se considerava tão amado antes disso?

Você espera que o público acompanhe seu trabalho, que é um trabalho nacional e que repercuta e só, mas diante disso foi comovente ver toda a torcida, a demonstração de fé, de pessoas comentando das orações. Certa vez no avião que peguei ao ir para São Paulo que era onde eu fazia meu tratamento foi emocionante saber que existia um grupo de 1200 homens que faziam reza noturna e colocariam meu nome lá para receber orações. Justo no momento em que você abre o jornal e só ler coisas ruins, isso foi impressionante, incrível mesmo.

Isso mudou sua maneira de enxergar a vida?

Continuo enxergando a vida com os olhos (Risos). Você tem a oportunidade de aprender e revisar muitas coisas. É um grande susto, fiquei recolhido, vivi da minha forma. Não é simples mas você ganha forças. Tem hora que você para e pensa “Mas já? Logo  eu? Ainda tenho tanta coisa pra fazer, deixa eu arrumar as coisas antes de ir”, e aí você volta disso fortificado, com valores revistos, dando importância às coisas que realmente merecem importância. A gente tem um chacoalhão, e acredito que eu tenha voltado melhor.

A novela fala sobre o querer. Qual seu maior querer?

O querer do Edson é se divertir com esse trabalho, me fortificar, me divertir com esses colegas incríveis, que estou reencontrando, inclusive a Gloria e o Papinha. Este é o meu querer, cuidar dos meus filhos, e seguir em frente.

O Dantas é um Dom Juan?

Eu já fiz Don Juan no teatro, ele é um arquétipo. O Dantas passa por isso, mas tem nele componentes que o Don Juan não teria. Isso que ele faz em seu envolvimento com as mulheres tem uma motivação que ainda não sabemos. Existe ainda uma motivação do personagem de conquistar o espaço diferenciado, que ele acha que merece esse espaço dentro da empresa e os irmãos acham que não. A forma de ele estar com mulheres jovens é uma forma dele se posicionar inclusive perante aos irmãos que têm casamentos tradicionais. O Don Juan é bom apenas na arte de sedução, mas quando consegue o que quer, ele muda de foco, o Dantas não, ele vivencia as relações com mais profundidade.

Você é lembrado como eterno galã. Este rótulo que te colocaram incomoda?

Realmente, colocaram em mim, nunca tive problema de ser rotulado. É uma coisa que vem exteriormente e não posso fazer minha vida girar em função de rótulo. O que é um galã? Um homem ideal? Se for eu sou quase um velhinho ideal então (Risos). Sempre procurei fazer meus personagens distintos destes rótulos na TV e no teatro também.

Você acha que a passagem do tempo pesa pra você?

Não. Ela faz parte da vida de todos. Vivemos um momento um histórico muito particular com todos os avanços da medicina e tratamentos que temos hoje. A humanidade ganhou cerca de 20 anos a mais. Meu pai na idade em que estou hoje era um velhinho aposentado, e temos que saber que viveremos mais. Depois disso que passei, vocês vão ter que me aguentar até sabe Deus quando. Sou um homem de 58 anos, e posso fazer personagens mais novos, de 57 por exemplo (Risos), mas de 40 não dá mais. Não me preocupo com isso, ainda mais depois dessa experiencia que tive, tenho em mim uma força que não tem idade.

A mulherada continua assediando?

Sabe o que me aconteceu hoje? Eu estava chegando aqui com meu guarda chuva porque ainda não posso tomar sol, e parecia que tinha uma excursão, muita gente na porta, parei e perguntei “Oi, vocês estão vindo de onde?”, e a senhora respondeu “Da Fátima Bernardes” e começou a gritar, e um monte de gente começou a pedir “Vamos tirar foto”, daí vieram os seguranças e me tiraram de la. Não sei se está respondido mas era um grupo bem específico de senhoras, tinham algumas jovens que ficaram envergonhadas com a atitude das mais velhas. “Saúde pra você” elas disseram. Eu respondi “Obrigado”. Então não tem mais os gritos histéricos, eles vão ficando mais graves, menos afoitos, não me rasgam mais camisas e bonés como antes, mas ainda é divertido. Só não pode ter exagero.

Suas fãs deram uma envelhecida então?

Claro, seria sacanagem se fosse só eu né? (Risos).

E as amigas da sua filha te reconhecem?

É outra geração, que assiste menos televisão aberta mas me reconhecem. Ela, já fica com vergonha.

Você faz 40 de anos de carreira em 2018. Vai comemorar com uma peça ou algum projeto especial?

Eu estou voltando ao trabalho, voltando ao ritmo, voltando bem cansado. E ano que vem vou ter muitos compromissos: 40 anos de carreira, 60 anos de idade, 15 anos da minha filha, então não sei se comemoro ou vou deixando pra depois.

E os 60 anos de idade você pretende comemorar?

Eu estava comentando com alguém da minha vontade de agradecer à essas pessoas que torceram por mim mas o Maracanã ficaria pequeno. Teve gente que me mandou recado depois dizendo “Me convida pro Maracanã” como se eu fosse fazer mesmo, mas estou comemorando cada minuto. Minha filha fez 14 anos em janeiro, e fiquei tão feliz em poder comemorar com ela.

Ela está um mulherão. Você tem ciúme dela?

Não. É mais cuidado do que ciúme. Ela mandou foto do namorado outro dia, e por mim já foi aprovado, tá tudo certo.


O Enzo seu filho estava extremante feliz na Sapucaí neste Carnaval e disse que tava representando você, devido à sua ausência.

Sabe que eu pensei e até falei com o pessoal da Beija Flor, que minha vontade não era tocar porque não tinha ensaiado, então gostaria de sair na diretoria, mas comecei a gravar a novela antes, e tinha ameaça de chuva. Tenho que cuidar da minha imunidade porque tenho dois anos de acompanhamento pra isso, então ele me representou por lá. Infelizmente não dá pra ganhar sempre mas vou continuar torcendo pela Beija Flor. Ano que vem se der eu vou ensaiar.

No momento de dificuldade você quem realmente eram seus amigos?

Olha, eu não tive nenhuma surpresa. Os amigos continuaram sendo os amigos. Eu recebi muito carinho de todos os lados, de amigos dentro e fora do brasil que ligaram muito. Era até difícil atender à todos. Os amigos se mostraram fieis.

André RomanoEntrevista realizada pelo jornalista André Romano

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