Entrevista

Bárbara Reis fala sobre Shirley, de Éramos Seis: “O lugar que acha que é dela”

Shirley regressa como antagonista

Publicado em 25/02/2020

A atriz Bárbara Reis se tornou um dos grandes destaques de Éramos Seis ao retornar como grande antagonista de Lola, interpretada por Gloria Pires. Shirley abandonou o marido no passado para viver com seu grande amor. No entanto, após a morte do ricaço, ela retornou a São Paulo para destruir o amor que existe entre a a protagonista e Afonso (Cássio Gabus Mendes).

Em entrevista ao Observatório da TV, a atriz conta detalhes do atual momento de sua personagem, a importância que Shirley tem para sua carreira e a repercussão das vilanias. Confira abaixo.

A novela está show.

Muita obrigada, realmente! Além de ser uma história muito bonita, bem escrita, um remake na sua quinta versão. E temos um elenco muito maravilhoso, que está dando o nome, fazendo jus aos atores que fizeram os outros personagens. Acho que isso é a razão de todo o sucesso.

Você havia dito que a Shirley ia voltar e bagunça a vida da dona Lola e do Afonso. E está acontecendo.

É, foi uma surpresa para mim também esse retorno dessa forma, eu imaginava até uma outra história para a Shirley. De repente, ela voltasse para recuperar, pedir perdão à filha, mas não foi só isso. Além disso, ele quer retomar o lugar que ela acha que é dela. Olha que loucura!

E você achou que ela ficou vilã? Você gostou dessa fase agora?

Ah, eu adorei, né? Para a Bárbara é maravilhoso isso, né? Eu, como atriz, poder… Ter saído na primeira fase e voltar na segunda fase repaginada, com essa roupagem de vilã. Para mim, é incrível. Se bem que a Shirley já tinha um pouquinho, esse dedo nessa vilania. Só que, ao mesmo tempo, eram meio que justificadas as ações dela. A gente conseguia entender por que ela era tinha essas ações. Eu costumo dizer que a Shirley era inconsequente. Apesar dela ter tomado as atitudes que teve, pensava que isso poderia acontecer, só que ela não ligava muito para a consequência, e fazia do mesmo jeito. Só que, agora, não. Agora, ela pensa exatamente no que ela quer, no que aquilo vai causar de problema, porque ela está, realmente, defendendo o dela. O amor que ela acha que sente pelo Afonso não é um amor pelo Afonso. Eu ressignifiquei. É o amor que ela sente pela sobrevivência dela. É mais isso.

É do bem-estar que ela está atrás mesmo?

É, de estar confortável, de ter uma família, de ter aquele modelo de família. O pai da filha, o marido e ela ali formando uma família, que na cabeça dela seria uma família feliz.

Como repercutiu a sua volta no público?

Olha, de início teve ‘que bom que a Shirley voltou’ até a página dois. Só, né? Porque ela já mostrou logo o que queria, a que veio… Quando percebeu que Lola e Afonso estavam ali – vamos dizer ao modo anos 1930 – estavam se engraçando, e quanto ao público que torce muito para o ‘Lolonso’ soube disso: ‘O que é isso? Essa mulher foi embora, abandonou o cara, foi embora com o amor da vida dele e, agora, que ele morreu, ela volta’. Ela volta querendo tomar o lugar que ela acha que é dela. Deu uma pausa, pausou… Ela volta e a história não vai ser continuada de onde parou, não. O público tem sentido bastante raiva dessa atitude, da sonsiane que ela voltou. Já querem dar um fim, querem que ela saia da casa do Afonso, que ela deixe o Afonso em paz, que o Afonso mande ela embora, quer que ela morra, ‘Quem tinha que morrer não era o Carlos, era ela’, coisas assim, daí para baixo.

Qual fim você daria para a Shirley?

Olha, eu acredito nas pessoas, acredito na regeneração das pessoas através de qualquer coisa que a pessoa acredite. De repente, uma religião, uma meditação ou mesmo por ter caído na consciência de que não precisava ter feito tudo isso. Eu queria que ela pudesse se redimir, ver que, realmente, não tem nada a ver com o Afonso, um casal improvável. A gente só tem uma filha juntos. Vamos tentar conviver da melhor forma possível, mas separados. Eu não sei se acredito que ela se abriria para uma nova pessoa. Eu acho que, na cabeça dela, isso não seria possível. Mas se pudesse, quem sabe? De repente, encontrar um novo amor, uma outra pessoa. Mas como ela é uma vilã, vilã acho que acaba sempre ou indo para a forca ou terminando de uma forma terrível. Mas eu queria que ela terminasse de uma forma branda e se arrependesse do que ela fez.

Você acha que ela pode mudar porque nos próximos capítulos o Afonso descobre um problema de saúde? Tudo justifica o que ela fez?

Eu não acho que tudo justifica, imagina. Se ela está vendo que não tem espaço ali, porque vai ficar querendo cavar para ficar com uma pessoa que ela sabe que está dando todos os sinais de que não gosta dela. O humilhou no passado, foi embora, fez ele ter um sofrimento gigantesco, que foi tirar filha dele, entendeu? Não acho que justifica, acho que ela tem que colher, sim, os frutos disso. Que, colhendo os frutos disso, ela, realmente, se arrependa. Eu acredito que ela vá ficar perto dele justamente para a Lola não ficar perto. ‘Espera aí que esse momento é de família’, como leoa. Ela vai fazer de tudo para manter a Lola o mais longe possível desse momento. Então, ela vai dominar esse momento, sim.

Ela vai ter mais proximidade com a filha?

Esse momento, a gente não sabe. O que eu acho, pelo histórico da Shirley, ela vai reprovar, eu escreveria que ela reprovaria isso. Tem o exemplo dela, que ela ficou grávida de um cara, mas não era o irmão do ex-namorado. Eu acho que ela reprova essa relação da Inês com o irmão [do ex] na guerra. E ainda engravida. Tem cenas que ela fala sobre a moral e os bons costumes, que pegou no pé da filha, quando ela era criança, para não ficar perdida, educá-la como uma menina deveria se portar. Então, eu acho que ela reprovaria, sim, até para poder conversar com a vilania dela. Então, não ficaria do lado da Inês, não.

Bárbara, você sempre foi muito elogiada pela imprensa especializada. Como está sendo a repercussão desse seu trabalho?

Eu vejo o meu trabalho como algo que sempre me pertenceu. Não foi uma coisa que eu fui na onda porque era moda. É uma coisa que eu faço desde criança. Eu acho que esse reconhecimento nada mais é do que fruto do meu trabalho, do que eu venho fazendo desde criança, desde que eu me dei por mim. Eu não prestei vestibular, porque eu sabia que eu iria fazer teatro. Também nem pensava em fazer televisão. Televisão é uma consequência para você abranger e atingir mais pessoas. Então, eu acho que acaba sendo uma coisa natural. Procuro manter meu pé no chão, eu tenho até uma fotinho no meu celular, sou eu criança, que faz parte também disso, que é para sempre eu me lembrar de quem eu sou, de onde eu vim, que eu sou um jovem do Méier, cresci no Méier, estudei no bairro do Cachambi, joguei bola na rua, taco.

Andou de trem cheio?

Trem vou dizer que não, andei de metrô, ônibus. Se tiver que andar agora, eu vou andar tranquilo, não tenho nenhum problema com isso. Não venho trabalhar arrumada, eu vim para trabalhar, entendeu? Porque eu sei que aqui eu vou me produzir de outra coisa, então…

A família recebeu bem?

Recebeu superbem, sempre me apoiaram, investiram em mim, porque tem que pagar, os cursos são caríssimos. Meu curso de formação era caríssimo para a época. Hoje você tem que valorar quanto custa. Mas sempre me apoiaram, acreditaram em mim. Isso faz muita diferença. Quando tem alguém da família que coloca para trás, você não se impulsiona. Mas antes dele eu tinha confiança de que eu poder trabalhar e viver disso. Também não é coisa que eu me sinta confortável, tipo assim ‘Estou com o jogo ganho’. Não. O cara trabalha, eu trabalho. Eu vou terminar o trabalho, aqui, agora. Não é começar do zero. Mas eu tenho que bater nas portas de novo. ‘E aí? Estou disponível. O que tem? Pensa em mim’. É isso, sabe? Eu não fico aguardando, esperando as coisas acontecerem. Mas, graças a Deus, tudo tem acontecido em um fluxo bem legal, como se fosse step by step [passo a passo], então…

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