Andreia Horta dá palpite sobre o final de Lucinda em Tempo de Amar: “Acho que vai ficar com o Fernão”

Publicado em 28/02/2018

Reclusa, traumatizada, e muito amarga. Assim é Lucinda, personagem de Andreia Horta em Tempo de Amar, novela de Alcides Nogueira que está em seus últimos capítulos. A atriz conversou com nossa reportagem e contou sobre o carinho do público nas ruas, a repercussão das maldades de sua personagem, e sua torcida para que a jovem termine a trama feliz, ao lado de alguém que ama. Confira o bate papo completo:

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A Lucinda está assumidamente vilã nessa reta final da novela. Como está a popularidade dela entre o público?

“Ela faz muitas vilanias terríveis. No começo muita gente dizia: ‘Ah, mas eu entendo a Lucinda porque ela está ali sozinha e, de repente, aparece aquele brinquedo, aquele boneco de olho azul e bonito’. Isso era o que as pessoas me diziam. Ela está quieta e, de repente, aparece ali o Inácio (Bruno Cabrerizo) na vida dela. Ela leva ele para casa. Depois as pessoas passaram a não entendê-la mais, e o retorno que eu tenho é o melhor possível porque eu nunca tinha feito uma vilã. As coisas que me escrevem diariamente no Instagram e as coisas que escuto na rua são assim: ‘não estou aguentando mais te odiar por causa da Lucinda’. Ou então: ‘a Lucinda é péssima, mas você é maravilhosa’. Eu acho muito legal que as pessoas dividem que é o trabalho da vez, as pessoas sabem que é um personagem e isso é muito legal. Eu não senti com essa vilã nenhuma rejeição pessoal. Pelo contrário, todo mundo vem falar dividindo muito bem a personagem da intérprete, isso para mim é a maior glória nesse trabalho.”

Que final você espera para a Lucinda?

“Ah, eu acho que ela merecia ser muito feliz. Eu acho que ela merecia pegar esse dinheiro, mas isso não é o certo. Eu acho que ela vai se dar mal.”

Como foi para você voltar para as telas nesse folhetim do Alcides e carregando a sua primeira vilã da carreira?

“Transitar, eu não considero que seja uma volta. Eu já tinha feito ‘Amor Eterno Amor’, que era uma novela das 18h, também. Uma coisa que eu fiquei pensando muito nesse trabalho, que é de época e que o Alcides escreve muito bem, é o quanto o português é uma língua difícil. Eu nunca atuei em outra língua, e é difícil atuar com um português de época, o português correto. Mas é maravilhoso, estou acabando feliz da vida.”

Quanto tempo leva para terminar a sua caracterização como Lucinda? Você já foi para casa com a maquiagem dela?

“Não tem como porque só dá para tirar com um removedor ou um produto que eles passam aqui. Para colocar é muito rápido porque é um adesivo, então em um minuto a gente coloca. Depois é só maquiagem para dar a queloide, para dar o relevo. Para tirar é mais demorado porque tem que vir o removedor com o algodão e tirar pedacinho por pedacinho.”

Você ouve comentários sobre a cicatriz da Lucinda nas ruas?

“Falam que é perfeito. Teve um dia que eu subi para almoçar no restaurante no andar de cima daqui (Globo), logo no começo da novela, e a moça que estava me servindo o almoço me olhou e não falou nada. Depois a dona do restaurante veio me falar: ‘nossa, ficou muito boa a cicatriz’. E ela falou assim: ‘eu achei que você estava queimada, mas fiquei com vergonha de comentar’.

E como está sendo dar vida a essa perigosa Lucinda?

“Ah, eu me divirto porque ela tem um senso de humor também. Às vezes é muito difícil porque eu fico constrangida antes de dizer o que eu tenho para dizer para certos personagens porque ela humilha as pessoas. Ela fala coisas bárbaras, absurdas. Às vezes me dá um nó na garganta, mas a gente vai lá e faz o serviço.”

Por que o público gosta tanto da Lucinda? O que as pessoas mais falam para você nas ruas?

“Elas falam que adoram ver a Lucinda fazendo maldade. Isso é uma coisa que eu fiquei surpresa. Elas gostam de ver a Lucinda fazendo as vilanias dela e isso para mim é o maior legado que eu posso levar desse trabalho.”

O público criou um shipper para a Lucinda com o Fernão (Jayme Matarazzo), né?

“Sim, virou Lúcifer (risos).”

Você ficou arrepiada com esse shipper?

“Ave Maria, virar Lúcifer! Por essa eu não esperava (risos).”

A aproximação entre esses dois vilões estava prevista?

“Se estava previsto para o autor, eu não sabia. Para mim, foi uma surpresa.”

Aparentemente, a Lucinda esqueceu o Inácio. Será que ela vai fazer valer a pena o shipper criado pelo público e terminar a novela com o Fernão?

“Eu acho que eles vão terminar juntos. Eu acho que ela tem que terminar com alguém porque, coitada, ela começa fazendo magia para o que se foi lá no começo da novela (Maurício, ex-noivo). Depois uma luta danada para ficar com o Inácio e não fica com ele (riso). Eu acho que ela vai ficar com o Fernão.”

O que você acredita que fez a Lucinda ser tão revoltada?

“Essa é uma pergunta difícil de responder porque o ser humano é um mistério imenso. Eu acho que além de todos os traumas que a Lucinda teve na vida, houve a morte da mãe, a rejeição do noivo. Tem gente que não lida bem com rejeição e vira um trauma para o resto da vida. Além dos traumas que aconteceram na vida dela, eu acredito que ela seja atravessada pela maldade também.”

Mesmo com tantas maldades no currículo ainda dá para defender a Lucinda?

“Claro! Eu sou paga para isso, eu vivo disso (risos). Dá, sempre dá. Eu acho até que a maior vilania tem resposta. Não tem justificativa, mas que tem resposta de onde vem o impulso, sim.”

E qual a resposta dela?

“Eu acho que passa por muitas coisas. Ela, realmente, fica irritada com gente enchendo o saco. Ela fica irritada com gente se metendo na vida dela. Ela fica irritada com o moralismo barato. Ela fica irrita por o Inácio ter tido o grande amor da vida dela. Tudo é a Maria Vitória, ela fica irritada com isso. Ela tem vários impulsos humanos. A humanidade é infinita, tem muitas respostas.”

Ao longo da sua carreira, você tem sido presenteada com personagens de grandes mulheres, como por exemplo, Elis Regina. Você tem um pouco de todas as mulheres já interpretadas por você na teledramaturgia e na sétima arte?

“Um pouco de todas elas sim.”

O que você acha da postura da Lucinda de armar para conseguir tirar dinheiro da própria tia?

“Uma maldade infinita. Eu acho que ela tem essa irritação com a tia faz tempo. A tia sempre ficava lá quando ela estava com o Inácio, meio que: ‘o Inácio é muito bom e você não é flor que se cheire’. Sempre apontando defeitos nela. Ela achava que a tia tinha inveja. A Lucinda tem um julgamento bem implacável das pessoas. E claro, eu acho um horror, um absurdo roubar a tia.”

Você falou que várias coisas tiram a Lucinda do sério. O que mais irrita a Andreia Horta?

“Injustiça me irrita muito. Injustiça me enfurece, na verdade. Ver alguém ser humilhado, ver alguém sendo roubado, maltratado. O descaso com tudo que é humano. Ver como a humanidade é malcuidada, não só pelos Estados, pelos governos, mas às vezes dentro do próprio círculo familiar. Falta de educação. Gente chata me irrita.”

Conta para gente: como é fazer aquelas cenas em que a personagem tem que quebrar tudo, jogar tudo no chão, contra a parede?

“Eu nunca vivi isso na minha vida. E a Lucinda quebra tudo muitas vezes, né?! Ah, é legal! (risos). Tenho que estar ligada. Não pode jogar na câmera porque tem os ‘câmeras’, tem espelhos no cenário, é tudo muito coreografado.”

E as cenas de brigas? Você também gravou uma cena de briga com a Maria Vitória, personagem da Vitória Strada…

“É legal de fazer também. Você entra num estado de atenção total. A nossa cena de briga levou em torno de quatro horas e meia, porque tem a coreografia da briga para tudo, para a câmera pegar o soco, para a câmera pegar o tapa. Então assim, não são só a cena e o texto.”

Alguém se machucou durante as gravações?

“Não. A Vitória é uma menina muito delicada. Ela foi super cuidadosa porque ela tinha que bater, eu tinha que deixar ela me bater porque o pessoal queria ver a Lucinda apanhando. Então a gente foi super cuidadoso, eu com ela, ela comigo.”

E quais são os seus projetos para quando a novela acabar?

“Assim que a novela acabar eu vou apresentar o programa País do Cinema, no canal Brasil.”

O que você gosta de fazer no dia a dia para manter a boa forma?

“Eu não gosto, mas eu faço um treino. Não é academia. Faço alongamento, drenagem, essas coisas.”

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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