Éramos Seis

Simone Spoladore conta detalhes da segunda fase de Clotilde em Éramos Seis e revela conversa com Jussara Freire: “Foi muito lindo”

A atriz está bastante animada com o futuro da personagem

Publicado em 04/11/2019

De volta para a TV Globo após treze anos, a atriz Simone Spoladore vive Clotilde na nova versão de Éramos Seis. Irmã de Lola (Gloria Pires) e Olga (Maria Eduarda de Carvalho), a personagem é uma mulher rígida e exigente consigo mesma, além de ser bastante carinhosa com os sobrinhos, filhos de Lola.

Em conversa com o Observatório da Televisão, a atriz falou sobre como está sendo a repercussão da personagem, o início da segunda fase da trama e também revelou como foi seu contato com Jussara Freire, que interpretou Clotilde na versão de 1994 da trama.

Como está sendo a sua volta para a TV Globo?

“Está sendo muito legal, faziam treze anos que eu não trabalhava aqui e é muito bom voltar madura. Revisitar esse espaço, eu acho que foi um dos grandes motivos que eu tive vontade de fazer essa novela. Para ver como eu estou diferente, como o espaço está diferente e descobrir como seria.”

Construção da personagem

Como você construiu a sua personagem?

“Primeiro tem uma coisa do livro, a Clotilde do livro é uma personagem que na minha opinião é quase oriental. Ela tem uma sabedoria interior e gosta muito das coisas simples da vida, eu sentia isso lendo o livro. Ela não encontra nenhum amor no livro, então ela tem uma felicidade plena, uma plenitude que ela encontrou na vida dela e você vê que ela é uma pessoa feliz sem nunca ter vivido um amor.

Antes de eu ser convidada para fazer esse papel, eu tinha visto um filme japonês e é um filme muito bonito. Tem uma menina muito bonita que ela não quer casar e o pai teve que fazer um artificio para ela casar. Ela tinha uma coisa muito solar, muito bonita e eu pensei em fazer uma Clotilde assim, ela é feliz com a vida dela e tem a uma plenitude.

Para mim a Clotilde, apesar da timidez, é cheia de vida e esse encontro com o Almeida vai revelar uma outra Clotilde para ela mesma. Só que ela morre de medo, como a gente também sente, temos medo de se entregar para o amor. E o grande aprendizado dela nessa novela é o amor, porque como amar? Ela vai ter que sair desse lugar ideal, o amor não é ideal e a gente sabe disso e eu acho que ela vai sair desse amor idealizado para um amor real.”

Repercussão

O que você tem ouvido sobre a personagem?

“Olha, eu escutei que as pessoas estão gostando, que ela é doce e eu estou muito feliz. Porque eu já tenho uma experiência de vida, de cena, já fiz muitos personagem e eu humildemente confesso que fico muito surpresa de ainda ter essa ingenuidade para oferecer a um papel. A gente tem essas coisas dentro da gente e isso que é muito intenso, temos essas coisas que a gente não perde nunca.”

Ela foi pedida em casamento e ainda não aceitou, mas vai ter muita coisa boa para acontecer ainda, né?

“Sim, vai ter muita coisa, mas eu ainda não posso contar. A gente construiu uma atmosfera e eu sinto uma emoção muito grande quando eu olho nos olhos do Ricardo (Almeida). Antes dela encontrar o Almeida, eu acho que ela está em um momento de raiva, talvez, do mundo. Ela não colocou para fora aquela ebulição, está com tudo guardado dentro dela, mas ela vai tomar coragem de ir para São Paulo e aí vê o Bento.”

Novo momento

Você acha que vai ser fácil? Porque ele vai estar com outra pessoa.

“Não vai ser fácil e acho interessante que ela vai ter que lidar com a moral dele de novo, por ele estar com outra pessoa. Eu acho que ela vai ter que superar essa moral e isso vai ser legal de ver, ela se transformando, vendo outra visão de mundo.”

Você chegou a pensar que havia perdido essa pureza?

“Às vezes a gente se sente perdido na vida e você se desconecta um pouco de você mesmo, talvez e é bom poder resgatar isso. É bom fazer esse trabalho que eu tenho feito, eu estou fazendo análise há quatro anos e está sendo muito bom para mim. Eu acho que é por causa desse trabalho que eu posso fazer a Clotilde desse jeito, porque tem uma coisa que eu resgatei minha.

É muito gostoso de fazer a personagem assim, não que ela não vá se transformar durante a novela, porque a personagem vai ter variações. Mas eu acho que é gostoso fazer ela desse jeito.”

O público já comprou muito esse casal e como você acha que vai ser isso ou como o público vai ver esse casal?

“Eu estou bem curiosa, porque vai começar acontecer esses encontros entre eles e eu ainda não sei como a autora vai fazer isso, com essa outra mulher. Eu ainda não li e estou bem curiosa também, mas eu queria que ela descobrisse uma coisa que ela gostasse de fazer também, não só descobrir e aprender a amar o Almeida, mas alguma coisa que ela gostasse de fazer para ela. Mas eu não sei se isso vai acontecer.”

Bela, a Feia

Como você viu esse sucesso da reprise de Bela, a Feia?

“Eu adorei fazer aquele papel, porque eu poderia rir de mim mesmo fazendo aquilo. Ela era muito debochada e caricata, foi maravilhoso, libertador. Foi em 2008 e eu acho muito legal esse contraste entre a Verônica e a Clotilde, além da personagem que eu fiz também em Magnifica 70, que é uma atriz de Pornochanchada.”

Você está em um núcleo que as pessoas falam muito. A Clotilde rouba a cena no silêncio e nos gestos, teve uma cena que só no seu olhar a gente percebe muita coisa da personagem. Como você vê essa questão de no silêncio fazer o público gostar da personagem?

“Eu tenho muita coisa para falar sobre isso. O primeiro filme que eu fiz, eu não falava uma palavra e eu acho que isso foi uma ferramenta muito grande para o meu trabalho no cinema. Foi como se ali eu tivesse começado no cinema mudo, eu aprendi a usar meus olhos, o corpo e a dança.

Eu acho que isso é uma coisa que eu trago comigo como um aprendizado, como uma riqueza. O trabalho no cinema você vai pegar personagens que falam muito e que são interessantes também, eu acho que esse trabalho está muito no silêncio do ator. Eu acho que o silêncio revela coisas do personagem, que a fala não revela ou às vezes a gente até está pensando uma coisa e falando outra.

O trabalho do silêncio faz muito essa complexidade do personagem e no caso da Clotilde uma delicadeza, porque o silêncio dela é delicado.”

Você assistiu a versão de 1994 de Éramos Seis?

“Muito pouquinho, eu não assisti no começo antes de começar a novela, aí depois que foi começar já me deu vontade de ver a Jussara (Freire). Isso foi legal porque na segunda fase da Clotilde eu peguei um pouquinho da Jussara, porque ela faz mais concreta, menos delicadinha no começo. Na segunda fase da Clotilde eu gostei daquilo, vamos ver o que ela vai achar, porque ela tem uma transformação.”

Você encontrou a Jussara Freire ou conversou com ela?

“Encontrei aqui no Projac, sem querer um dia e aí ela me abraçou e falou: ‘Está coroada a Clotilde’. Foi muito lindo, porque foi sem marcar.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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