Éramos Seis

“A Lola e a Clotilde têm uma intimidade de alma”, diz Simone Spoladore sobre a relação das irmãs em Éramos Seis

Atriz retorna a Globo depois de 13 anos

Publicado em 24/10/2019

Dando vida a Clotilde na nova versão de Éramos Seis, da TV Globo, Simone Spoladore faz história em mais de 20 anos de carreira no cinema, teatro e TV.

Com passagens pela Record TV e HBO, a atriz retorna a Vênus platinada depois de mais de dez anos para interpretar Clotilde, a irmã de Lola (Glória Pires), no remake de Ângela Chaves no horário das seis.

Em conversa exclusiva com o Observatório da Televisão, Simone Spoladore fala sobre sua personagem na novela, relembra a infância e comenta sobre o sucesso da reprise de A Bela a Feia.

Confira a entrevista:

Você viu as versões anteriores de Éramos Seis?

Muito pouquinho! Eu quis criar com uma visão diferente para não ficar influenciada, apesar de que grandes atrizes fizeram a Clotilde, como a Jussara Freire, e a Geórgia Gomide.

E o que mais te atrai no papel da Clotilde?

A delicadeza, a sensibilidade. Eu gosto muito disso. Tem uma coisa que é muito difícil trabalhar na televisão que é o silêncio dos personagens, porque geralmente eles falam muito, e estamos conseguindo trabalhar o silêncio da Clotilde, porque a vemos mais no silêncio que na fala, e isso é de uma beleza muito grande. Eu gosto dela porque eu posso fazê-la muito comigo mesma, sem precisar me esforçar, isso é muito íntimo e gostoso.

A história é muito sofrida…

O livro é muito triste, e eu nunca tinha lido antes. Para mim o que me emociona muito é uma história de uma família, e essa família luta para dar a melhor educação possível para os filhos. E eu me identifico muito em relação à minha família. Meus pais lutaram para dar a melhor educação possível pra gente.. Eles não tinham dinheiro, mas fomos fazer balé no Teatro Guaíra, que custava super barato naquela época, e tinha aula de teatro, aula de dança contemporânea, aula de dança clássica, aula de história de arte… A gente fazia aula de dança com música ao vivo, com o piano tocando ao vivo, todos os dias. Uma música clássica entrando nos seus poros, era uma privilégio e não era uma coisa cara.

Você tem três irmãs assim como na novela. Você se identifica com isso?

Sim, como na novela. E nós somos amigas. Eu tenho uma irmã, Bruna Spoladore, mora em São Paulo, é bailarina, professora de dança, trabalha com dança.

Como foi voltar à Globo após 13 anos?

Eu trabalhei na Record durante cinco anos, depois fiz uma série na HBO, fiz vários filmes durante esse período todo, e a vida foi acontecendo. O que aconteceu agora é que eu trabalhei com o Carlos Araújo em Esperança, em 2003, e ele lembrou que me dirigiu a novela inteira, e ele lembrou de mim para fazer a Clotilde nessa novela.

A Clotilde se parece muito com você, não é?

Eu acho que a Clotilde dialoga com esses personagens meio camponeses. Tem esse lado meio camponês.

Você comentou sobre a dificuldade de seus pais. O que eles faziam no passado?

Eles eram bancários. Minha mãe trabalhou no Banco Itaú, até a minha terceira irmã nascer. E meu pai trabalhou a vida inteira e se aposentou no Banco do Brasil. Meus pais sempre estavam fora de casa e trabalhando, dando o possível do que eles podiam dar para a gente.

Você contou que na sua casa vocês eram três irmãs e na novela você também tem mais duas. O que você leva da sua experiência de vida para a novela?

Eu não consegui fazer essa transferência. Na novela eu sou a irmã do meio, e na vida real eu sou a mais velha. A dinâmica é diferente. Porque estou numa posição diferente. Acho que a Lola e a Clotilde têm uma intimidade de alma. Enquanto que a Olga e a Clotilde têm uma intimidade mais de brincadeira, tipo um jogo. É diferente.

E o seu figurino na novela? o que você mais gostou até agora?

Eu estava conversando com a Gloria Pires sobre a delicadeza desse figurino. Cada detalhe, cada textura, o material, e falamos de como isso fazia falta no mundo. Isso poderia voltar porque uma hora não vamos dar conta desse consumismo exagerado. Pelo menos em nossas vidas diárias temos que resgatar essa sensibilidade.

Simone o que você achou do sucesso da reprise de Bela, a Feia?

Incrível! Eu amei fazer essa personagem porque eu ria de mim mesmo fazendo ela. Ela era muito caricata, louca, debochada, e eu amava fazer aquelas loucuras… E era bom fazer humor, comédia. Era muito bom!

Você passou por alguma crise dos 40?

Eu passei crises na minha vida como qualquer pessoa, mas não completamente relacionadas à idade. É um processo de cada pessoa, seja passar pelo envelhecimento, uma perda, uma depressão. São situações da vida.

Você lida bem com o passar dos anos não é?

Estou me sentindo bem no momento, minha vida está melhor do que quando eu tinha 20 anos. Eu me conheço melhor e o processo de se autoconhecer é importante.

Você pretende envelhecer naturalmente ou pretende fazer alguma intervenção?

Eu pretendo envelhecer naturalmente. Meu plano é não fazer plástica, nem colocar botox, ou qualquer operação no meu rosto. Gosto muito das atrizes francesas, que são meus modelos, elas envelhecem naturalmente e são maravilhosas. Esses dias mesmo eu assisti um filme da Juliette Binoche, que está em cartaz agora, o The Vision, que coisa maravilhosa! Ser atriz tem uma relação com a espiritualidade.

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