“A TV ajudou os brasileiros a pararem de fumar”, afirma Drauzio Varella

Publicado em 15/10/2018

Ainda que a internet esteja presente em muitos lares, a TV e o rádio ainda são as principais fontes de informação de milhões de brasileiros. De Norte a Sul do Brasil são por estes veículos que a população mais carente, em especial, obtém conhecimento.

Prevenção

Falando especialmente de saúde podemos citar séries especiais do Fantástico, Domingo Espetacular, Bem Estar, programas femininos e os telejornais como aliados dos telespectadores quando o assunto é tratamento e prevenção.

Queda no consumo

Dados da Vigitel 2017 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) demonstram que o número de fumantes no Brasil despencou ao longo dos últimos anos. Entre 2006 e 2017 houve uma queda de 36% no consumo de cigarros.

Câncer

Ainda de acordo com o levantamento, há no País 20 milhões de fumantes. Vale lembrar que o Brasil é campeão quando o assunto é redução no consumo de tabaco, ainda assim, por ano 200 mil pessoas morrem em decorrência de câncer e enfisema pulmonar.

Drauzio Varella

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Drauzio Varella, um dos médicos mais respeitados do Brasil e consultor da TV Globo, falou sobre a importância da TV para a prevenção de doenças.

TV e prevenção

O Brasil carece e muito de médicos e hospitais, mas a TV está aí presente em quase 100% dos lares. Ela pode ser uma aliada quando o assunto é prevenção, campanhas de conscientização?

Quando a informação é precisa e compreensiva, a população aceita e adere. A internet presta, não dá pra discutir a vida sem a internet hoje, né? Não há nenhuma possibilidade de você imaginar o mundo sem esse tipo de informação. Só que a informação pela internet não passa por nenhum crivo.

Fantástico

Informação pela televisão é um desafio enorme, porque, posso falar da minha experiência pessoal, o problema com o Fantástico é o Brasil que assiste, são pessoas dos mais diferentes níveis.

Erros e acertos

Você tem que falar para aqueles que não estudaram, não tiveram acesso à leitura porque é aí que se destina a informação, eles não têm outra fonte. E no Brasil isso significa mais de 60% da população. E de modo que aqueles que estudaram você não esteja fazendo uma simplificação ridícula. É difícil encontrar esse equilíbrio, e ninguém nasce sabendo, a gente vai acertando e errando.

Campanhas

Mas o exemplo que eu queria te dar é o seguinte: na minha adolescência nos anos 60, 60% dos adultos com mais de 15 anos fumavam no Brasil, hoje a estatística brasileira era em torno dos 10%, nos Estados Unidos 15% com os bilhões de dólares que os americanos investem na prevenção nas campanhas contra o fumo.

Na Europa, o único país que fumava menos que o Brasil, até dois anos trás, era a Suécia, 12%. Hoje somos menos que os suecos, holandeses, dinamarqueses, alemães, portugueses, todos os países, nós fumamos menos. E o que o país fez pra conscientizar a população de que o cigarro faz mal?

Iniciativas

O nosso povo tem nível de educação mais elevado? Não tem. Nós proibimos fumar em local público? Isso foi em 2000, e os Estados Unidos começaram a fazer isso no inicio dos anos 90 e em vários países da Europa, especialmente na Escandinávia, foi na passagem de 80 pra 90.

Foi no ano 2000 que se proibiu a propaganda na televisão, na Suécia nos anos 70. E não foi nenhuma campanha governamental. Colocamos aquelas coisas horríveis na caixa do cigarro.

TV

Então não é nenhuma medida que o país tomou que seja diferente ou mais eficaz que outros países utilizaram nas campanhas. Foi a televisão no Brasil, porque em outro país você tem rede de televisão abrangente que pega o país inteiro. Estados Unidos tem, mas são regionais.

Comportamento

Quando a informação é clara e bem direta, compreensível, as pessoas aceitam e aderem, mas mudar comportamento diário é difícil. Convencer uma pessoa que tem que fazer exercício, você sabe disso.

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