“Adoro fazer coisas caricatas”, diz Mariana Molina sobre papel em Bom Sucesso

Publicado em 19/10/2019

Mariana Molina está adorando fazer Bom Sucesso, a atual novela das 7 da Globo. Afinal, é a primeira experiência da jovem atriz com o humor na televisão, após uma série de trabalhos dramáticos.

Está sendo incrível porque eu sempre sonhei em fazer comédia e nunca tinha tido uma oportunidade assim, então eu estou aproveitando e me divertindo muito“, revelou a jovem intérprete, citando o longa estadunidense O Diabo Veste Prada e a novela colombiana Betty, a Feia entre suas referências para compor Evelyn.

Confira nosso bate papo completo com a atriz.

OBSERVATÓRIO DA TELEVISÃO – Queria que você falasse um pouco dessa personagem para a gente.

MARIANA MOLINA – A Evelyn é superestabanada, supertímida, ela fica até gaga de tão tímida. Quando fica nervosa, ela começa a entrar em desespero e não consegue falar nada. Ela trabalha no marketing, é assistente. E ela é ótima, é superdedicada, supercompetente, só que é apaixonada por um os editores, que é o Felipe.

É um personagem cômico?

É supercômico. E, pra mim, está sendo incrível porque eu sempre sonhei em fazer comédia e nunca tinha tido uma oportunidade assim, então eu estou aproveitando e me divertindo muito, a gente está se divertindo muito. A Evelyn é tão tímida que nunca se fez notar, as roupas são superengraçadas, nada combinando com nada, sabe?

O figurino te ajudou?

Muito, muito. Quando eu fiz a prova de figurino, eu entendi o que era. Antes, eu achava que era só uma coisa estabanada, mas eu entendo que não, ela é meio sem noção. Ela vai colocando sempre uma roupa… Sempre de saia, com meia-calça, saia, a blusa por cima da saia, tudo meio troncho.

Você se inspirou em algum personagem da literatura?

Eu tenho a referência da Irene Adler, do Sherlock Holmes, que eu li e vi a série para construí isso, mas a principal referência era Betty, a Feia e O Diabo Veste Prada, que é a personagem da Anne Hataway, tem muito dela… Eu assisti de novo e entendi que a inspiração veio muito dali.

Você se surpreendeu consigo mesma no humor?

Me surpreendi, sabia? Eu sempre gostei. Todos os meus amigos sempre me disseram que eu tinha de investir nisso; eu sempre gostei muito, mas nunca tinha tido mesmo essa oportunidade. Então, eu fui fazendo e… fiz supernervosa. E disse: Bom, tá, já que eu queria fazer e estou tendo essa oportunidade, não sei se eu consigo, né? Não é fácil.

Qual a principal dificuldade?

Olha, eu não tive uma dificuldade específica. A dificuldade é se entregar mesmo, é rir de você, é fazer a preparação com outros 50 atores, gente que eu admiro há um tempão… e estar ali e me jogar e estar sem maquiagem… a maquiagem da personagem é tipo essa: é só pele, não tem nem um rímel pra abrir o olho? Não, nada. É o cabelo bem lambido, sem maquiagem. E as dificuldades eram um pouco essas… então, tá, eu vou rir de mim, vou ter uma postura do ridículo, vou… não vou ter vergonha, vou me jogar, vou testando… e comédia é meio tentativa e erro.

É uma caricatura, né?

Exatamente. Eu adoro fazer coisas caricatas. E aí eu tenho que tomar muito cuidado, porque essa é uma personagem tem esse caminho, né? Pra eu fazer o demais é um minuto. Então, eu faço o demais e vou tirando. Ah, agora, ela está de verdade, real.

Você acha que, para conquistar uma pessoa, vale buscar uma outra pessoa?

Eu sou superfeminista, mesmo, e aí eu me questionei muito quando eu li… Bom, então, a gente tem que se transformar no que a pessoa quer? Eu acho que não, muito pelo contrário. Mas eu acho que o que acontece é que ela vai nesse caminho, se transformando no que ele quer, uma personagem que não existe, né? É uma mulher idealizada que ninguém nunca vai conseguir chegar. Eu acho que o que vale… lá pra frente, quando ela realmente se transformar numa versão melhorada dela, aí, sim, eu acho que faz sentido. Porque eu acho que a gente pode… o que acontece com a Evelyn quando ela se transforma, não na personagem, mas quando ela se descobre é isso: o autoconhecimento. A timidez vai ficando de lado, então eu consigo me colocar, eu me mostro de outro maneira. Eu estou sem fazer sobrancelha, buço, unha, há o maior tempão pela personagem e não que eu ache que tenha que ser feito para melhorar, mas acho é de amor, é de autoamor mesmo. Eu estou ali me olhando e… Eu quero tirar? Vai me fazer bem tirar? Vou me sentir mais bonita? Eu tiro. Se eu me acho linda assim, sem fazer nada então eu continua assim e as pessoas têm que gostar de mim como eu tiver. O que vale é sempre o autoconhecimento, é como eu me sinto bem.

Uma coisa que ajude a libertar…

Exatamente, porque ela não está feliz assim, sendo daquele jeito, sem conseguir falar. Eu acho que é uma coisa de liberdade. Você pode se mostrar, é uma coisa de autoconfiança. Acho que é aí que está a beleza, muito distante do que é padrão, sabe? Do que colocaram pra gente como um padrão de beleza ou de comportamento, de culto ao corpo…

Fale um pouquinho da sua trajetória até aqui.

Tem tempo, não sou tão nova assim… (rs) Mentira! Eu sou de São Bernardo, interior de São Paulo. E eu comecei com 9, 10 anos a fazer publicidade e teatro amador na escola e cursinhos pequenos. Apresentei um programa infantil na Nickelodeon, durante cinco anos, dos 12 ao 17, que se chamava Patrulha Nick. O que mais? Aí, quando eu acabei esse programa, eu estava com 17 anos, alta e magra, e falaram: ‘você não quer ser modelo e viajar?’. Eu fui viajar, morei no Chile, na Itália, trabalhando como modelo. E, quando eu voltei para o Brasil, em 2009, eu fiz um teste para Malhação e passei e fiz a Malhação 2009-2010, como o Fiuk. E continuei. Fiz Amor Eterno Amor, uma novela das 6, fiz Perrengue, na MTV, que foi uma série muito legal também. Aí, fiz Verdades Secretas, Onde Nascem os Fortes e agora estou aqui.

Está com quantos anos?

28.

A novela fala sobre muito sobre vida e sobre morte. Como você enxerga essa questão?

Acho que isso de receber um exame com uma data [como aconteceu com Alberto (Antonio Fagundes) e Paloma (Grazi Massafera), protagonistas da novela] deixa a gente meio ‘o que eu perdi?’ E acho que isso é uma reflexão que a gente tinha de ter todo dia, é muito difícil porque a gente precisa pagar boleto, então a gente tem que correr atrás e as coisas vão passando e as coisas vão acontecendo e depois… depois eu ligo para aquela pessoa que eu estou com saudade, depois eu vejo… a gente vai adiando, mas… é meio clichê, parece “ai que mundo ela vive”… mas a gente realmente não sabe se vai existir o amanhã, a gente não sabe se volta pra casa, todos nós, então eu acho que a gente tinha que parar mesmo. Eu adoro redes sociais, eu estou, vire e mexe, com o telefone. Mas eu tenho feito um trabalho de distanciamento, sabe? Eu gosto, quero ver, mas isso não pode me definir?

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