Novela das 19h

Marcos Pitombo comemora nova parceria com Sabrina Petraglia: “Um lugar no coração das pessoas”

O ator comemora a chance de abordar a dislexia na trama

Publicado em 20/03/2020

Aos 37 anos, Marcos Pitombo não tem medo de desafios. O ator, que desistiu da faculdade de Odontologia para investir na carreira artística, colhe os frutos da ousada decisão. E, agora, prepara-se para conquistar o público novamente, ao repetir o par romântico com Sabrina Petraglia. Sucesso em Haja Coração (2016), os dois retomam a parceria como Bruno e Micaela em Salve-se Quem Puder.

Nesta entrevista, Pitombo adianta algumas novidades sobre o personagem e fala da dislexia de Bruno, com a qual acredita cumprir uma missão social na trama de Daniel Ortiz. O ator também comenta sobre o medo da pandemia do novo coronavírus. E torce para que Bruno e Micaela conquistem o público. Confira!

OBSERVATÓRIO DA TV – Quem é o Marcos Pitombo?

MARCOS PITOMBOMarcos Pitombo é um jovem ator brasileiro, com 14 anos de TV e 17 de profissão, que já tem dez novelas, três peças, três filmes e dois seriados. Que largou a faculdade de Odontologia em busca de um sonho. Um cara muito família, e que gostaria muito de ser respeitado dentro da sua profissão, e que tivesse a arte sendo valorizada no seu país da forma como ela merece.

Como está sendo a repercussão nas ruas em relação ao Bruno?

Nas ruas é bom. É um prazer enorme fazer uma novela que é um sucesso. As pessoas dão um feedback muito positivo em relação à novela Salve-se Quem Puder. Uma novela supervibrante, pra cima, que já tá na boca do povo. Eu entrei no capítulo 30, e as pessoas têm uma felicidade muito grande ao falar comigo sobre a novela e sobre o personagem. Eu acho que o personagem é super carismático. E ele está envolvido nessa trama de vingança, o que também acabou gerando uma expectativa muito legal em relação ao núcleo. As pessoas queriam saber se ele era o primo mau, ou o primo bom da Verônica (Marianna Armellini). Eu acho que o Daniel Ortiz soube da melhor forma introduzir esses personagens dentro do contexto da novela, porque eles acabaram chegando com certo frisson, né? Eu acho que esse encantamento nesse triângulo amoroso com os personagens Gael (Cirillo Luna), Bruno e Micaela (Sabrina Petraglia) acabou sendo um ingrediente a mais nesta novela tão bem aceita.

Nas redes sociais, as pessoas já estão shippando o casal Bruno e Micaela. Ficou surpreso? Já que ele poderia ser a ovelha diferente da família, né?

Micaela (Sabrina Petraglia) e Bruno (Marcos Pitombo) em Salve-se Quem Puder
Micaela Sabrina Petraglia e Bruno Marcos Pitombo em Salve se Quem Puder

Na verdade, foi uma grande felicidade, né? Todo ator, quando começa um trabalho, principalmente no triângulo amoroso, ele quer que dê certo e que as pessoas vibrem e torçam pelo casal. Acabei tendo muita sorte em relação ao personagem, que é extremamente carismático. Então foi uma felicidade muito grande, sim, essa resposta positiva das pessoas torcendo para o romance com a Micaela. Temos a vantagem de eu e a Sabrina já nos conhecermos e termos uma afinidade pessoal e uma afinidade artística. Então, a gente conseguiu emprestar isso para os personagens novamente de uma forma muito bacana.

Eu tive um certo receio pelo fato de ele ser tímido, né? Acho que um personagem tímido, numa novela tão vibrante e pra cima, tive receio que não ficasse de acordo com o tom da novela. Mas eu fiquei bem feliz com esse mês que a gente gravou. Num primeiro momento, é super difícil entrar no meio de uma novela. Parece que você tá entrando de paraquedas. E acabou que, pelo feedback que eu tive das primeiras cenas, eu fiquei bem feliz e contente com o trabalho.

Como está sendo a troca com a Sabrina Petraglia?

A Sabrina é uma querida! Acho que é desses presentes da vida que gente ganha. Uma grande amiga, que eu fiz em Haja Coração, e que se manteve desde então. Ela é uma pessoa que participa das minhas dúvidas artísticas, que me aconselha sobre coisas da minha vida pessoal, e da mesma forma eu com ela. Somos amigos, somos conselheiros das carreiras de ambos. Então é muito bom a gente, nesses encontros de trabalho, poder ter pessoas que somam na nossa vida, né? E, claro, a gente ficou muito feliz, né? De estar gravando juntos novamente.

Claro que, em Haja Coração, houve algo que se chama sucesso. Sucesso é algo que não se explica. E a gente, em hipótese alguma, se cobrou em repetir ou reproduzir aquele sucesso que aconteceu. Porque foi um sucesso motivado pelo público, e o público tem suas razões. O público é soberano. Então, a gente trabalha, começa do zero com muita humildade. E, claro, a gente, como sempre, deu o sangue, com muita vontade e muita dedicação. Para que fosse um trabalho de coração com a alma, e que fosse bem aceito. É o que a gente faz a cada cena. A gente tem muita força de vontade e quer entregar o melhor trabalho. Mas a gente sabe que (Shirley e Felipe) o casal “Shirlipe” foi um casal extremamente amado. A gente tem muito respeito por tudo aquilo que aconteceu. Então a gente sabia que agora, “Brunela” seria uma outra história, com outras roupas, outras situações. Mas, obviamente, a gente queria muito que ele fosse tão bem aceito quanto e que tivesse um lugar no coração das pessoas.

Nos próximos capítulos de Salve-se Quem Puder, o público irá descobrir que o seu personagem tem dislexia. Como foi a pesquisa para compor esse drama do Bruno, que mexe com milhares de brasileiros?

Na verdade, isso me foi passado pelo Daniel Ortiz logo no primeiro momento. Assim que a gente conversou um pouco sobre a minha escalação da personagem. E, desde então, eu já tive suporte para estudar mais sobre o tema. Eu pesquisei muito sobre o assunto, porque a gente sabe que a função social da TV é informar e quebrar o preconceito e, de uma certa forma, ajudar. Não só as pessoas que sofrem disso, como as pessoas ao redor, né? Para saber como lidar com esse tipo de situação.

Desde o primeiro momento, eu estudei bastante sobre o tema, e tive toda a equipe de autores me dando suporte sobre esse transtorno. Eu tive o apoio do Presidente da Associação Nacional de Dislexia de São Paulo, um grande apoio. Todos os textos são supervisionados para que não exista nenhum tipo de furo, e para que essa história não sirva para que se crie uma ideia errada sobre o tema. Muito pelo contrário: o nosso objetivo é dar luz ao tema, que é um tema muito comum, e que aflige muitas crianças que estão no sistema educacional. E que é um transtorno que, se for bem assessorado, pode ter suas dificuldades superadas.

Em Haja Coração, o seu personagem protegia a personagem da Sabrina. Já desta vez, é o contrário. Como está sendo isso?

Desta vez teve uma troca, né? Em Haja Coração, o meu personagem é rico, a Shirley trabalhava pra ele e tinha uma deficiência física. Agora os valores se inverteram: o meu personagem Bruno que trabalha para Micaela. Ele tem um problema de aceitação E a Micaela, na verdade, dá um grande suporte emocional para ele promover a autoestima, estimulando a confiança nele e enxergando um potencial que as outras pessoas não enxergam, fazendo um paralelo muito legal com Haja Coração. Tá sendo muito interessante, por poder investigar lugares dramatúrgicos.

É muito bacana mostrar esse tipo de fragilidade, mas, ao mesmo tempo, mostrando uma força da personagem da Micaela. No momento que a gente fala muito sobre a força da mulher, não só em ambientes de trabalho, como dentro de casa, tá sendo muito bonito mostrá-la como o suporte emocional do relacionamento. E, para a gente, tá sendo um prazer, né? Sabrina é uma supermulher, uma supermãe, com ideias feministas. Para mim, é um grande prazer estar com ela e aprender diariamente com ela. É uma honra poder abordar esse tipo de assunto na TV.

Muita gente fala nas redes sociais que o Bruno é uma criança grande. Você percebe isso?

Investigando, fazendo a biografia do personagem, construindo essa gênese dele, a gente acaba criando histórias, né? E o fato de ele ter tido essa dislexia, apesar de não saber, ele sempre teve uma autoestima meio baixa. Ele sempre foi muito tímido, foi um cara mais recluso em comparação com o irmão dele, que era supersolar, superdescolado. Então ele acaba tendo outras cores, né? Até brinco que o Gael é verão, e o Bruno é mais inverno, é mais fechado. E ele tinha uma certa ingenuidade. Mas é muito bonito que a gente conseguiu desenhar ritos de passagem, porque a Micaela dá confiança para esse cara, dá confiança para o Bruno e enxerga potencial nele. Enfim, ela acaba estimulando esse desabrochar dele, sair desse casulo e se tornar um grande homem. Então, esse desenho, essa curva de personagem foi muito bacana de ser desenhada.

As pessoas vão poder perceber que tem uma sequência específica, quando a Micaela estimula o Bruno a voltar a trabalhar no restaurante, aí ele já volta como outro personagem, mais confiante, um pouco mais seguro de si. E aí eu já fiz um desenho, no meu trabalho como ator, uma composição diferente, desde posicionamento de corpo, na forma de colocar a voz, eu consegui fazer esse desenho. É muito bacana quando a gente tem a oportunidade de trabalhar dessa forma na TV, de conseguir construir esse tipo de desenho. Isso pra gente é um grande prazer, é um grande parque de diversões.

Como está sendo falar da dislexia, que tem a maior incidência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial?

Como eu te falei, eu tive um trabalho muito grande de pesquisa. A internet foi fundamental na minha pesquisa, porque existem muitos vídeos de portadores de dislexia falando sobre o assunto. É muito bonito ver pessoas que se aceitam como portadores de dislexia e apoiam outras pessoas que também tem o mesmo transtorno, desmistificando um pouco o tema. Eu acho que estão ajudando pessoas que talvez estejam passando pela mesma situação. E são pessoas extremamente talentosas, que criam alternativas para solucionar os problemas.

É tão bacana a gente poder falar isso num veículo tão popular, para justamente ajudar quem está passando por isso, para não se desestimular em relação à leitura, e que existem outras formas e mecanismos para se estimular a leitura. Não é todo mundo que tem acesso aos óculos que ajudam a leitura, mas existem métodos para você tem um tipo de memorização mais fácil. Eu sigo, por exemplo, nas redes sociais, perfis sobre dislexia que dão uma série de dicas do que fazer, de como se estimular a leitura.

Se você tiver algum portador de dislexia próximo de você, um parente, ou na sala de aula, e a importância dos professores, pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, de como fazer essa rede de apoio e ajudar cada vez mais crianças ou adultos que estejam passando por isso.

Você está tendo algum cuidado para não cair na caricatura?

No caso de dislexia, quando você pensa em caricatura, pensa em algo que é feito exagerando determinados características para se provocar o riso. Eu acho que isso é exatamente o que a gente não gostaria de ter em relação à dislexia, porque o nosso objetivo aqui não é estimular o preconceito. Muito pelo contrário, nosso objetivo aqui é levar luz ao tema e ajudar a quebrar o preconceito sobre o assunto e ajudar quem tá passando por isso, ajudar a rede de apoio de pessoas com que são próximas a quem sofre por esse transtorno. E, além do mais, ajudar as pessoas a diagnosticar, a como lidar com isso. E o fundamental, ajudar as pessoas a evitar o preconceito, e deixar de utilizar expressões que não são tão bacanas para quem sofre transtorno. Então, no meu trabalho, o objetivo nunca foi provocar o riso ou provocar uma caricatura em relação à dislexia.

Aí tem uma outra questão, em relação à caricatura, que é o trabalho na composição do ator na hora que ele tá criando um personagem. Existe o personagem de composição, e tem o naturalismo. Todo ator adora fazer um personagem de composição, que são tipos, jeitos e trejeitos, jeito de falar, enfim. Nesse caso específico, eu não tinha referências desse personagem. Buscava em séries, filmes, na minha memória de peças de teatro, eu não achava referência sobre esse personagem, sobre esse cara introspectivo que não foi tão bem-sucedido e que não teve tantas realizações. Eu achava coisas e nada estava suficientemente bom, e foi aí que me caiu a ficha de talvez, pela primeira vez, usar as minhas fraquezas, usar as minhas cicatrizes para compor um personagem. Então, por mais que não seja algo totalmente colado na minha realidade, é muito biográfico. Eu não tenho dislexia, não conhecia antes da minha pesquisa um portador de dislexia, mas eu acho que é um personagem que fala sobre aceitação. Fala sobre não se sentir dentro de um padrão.

Eu acho que é um personagem que eu decidi mostrar um pouco, ou utilizar um pouco esse lugar de expor as minhas fraquezas. A gente sempre trabalha utilizando o melhor, o nosso lado mais incrível, nosso lado mais bonito, o lado mais interessante. Desta vez, eu decidi usar as minhas fraquezas e o resultado foi muito interessante.

O que tem tirado você do sério?

Tem algumas coisas que me tiram bastante do sério, né? Acho que falta de empatia, falta de compaixão. A gente vive um momento agora, muito muito difícil, em relação ao coronavírus, sobre esse medo, esse pânico todo que tá acontecendo. Então, não tem como não dizer que esse medo do coronavírus também não acaba tirando o sono de todo mundo. Mas, enfim, eu acho que falta de gentileza, falta de educação, falta de compaixão, falta de respeito, de uma forma geral, em todos os graus, acho que acabam me tirando do sério.

Muita gente fala que você é uma das novas promessas de galã da TV Globo. Como você lida com esses rótulos?

Eu não sei quem falou, mas agradeço. Mas, de qualquer forma, eu acho que rótulos são limitantes, né? Eu acho que, como ator, o meu desejo, o meu sonho é ser um ator respeitado, que pode fazer personagens cada vez mais diferentes entre si, que eu tenha uma carreira longeva, que eu possa trabalhar com diferentes diretores, em diferentes veículos, que eu possa gravar cenas com atrizes e atores que eu sou fã, enfim, e poder viver da minha arte no país, que eu gostaria que respeitasse a arte como ela deve ser.

Como você lida com o passar do tempo?

Não adianta a gente ter o tempo como inimigo, porque não dá. Então, o que eu tento, sempre na minha filosofia, é ter hábitos saudáveis e que tragam uma vida com bastante longevidade e qualidade de vida. Ter bastante prática de amor, respeitar os outros, respeito consigo mesmo, eu acho que é o que eu pratico, e é o que eu pretendo praticar sempre.

Qual o seu maior sonho?

É a gente viver num país que respeita a cultura, que valoriza a arte, que a gente possa, cada vez mais, chegar com o nosso trabalho para as pessoas, pra gente utilizar a arte como uma fonte transformadora da sociedade, de uma forma positiva. Através das nossas histórias, a gente conseguir emocionar, informar, fazer pensar e quebrar preconceitos, né? Eu acho que, a partir do momento que o artista é valorizado em todos os veículos, em todas as áreas, artes plásticas, música, teatro, cinema, TV, streaming… Eu acho que esse é o meu grande sonho. A gente viver num país que enxerga a arte como ela deve ser enxergada.

O que podemos esperar dos próximos capítulos de Salve-se Quem Puder?

Eu também espero muita coisa, viu? Eu espero que o Bruno chegue ao coração das pessoas, que a gente consiga abordar esse tema da dislexia de uma forma bacana. Que sirva para ajudar a confortar um pouco as pessoas que passam por isso no seu dia a dia. Para levar a informação para as pessoas, e que a novela continue alto astral, leve, divertindo com as suas cenas românticas e bonitas. E que o público, cada vez mais, queira assistir, queira curtir e queira vibrar. Que a gente tenha uma jornada muito bonita e muito prazerosa!

*Entrevista realizada pelo jornalista André Romano

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