Amor de Mãe

Após hiato de cinco anos, Murílo Benício volta às novelas e defende gênero: “Os atores não devem se distanciar delas”

Ator contracenará com seu filho, Antonio, de 22 anos

Publicado em 07/11/2019

O ator Murilo Benício, 47 anos, está prestes a voltar às novelas com o personagem Raul em Amor de Mãe, novo cartaz do horário nobre da Globo. Benício estava distante das novelas desde 2014, quando interpretou Jonas Marra em Geração Brasil. De lá para cá sua dedicação foi em produções mais curtas como séries e minisséries, além de filmes dos quais participou e dirigiu, como Divórcio e Animal Cordial.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator, que atualmente também pode ser visto na reprise de Avenida Brasil, diz que, embora o mercado de dramaturgia tenha se modernizado com o surgimento das novas mídias e formas de consumo, a telenovela continua tendo uma importância muito grande ao Brasil e o gênero se mantém com facilmente como o produto principal das emissoras.

Murilo Benício também fala sobre contracenar com o filho Antonio Negrini na mesma novela. O jovem de 22 anos tem formação como ator. Expectativas com a estreia, personagem e relação com o elenco também são um dos assuntos. Confira:

Como será Raul, seu personagem em Amor de Mãe?

“Raul é um empresário super bem sucedido e neste momento ele está repensando a vida dele e decisões que ele tomou. Está num momento de viver diferente. Ele é muito poderoso, está procurando a simplicidade e isso envolve a vida pessoal dele. Ele encontra a personagem Nanda, eles se envolvem. Até ai que eu posso contar.”

Você esteve um tempo longe das novelas, esteve fazendo só séries. Foi uma opção sua?

“Não sei se foi natural ou planejado, mas foi acontecendo. Novela toma muto nosso tempo, muito mais que série. Neste tempo eu tive a oportunidade de dirigir dois filmes e foi um tempo abençoado por mim. Estar fora de novela me deu vontade de fazer de novo. Novela é uma coisa que dá tanto trabalho que você fica até com medo de entrar em uma. É um ano que você não tem vida. Mas, eu acho que eu estou mais fresco para fazer novela.”

A trama dele terá uma parte cômica?

“Parece que é cômico, mas eu não sei. É claro que vai ter a parte cômica, por mais desesperada que seja a cena ou a situação, à vezes é engraçada. E a Letícia Lima também é uma atriz super engraçada, a gente já fez umas cenas engraçadas. Mas acho que toma a parte mais profunda do ser humano. Ela não fica só no superficial da graça. Acho que ela está indo para o caminho que eu acho muito interessante pra ela porque ela só fez humor até hoje.”

Você acha que o público pode estranhar pelo fato de não existir uma vilã clássica em Amor de Mãe?

“Eu acho que o público está muito moderno, mais à frente do que a gente imagina. A gente te que se modernizar para acompanhar o público. Essa história de núcleo de humor tem que acabar. Não tem [humor] nesta novela como também não tem o vilão. A gente gira em torno de muita coisa, não somos só bons a vida inteira. Todo mundo é um pouco de tudo. Esta é a proposta. Não é que não existe vilão, mas às vezes é a vida, às vezes é uma situação, às vezes é a pessoa, às vezes é a vida, às vezes é uma situação, como na vida. É uma forma de se atualizar com o público.”

Quais são as suas expectativas de estar nesta produção com seu filho?

“Eu fiquei com muita expectativa quando eu soube, até porque foi uma surpresa pra mim. Eu vejo que o Antonio é um cara que está vindo com estrutura. Ele levou muito tempo para admitir que era isso que ele queria. Eu tenho total certeza da vontade dele de ser ator.

Ajudo só a pagar as contas dele. Ele estuda pra caramba, faz teatro, ensaia, isso dá uma segurança maior na gente. Meu filho e filho da Alessandra [Negrini] em uma profissão que não necessariamente é uma garantia de sucesso e de dinheiro, eu pelo menos fiquei com muito medo dele achar que isso era o natural dele. Mas a gente sempre deixou ele sozinho, à vontade. Eu falo o tempo inteiro pra eles, que ninguém trabalha cinco dias esperando dois para se divertir.

Eu acho que a unica coisa que eu dou de conselho é: ‘tente fazer o que você ama que você vai acordar segunda feira feliz’. Não vai ter aquele negócio de ‘graças a deus hoje é sexta feira’. Eu ouço isto na rua e acho isso meio absurdo, é bom você acordar na segunda-feira sabendo que você vai produzir -se você for abençoado no que você gosta. Eu só quero que eles sejam felizes.”

Você acha que ele precisará de um auxilio seu ou uma espécie de assessoria?

“Acho que não porque a ultima coisa que ele fez em São Paulo no teatro e não me deixou ver. Ele disse: ‘Não pai, eu não quero que você veja. Eu respeito, não fui’. Temos um acordo muito bom. A gente fala da profissão em outros pontos de vista. A gente não fala nem de mim nem dele. A gente vai junto no cinema e comentamos porque o filme está bom ou não, porque o ator está bom ou não. A gente vê um filme juntos e discutimos. A gente vai usando outros exemplos.”

Você é um ator curioso que gosta de saber o destino do seu personagem?

“Eu nem ligo para o que vai acontecer. Eu nem pergunto. Não pergunto nada na verdade, não me envolvo em nada. Não tenho essa curiosidade. Basta saber que é um bom o trabalho, dos capítulos que eu li, que está todo mundo está feliz e empolgado em fazer.”

Você comenta de trabalho em casa com sua família?

“A gente não comenta de trabalho. Não temos este papo. A gente separa naturalmente. Também não temos esta coisa de não falar.”

O que foi primordial para você topar fazer Amor de Mãe?

“Eu acho que eu já queria fazer novela de novo. Novela é uma coisa importante para a Rede Globo. Os atores não podem se distanciar tanto de novela e a Globo precisa principalmente dos bons atores. É o nosso carro-chefe ainda, apesar do mundo estar mudando e as séries estarem atacando. Eu acho que a gente ainda tem este carro chefe, devemos fazer o melhor deste produto com as melhores pessoas possíveis.”

Você voltou a ser abordado devido a reprise de Avenida Brasil?

“Eu nunca deixei de ser Tufão. E eu já fiz vários personagens de sucesso, as chegavam a imitar estes personagens nas ruas: Arthur Fortuna (Pé na Jaca/2005), Juca Cipó, mas não tem jeito (risos).”

***Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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